Por Antonio Rios*
Em outubro de 2015
Maurício de Souza, antológico escritor de histórias em quadrinhos, merece todas as homenagens que está recebendo em 2015 pelos seus 80 anos. Desde que começou a produzir seus gibis e, depois, livros, ele influenciou de modo muito positivo a vida de milhões de brasileiros. A grande maioria daqueles que, quando crianças, vivenciaram suas histórias sentiu-se parte da "Turma da Mônica", aprendeu a interagir com a menina inteligente e impetuosa, Cebolinha, Cascão, Magali e companhia e, com eles, interessou-se pela leitura.
Nada há de mais eficaz para transformar a vida das pessoas do que o conhecimento, que tem nos livros a sua maior mídia. Daí, a importância de se despertar desde a infância o gosto pela leitura, fator que evidencia o mérito de Maurício de Souza e tantos outros escritores dedicados à literatura e aos quadrinhos dirigidos ao público infantojuvenil. Além de contribuir para que as crianças tornem-se leitores perenes, os livros exercem influência na sua formação cognitiva. Recorrendo a conteúdos acadêmicos, encontrei quatro depoimentos interessantes sobre o tema.
Marisa Lajolo, escritora, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo e pós-doutorada pela Brown University (EUA), observa o seguinte: “A leitura na infância contribui muito para o desenvolvimento do pensamento, linguagem, percepção, memória, raciocínio e criatividade. Portanto, crianças leitoras também tendem a obter melhor desempenho escolar e boa formação intelectual”.
Ilan Brenman, escritor e doutor pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, diz que o hábito da leitura na infância ajuda a despertar o senso crítico, além de auxiliar no aprendizado. “A base do pensamento é a linguagem, e a literatura fornece à criança alimentos primordiais para seu desenvolvimento: palavras significantes e imaginação”.
Flávia Côrtes, escritora e especialista em literatura infantil e juvenil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, salienta que a criança adquire mais facilmente o conhecimento, além de se comunicar melhor. “A leitura em geral faz o indivíduo crescer, experimentar mundos novos, sensações e sentimentos”.
Lia Cupertino Duarte, doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, enfatiza que “a leitura de literatura infantil, mesmo para não alfabetizados, é um caminho que leva a pessoa a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos. E isso ocorre de maneira prazerosa e significativa”.
Percebe-se que para as crianças, cujo pensamento é indomado e não tem os mesmos limites impostos pela maturidade, os livros representam um infinito universo multidimensional: ensinam, educam, estimulam a criatividade, entretêm, emocionam, divertem e permitem vivenciar experiências como se fossem reais. Por isso, são importantes os autores que, como Maurício de Souza, escrevem para esse público tão especial.
*Antonio Rios, economista, é o diretor-superintendente da FTD Educação
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
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