Do sertão da Bahia para membro da ABL, das redações dos jornais para escritor de romance Ariana. Autores falam a partir de suas próprias histórias de Gentes Brasileiras
A mesa literária de abertura da Flica trouxe a temática Gentes Brasileiras. Antônio Torres, membro da Academia Brasileira de Letras, autor do premiado romance Essa Terra e homenageado dessa edição, sentou-se ao lado do escritor Igor Gielow, experiente jornalista na cobertura dos conflitos no Oriente Médio e autor do romance Ariana.
Jorge Portugal, com muito carisma, comandou a conversa em clima de bate-papo. Para falar de gentes, no plural não apenas pela quantidade, mas também pela diversidade, o mediador optou por iniciar o diálogo instigando os autores a falarem dos caminhos que os levaram à literatura.
Antônio Torres rememorou sua trajetória a partir da infância. No sertão da Bahia, em um “mundo” agrário e ágrafo, foi a professora Serafina do colégio “risonho e cantante” que despertou a vocação em Torres ao pedir para que lesse, no dia da Independência, um poema. “Aquilo foi a minha bênção e a minha desgraça, porque saí pelo mundo querendo ser Castro Alves. Querendo escrever bonito, mesmo que ninguém entendesse”.
Tempos depois, foi a professora Tereza, ao pedir que escrevesse um texto sobre a chuva, que consolidou sua principal escolha da vida. “Dona Serafina era da poesia. Dona Teresa da prosa. Certo dia, ao pedir que escrevesse sobre a chuva no sertão da Bahia, tive de exercer minha imaginação como nunca antes. Ao nascer em um lugar com quase nada, passei a escrever para inventar. Tornei-me ficcionista”.
Filho de funcionários públicos, Igor Gielow quis ser historiador, quando menino, por acreditar que historiadores contavam histórias. Tornou-se jornalista ainda querendo ser historiador e o escritor nasceu apenas 25 anos depois. “Num dado momento, percebi que havia alguma coisa em mim que queria trazer a fantasia para a realidade sobre a qual escrevia diariamente. A literatura foi, então, o caminho natural”.
Como “gentes” e “tempos” caminham juntos, a conversa tomou esse rumo a partir da fala de Antônio Torres sobre o ofício do escritor. A despreocupação com a linguagem, segundo Torres, é reflexo de nossos tempos. “Vivemos a era da superficialidade, do compartilhamento de opiniões muito rápidas e muito fortes. Estamos perdendo a qualidade do debate público. Eventos como esse são formas de combater a superficialidade, importantes para não perdermos a herança literária do País”, corroborou Igor.
Para Antônio Torres, a literatura que acompanha as movimentações temporais humanas reflete o vazio do nosso tempo, resultado do fim das utopias. “Já que não existe um projeto coletivo, nada em que o ser humano possa se engajar, passa valer a salvação individual. Por isso os livros de autoajuda fazem tanto sucesso”.
Em seu depoimento final, Igor Gielow sugere a cura: “Leiam. Ler é a mais poderosa arma contra a superficialidade”. De forma descontraída, Antônio Torres acatou a sugestão e terminou a conversa lendo trecho de um de seus livros.
Ao término da mesa literária Gentes Brasileiras, os autores seguiram para a sessão de autógrafos. Igor Gielow autografou seu romance Ariana, pela editora Record e Antônio Torres muitos de seus títulos pela mesma editora, com destaque para o romance mais premiado Essa Terra.
Lembrando que o Governo do Estado da Bahia apresenta a Flica 2015 e o projeto tem patrocínio da Coelba, da Oi e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e apoio cultural da Oi Futuro, da Prefeitura Municipal de Cachoeira, do Sebrae, da Odebrecht e da Caixa Econômica Federal. Um evento realizado pela iContent e Cali.
