Na atração, que tem como entrevistadores convidados o jornalista Robson Borges e o ator e produtor José Roberto Simões, o ator Antonio Fagundes, aos 66 anos, conta passagens dos seus 50 anos de carreira. Dos cerca 125 trabalhos realizados, muitos marcaram a história do teatro, televisão e cinema.
Fagundes fala que seu primeiro espetáculo foi "A Ceia dos Cardeais", de Júlio Dantas, no Colégio Rio Branco.
Ficou tão empolgado com o resultado que montou um grupo de teatro no colégio e chamou para dirigir Afonso Gentil, que resultou na montagem de "Os Fuzis da Senhora Carrar", de Bertold Brecht.
O ator conta que sua estreia profissional foi no Teatro de Arena, no espetáculo "Farsa com Cangaceiro Truco e Padre", de Chico de Assis e com direção de Afonso Gentil. “Foi uma fase muito rica. O Gentil me deu uma base importante para meu fazer teatral. Nunca esqueci a herança que ele me deixou”.
No Teatro de Arena, trabalhou com Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri, Paulo José, entre outros, e participou de montagens históricas como "Arena Conta Tiradentes" e "A Resistível Ascensão de Arturo Ui". Ele revela que sempre quis fazer televisão. Mas o fato não era bem visto pelos seus companheiros do Teatro de Arena, que tinham uma posição mais engajada no teatro, voltada para a análise e discussão da realidade brasileira. “Fazer televisão naquela época era quase uma afronta”, explica.
O artista relembra que sua primeira experiência na televisão foi na TV Cultura, com direção de Alfredo Mesquita, em 1969, em "A Sopa". Na Tupi, trabalhou em alguns capítulos de "Antônio Maria" (1968). Participou ainda da primeira versão de "Mulheres de Areia" (1972), de Ivani Ribeiro, e interpretou o seu primeiro protagonista em "O Machão", da mesma autora, inspirada na peça "A Megera Domada", de Shakespeare.
Sobre sua fase na TV Cultura, conta que fez inúmeros teleteatros sob a batuta de diretores consagrados, dentre eles Antunes Filho e Antônio Abujamra. Também relembra o "Mundo da Lua" e o "É Proibido Colar". “Eu sempre gostei de trabalhar na TV Cultura. Fiz muitos teleteatros com excelentes diretores e ótimos textos. O teleteatro é importante por que dá possibilidade de testar novos atores”. Na TV Globo desde 1976, trabalhou em mais de 40 tramas da emissora, entre novelas, séries, minisséries e projetos especiais.
Criou personagens memoráveis que entraram para a história da televisão brasileira, como o inseguro Cacá, de "Dancin' Days"; Bruno Mezenga, em "O Rei do Gado"; e o Pedro, de "Carga Pesada". Na sua trajetória teatral, Fagundes realizou um dos maiores feitos do teatro brasileiro: a "Companhia Estável de Repertório" (CER), que durante 10 anos produziu grandes espetáculos que conquistaram o público e a crítica, além de diversos prêmios.
No "Persona em Foco", o artista explica que o primeiro espetáculo da companhia foi "O Homem Elefante", de Bernard Pomerance, com direção de Paulo Autran. E que a companhia realizou dez espetáculos, incluindo "Morte Acidental de um Anarquista", de Dario Fo; "Xandú Quaresma", de Chico de Assis; e "Cyrano de Bergerac", de Edmond Rostand, que lhe rendeu o Prêmio Moliere de melhor ator. “Foi um projeto de fôlego, que contava com 36 atores, 24 técnicos e 15 pessoas no escritório. A companhia tinha um jornal que informava sobre os espetáculos. Era um movimento intenso no Teatro Cultura Artística. A companhia estaria em atividade até hoje se não fosse as politicas econômicas do país, que nos fizeram fechar as portas”, explica.
O programa conta com depoimentos de amigos e profissionais, como Suzy Rego, Lucia Capuani, Walter Breda, Ulysses Cruz e Afonso Gentil.
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