segunda-feira, 26 de outubro de 2015

.: “A Fazenda 8”: é preciso ser muito homem para assumir uma Panicat

Por Helder Miranda
Em outubro de 2015

“Bruno Mezenga” é uma metáfora, como todos os outros nomes que vou citar neste texto. Mas você saberá de quem estou escrevendo. Se tiver alguma dificuldade para ligar o nome “Bruno Mezenga” à pessoa, basta recorrer ao personagem interpretado por Antonio Fagundes em “O Rei do Gado”. 

Aquele personagem de boca mole e fala arrastada, tal qual uma criança mimada ou um homem que não cresceu, é a personificação de um rapaz que saiu de um programa como se fosse uma vítima, quando, na verdade, não passou de alguém que decepcionou parte do público. E, como já havia desistido, tratou de agredir o “Pequeno Polegar”, com o intuito de que ele, de temperamento estourado, revidasse e saísse junto. 

Caluniou “Minnie do Mickey”, a fiel aliada no jogo, porque... bem, talvez ele quisesse jogar o “Pequeno Polegar” contra ela, pelo ciúme doentio que deixava transparecer, mesmo sem querer nada sério com a moça. Até então visualizava uma possibilidade de um novo casal, com a saída dele. Porque para esse tipo de homem, mulher é orifício, propriedade, e não dona de si mesma, livre para fazer escolhas próprias. 

“Bruno Mezenga” quis levar, com ele, alguém à lama. Porque tudo o que ele toca é corrompido. Ou quase tudo, porque “Minnie do Mickey” não se corrompeu, provando que é realmente boa de coração. Se ele gostasse realmente dela, teria ficado. E, se fosse verdadeiramente real o discurso de que teria alguma afinidade com ela fora do confinamento, o que incomodava tanto nela para que ele abandonasse o barco? 

Quando desistiu do programa, "Mezenga" declarou, sobre "Minnie", e para outras pessoas que quisessem ouvir, que o relacionamento era apenas pele e não seria possível uma continuidade fora das câmeras. É preciso ter muito peito, ser um homem de verdade, para assumir uma “Panicat”, porque todos os preconceitos a uma mulher que teve essa profissão vêm no pacote. Além disso, a experiência em “A Fazenda” mostra que a combinação de ex-“Panicats” com o universo sertanejo resultam em nada.

Cheio de dívidas e com assuntos pendentes fora da fazenda, tentou levar até onde conseguiu um personagem que não era real. Assim como Maravilha deixava transparecer a arrogância nos programas infantis lá nos anos 80, ele, nesta oitava edição, deixava transparecer alguém tão cheio de si quanto da certeza de que derrubaria um a um que enfrentasse a berlinda com ele. Aos poucos, esse teatro foi esvaziando na medida em que ele foi mostrando o quanto de nada tinha naquela encenação. 

Era um prato cheio de contradições porque, ao mesmo tempo em que criticava outra participante por não respeitar os mais velhos, num momento de estresse partiu para cima de um senhor embriagado. Quando disse respeitar as mulheres, depois falava a quem quisesse ouvir, menos na frente da envolvida, coisas grotescas a respeito da mulher que pensava ser sua namorada, mas que nas costas ele tratava como menos que capacho, como se fosse muito superior a ela, por ser do sexo masculino. 

A misoginia gritava por todos os poros dele, que se uniu à “Raposa”, sobrevivente da terceira berlinda, dividida com “Jéssica Rabbit Blonde”. Essa “Raposa”, por incrível que pareça, foi salva por fãs dos casais mais queridos desta edição, compostos por “Mezenga e Minnie do Mickey”, “Pequeno Polegar” e “Latina”, esses que não chegam a ser um casal. Mas, por ironia do destino (bem-feito para essa gente que vota mal e estraga o reality-show que os outros querem assistir), a “Raposa” foi a única a tomar conhecimento da intenção de “Mezenga” ao abandonar o reality e o único ao incentivá-lo a fazer isso. 

Aliás, se por acaso você estivesse dentro de um programa de confinamento cujo objetivo é o prêmio de dois milhões de reais e um amigo seu, que está no ostracismo, dissesse que queria sair você diria: “segura a onda aí, você ficou dois anos sem tocar nada, por que não espera mais um pouco?” ou “...se for para você ser feliz...”. Ou seja, um incentivo velado para quem quer um a menos na competição, e o encorajamento necessário para quem, de fato, quer sair. 

Enfim, fora do confinamento “Mezenga” se deu conta da “burrada” que fez. Escreveu a carta com o pedido de casamento para que a sua imagem não ficasse tão feia com o público da vida real. Mas “Mezenga” deixou “Minnie do Mickey”, de uma hora para outra, sem script na casa. Você acreditaria nele, mais uma vez?

Injustiça tremenda fazer uma metáfora de alguém com um grande personagem de Benedito Ruy Barbosa em uma novela recordista em audiência. Mas injustiças acontecem o tempo todo, principalmente em “A Fazenda”. O pior castigo para o "Mezenga" é o de saber que tinha boas chances de ser o grande vencedor do programa e ficar com os dois milhões de reais, mas optou por sair e ficar com as mãos abanando.

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