terça-feira, 13 de outubro de 2015

.: Stênio Garcia é o convidado do Persona em Foco

Ator recorda o assassinato da atriz Daniella Perez, quando atuava com ela na novela De Corpo e Alma, e lamenta não ter percebido os sinais durante a gravação


O ator Stênio Garcia é o próximo convidado do Persona Em Foco, que será exibido terça-feira, dia 13 de outubro, às 23h30, na TV Cultura. A apresentação é de Atílio Bari.

Aos 83 anos, Stênio já atuou em cerca de 120 trabalhos, incluindo teatro, cinema e televisão. São histórias de 60 anos de carreira que o ator tem para contar ao lado dos entrevistadores, a diretora Luciana Capuani e o ator Luiz Serra.

Stênio Garcia Faro nasceu em  Mimoso do Sul, no Espírito Santo, mas foi no Rio de Janeiro que teve contato com o teatro. “Eu sempre ia assistir aos ensaios da minha namorada”. E quando recebeu um convite para participar do grupo, respondeu com muito humor: ”Eu não sou artista, não. Eu sou é homem”, relembra aos risos.

Formado no Conservatório Nacional de Teatro, no Rio de Janeiro,  foi estagiar  na companhia de teatro Cacilda Becker. O ator lembra como conheceu sua primeira esposa, a atriz Cleyde Yaconis, e também de sua primeira peça profissional, quando interpretou o filho de Cacilda Becker em Os Perigos da Pureza, dirigida por Ziembinki. 
   
De sua trajetória no Teatro Brasileiro de Comédia, Stênio conta que atuou em mais de 15 espetáculos consagrados, sob a batuta de Antunes Filho, Ziembinski, Alberto D'Aversa e Flávio Rangel. Dessa época, entre 1963/1964, ele ressalta o espetáculo de despedida da companhia, Vereda da Salvação, de Jorge Andrade, no qual fez o papel de Geraldo e também trabalhou com o assistente de Antunes Filho. Nessa peça, foi responsável pela preparação dos atores, causando uma revolução no meio teatral. Mas, um dos pontos altos de sua carreira está nítido na memória. Foi em 1971, quando protagonizou Peer Gynt, de Henrik Ibsen, mais uma vez sob a direção de Antunes. Seu desempenho lhe valeu o Prêmio Molière.

Ao longo de sua carreira, Stênio Garcia criou mais de 200 personagens. O ator revela que até hoje faz regularmente exercícios para a voz. “A técnica é tudo que aprendemos com a  execução de exercícios exteriores. A emoção é o que vem naturalmente...”.

Ele fala de sua migração para a televisão, onde realizou 47 novelas, e relembra personagens marcantes como Zé do Araguaia, de O Rei do Gado; Tio Ali, de  O Clone; e, claro, do Bino, de Carga Pesada.

Durante o programa, o ator recorda uma tragédia que chocou o país, quando atuava na novela De Corpo e Alma, ao lado da atriz Daniella Perez, filha da autora Glória Perez. Ela foi assassinada pelo seu colega de cena, o ator Guilherme de Pádua, e por sua esposa, Paula Thomaz, numa emboscada em uma avenida no Rio de Janeiro. Stênio lamenta não ter percebido alguns sinais antes de acontecer esse triste episódio. 

“Eu fiz a última cena com a Daniella e esse rapaz [Guilherme de Pádua] estava na cena também. Eu me lembro que ele tropeçou duas vezes. O diretor queria que eu ficasse junto com a Daniella, e o Guilherme sai de cena brigando com ela. Ele tropeçou e quase jogou a menina no chão. Eu falei ‘opa, por que isso?’ Da outra vez, ele repetiu a mesma cena e ia fazer igual, mas eu coloquei o pé na frente e ele parou. Seu eu tivesse percebido esses sinais, teria previsto alguma coisa. Mas, infelizmente você acha que é uma coincidência."

O programa conta com depoimentos de artistas e profissionais como Aracy Balabanian, Antunes Filho, Maria Isabel de Lizandra, Arlete Montenegro, Antônio Fagundes, Hector Babenco e Letícia Sabatella. 

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