Por: Luiz Gonzaga Bertelli*
O Brasil é um país miscigenado, fruto da intensa mistura de raças e culturas que ocuparam nos oito milhões de quilômetros quadrados do território nacional nesses pouco mais de 500 anos de história. Brancos europeus, vermelhos indígenas e negros africanos, devidamente rotulados, deram origem a outras categorias como o mulato, o mameluco e o caboclo. De uns tempos para cá, passou-se a convencionar três tipos étnicos que formam a população brasileira: os brancos, os pardos e os negros.
Como se sabe, os antepassados dos negros chegaram ao país em navios, como escravos trazidos da África, para trabalhar nas usinas de produção de açúcar, em meados do século XVI. Essa perversidade que mancha parte da história brasileira na Colônia e no Império, durou vários séculos até a abolição da escravatura, com o advento da Lei Áurea, assinada em 1888, pela princesa Isabel. O legado cruel da escravidão, no entanto, permanece até hoje. São os números que comprovam isso.
A população negra ganha menos, de acordo com dados do Seade, divulgados na semana passada, válidos para 2014 na região metropolitana de São Paulo. No ano passado, o salário médio por hora dos negros era de R$ 8,79, representando 63,7% do que era recebido por não negros, o equivalente a R$ 13,80. Apesar disso, segundo a pesquisa, a participação do negro no mercado de trabalho aumentou em 2014, passando de 35,2% para 37,9%. Em relação a aumento de salário, os negros também foram mais prejudicados. Entre 2013 e 2014, o rendimento ficou praticamente estável, subindo apenas 0,3%, enquanto os não negros aumentou 2,9%.
É verdade que nos últimos anos o quadro da desigualdade racial vem apresentando melhora, mas em ritmo ainda bastante lento. Isso pode ser percebido na taxa de desemprego, que continua maior entre os negros, mas a diferença vem diminuindo a cada ano. Entre 2013 e 2014, o índice ficou estável em 12% para a população negra, ante 9,4% a 10,1% para os não negros. Em 2002, por exemplo, a diferença chegava a mais de 7 pontos percentuais.
Nesta semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra, os dados revelam que ainda há muito que fazer para a diminuição das desigualdades étnico-raciais. A contribuição do negro africano para a cultura brasileira – seja na música, na religiosidade, na culinária, na dança – está presente em cada canto do país. É preciso sanar de vez a discriminação silenciosa e dar oportunidades iguais a todos, acabando, definitivamente, com mazelas deixadas pela escravidão.
*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História (APH).
O Brasil é um país miscigenado, fruto da intensa mistura de raças e culturas que ocuparam nos oito milhões de quilômetros quadrados do território nacional nesses pouco mais de 500 anos de história. Brancos europeus, vermelhos indígenas e negros africanos, devidamente rotulados, deram origem a outras categorias como o mulato, o mameluco e o caboclo. De uns tempos para cá, passou-se a convencionar três tipos étnicos que formam a população brasileira: os brancos, os pardos e os negros.
Como se sabe, os antepassados dos negros chegaram ao país em navios, como escravos trazidos da África, para trabalhar nas usinas de produção de açúcar, em meados do século XVI. Essa perversidade que mancha parte da história brasileira na Colônia e no Império, durou vários séculos até a abolição da escravatura, com o advento da Lei Áurea, assinada em 1888, pela princesa Isabel. O legado cruel da escravidão, no entanto, permanece até hoje. São os números que comprovam isso.
A população negra ganha menos, de acordo com dados do Seade, divulgados na semana passada, válidos para 2014 na região metropolitana de São Paulo. No ano passado, o salário médio por hora dos negros era de R$ 8,79, representando 63,7% do que era recebido por não negros, o equivalente a R$ 13,80. Apesar disso, segundo a pesquisa, a participação do negro no mercado de trabalho aumentou em 2014, passando de 35,2% para 37,9%. Em relação a aumento de salário, os negros também foram mais prejudicados. Entre 2013 e 2014, o rendimento ficou praticamente estável, subindo apenas 0,3%, enquanto os não negros aumentou 2,9%.
É verdade que nos últimos anos o quadro da desigualdade racial vem apresentando melhora, mas em ritmo ainda bastante lento. Isso pode ser percebido na taxa de desemprego, que continua maior entre os negros, mas a diferença vem diminuindo a cada ano. Entre 2013 e 2014, o índice ficou estável em 12% para a população negra, ante 9,4% a 10,1% para os não negros. Em 2002, por exemplo, a diferença chegava a mais de 7 pontos percentuais.
Nesta semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra, os dados revelam que ainda há muito que fazer para a diminuição das desigualdades étnico-raciais. A contribuição do negro africano para a cultura brasileira – seja na música, na religiosidade, na culinária, na dança – está presente em cada canto do país. É preciso sanar de vez a discriminação silenciosa e dar oportunidades iguais a todos, acabando, definitivamente, com mazelas deixadas pela escravidão.
*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História (APH).
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