Confira a programação da Flica no site: www.flica.com.br
Evento: Festa Literária Internacional de Cachoeira – Flica
Data: 14 a 18 de outubro de 2015
Local: Município de Cachoeira, a 110 km de Salvador
Entrada gratuita
A mesa literária de abertura da Flica trouxe a temática Gentes Brasileiras. Antônio Torres, membro da Academia Brasileira de Letras, autor do premiado romance Essa Terra e homenageado dessa edição, sentou-se ao lado do escritor Igor Gielow, experiente jornalista na cobertura dos conflitos no Oriente Médio e autor do romance Ariana.
Jorge Portugal, com muito carisma, comandou a conversa em clima de bate-papo. Para falar de gentes, no plural não apenas pela quantidade, mas também pela diversidade, o mediador optou por iniciar o diálogo instigando os autores a falarem dos caminhos que os levaram à literatura.
Antônio Torres rememorou sua trajetória a partir da infância. No sertão da Bahia, em um “mundo” agrário e ágrafo, foi a professora Serafina do colégio “risonho e cantante” que despertou a vocação em Torres ao pedir para que lesse, no dia da Independência, um poema. “Aquilo foi a minha bênção e a minha desgraça, porque saí pelo mundo querendo ser Castro Alves. Querendo escrever bonito, mesmo que ninguém entendesse”.
Tempos depois, foi a professora Tereza, ao pedir que escrevesse um texto sobre a chuva, que consolidou sua principal escolha da vida. “Dona Serafina era da poesia. Dona Teresa da prosa. Certo dia, ao pedir que escrevesse sobre a chuva no sertão da Bahia, tive de exercer minha imaginação como nunca antes. Ao nascer em um lugar com quase nada, passei a escrever para inventar. Tornei-me ficcionista”.
Filho de funcionários públicos, Igor Gielow quis ser historiador, quando menino, por acreditar que historiadores contavam histórias. Tornou-se jornalista ainda querendo ser historiador e o escritor nasceu apenas 25 anos depois. “Num dado momento, percebi que havia alguma coisa em mim que queria trazer a fantasia para a realidade sobre a qual escrevia diariamente. A literatura foi, então, o caminho natural”.
Como “gentes” e “tempos” caminham juntos, a conversa tomou esse rumo a partir da fala de Antônio Torres sobre o ofício do escritor. A despreocupação com a linguagem, segundo Torres, é reflexo de nossos tempos. “Vivemos a era da superficialidade, do compartilhamento de opiniões muito rápidas e muito fortes. Estamos perdendo a qualidade do debate público. Eventos como esse são formas de combater a superficialidade, importantes para não perdermos a herança literária do País”, corroborou Igor.
Para Antônio Torres, a literatura que acompanha as movimentações temporais humanas reflete o vazio do nosso tempo, resultado do fim das utopias. “Já que não existe um projeto coletivo, nada em que o ser humano possa se engajar, passa valer a salvação individual. Por isso os livros de autoajuda fazem tanto sucesso”.
Em seu depoimento final, Igor Gielow sugere a cura: “Leiam. Ler é a mais poderosa arma contra a superficialidade”. De forma descontraída, Antônio Torres acatou a sugestão e terminou a conversa lendo trecho de um de seus livros.
Ao término da mesa literária Gentes Brasileiras, os autores seguiram para a sessão de autógrafos. Igor Gielow autografou seu romance Ariana, pela editora Record e Antônio Torres muitos de seus títulos pela mesma editora, com destaque para o romance mais premiado Essa Terra.
Lembrando que o Governo do Estado da Bahia apresenta a Flica 2015 e o projeto tem patrocínio da Coelba, da Oi e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e apoio cultural da Oi Futuro, da Prefeitura Municipal de Cachoeira, do Sebrae, da Odebrecht e da Caixa Econômica Federal. Um evento realizado pela iContent e Cali.
Confira a programação da Flica no site: www.flica.com.br
Evento: Festa Literária Internacional de Cachoeira – Flica
Data: 14 a 18 de outubro de 2015
Local: Município de Cachoeira, a 110 km de Salvador
Entrada gratuita
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