"Perdi vinte em vinte e nove amizades/ por conta de uma pedra em minhas mãos”, rezam os versos iniciais do álbum "O Descobrimento do Brasil", lançado pela Legião Urbana em novembro de 1993. Menos de seis meses antes, em abril do mesmo ano, Renato Russo dava entrada na clínica de reabilitação Vila Serena, no Rio de Janeiro, não só para se desvencilhar do álcool e das drogas, como também para mergulhar numa reflexão profunda sobre sua vida.
Os vinte e nove dias que o músico passou ali internado o marcariam profundamente, tanto em sua trajetória pessoal quanto em sua produção artística, conforme revelam as várias letras subsequentes que, a exemplo de “Vinte e nove”, se referem a essa experiência radical de reclusão.
Perfeccionista e exigente em todas as etapas de seu processo criativo, da composição à execução diante do público, o homem que estava à frente da Legião Urbana, encarou com a mesma obstinação o "Programa dos Doze Passos" oferecido pela clínica, seguindo à risca os exercícios terapêuticos de escrita propostos.
É esse material inédito que vem à tona depois de mais de 20 anos em "Só Por Hoje e Para Sempre", livro lançado pela Companhia das Letras, atendendo ao desejo do autor de ter sua obra publicada postumamente. Entremeando as memórias de Renato com passagens de autoanálise e um olhar esperançoso para o futuro, esse relato oferece a seus fãs, além de valioso documento histórico, um contato íntimo com o artista e um exemplo decisivo de superação.
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