Por Teresinka Pereira, IWA
Em outubro de 2015
Os textos encontrados no livro "Agudas Crônicas" revelam ao leitor uma lucidez ímpar. De forma demonstrativa o autor retrata fatos vivenciados por ele mesmo ou por pessoas próximas. Não se pode dizer que há alguma poesia nas histórias contadas, porém não encontramos a frieza ou a indiferença do autor para os relatos mencionados.
"Agudas Crônicas" tem a perspicácia de atribuir a cada linha uma forma de prender o leitor até o desfecho do texto.
Não se surpreenda ao notar algo semelhante com a própria vida, pois o livro serve exatamente para isto. Talvez não traga as mesmas situações transcritas, mas com certeza há as emoções, os pensamentos, as aflições e tantos outros sentimentos que nos rodeiam e que são facilmente reconhecidos e assimilados.
É um livro composto por verdades, tristezas e iluminação; as histórias se unem através de uma linha invisível e os enredos se fecham em si mesmo, como se concluíssem um ciclo.
O leitor deverá estar preparado para encontrar diante de si um espelho de palavras. A sensibilidade e a frialdade humana são destacadas com pinceladas cotidianas. Vale deixar registrado que o título do livro é a dor crônica de nosso dia-a-dia.
Simples assim é a poesia de Cláudia Brino
Entretanto a simplicidade é somente uma aparência na coleção chorando reticências. Os versos são portadores de metáforas poderosas pelo tema e profundas em emoções:
simples assim...
a flor, para se abrir,
cativou pétala
por pétala
o pensamento de deus
São estas metáforas temáticas que Iacyr Anderson Freitas, prefaciador do livro, caracteriza de “sinais semafóricos”. Mas, as metáforas são apenas tropos que expressam o inexplicável, aquilo que faz o poeta ferreira Gullar afirmar: “só aquilo que não se sabe pode ser poesia”. Outro poema de poucas palavras, carregado de significados é “no silêncio”:
dentro da alma
o tempo
é o lenço das lágrimas
Naturalmente as lágrimas dentro da alma fazem um silêncio colossal, de tempo infinito. Nessa escolha de imagens está a fertilidade da poesia de Cláudia Brino. A pessoa do/da poeta é um ser cheio de tristeza, igual que o silêncio. Principalmente para escrever, a inspiração requer ao mesmo tempo a tristeza e o silêncio. Por isso é que em outros poemas a imagem do silêncio, às vezes, predomina e se impõe como um vigia: “o silêncio de tudo me observa” diz a poeta no poema “rompimento”. Outro poema que leva este tema às conseqüências finais é o “em oração” que diz: dentro do meu silêncio a lágrima pesada diz tudo”
Talvez o poema mais feminino de Cláudia Brino neste livro seja o de título “poema”, porque se relaciona intimamente com o ser psicológico da mulher, a sua percepção do existencialismo de corpo e alma. É também um poema nas linhas da perfeição, como a roupa no corpo da mulher exigente e elegante. Ele diz:
o poema
é um vestido
de estrofe inteira
alinhavado
e
finalizado
ancora-se
em nossa pele
como segunda pele
ao final de lê-lo.
Até mesmo a visão da morte tem seu aspecto feminino na poesia de Cláudia Brino. A poesia filosófica expressada em palavras simples, vindas do pensa-mento reflexivo, mas que toma a realidade como um ponto de partida para toda a inspiração. Para a morte vamos sem “passaporte” como diz a poeta: “clandestinamente a terra invadiu meus pensamentos, ajeitou-se sobre meu corpo e foi o lençol de minha lápide". O tratamento da terra e da lápide, da mesma forma que o vestido é a magia da mentalidade feminina. Nenhum homem pode ultrapassar essa ideia. A reticência (...) como parte do título do livro é um detalhe de muito sentido, assim como o paninho de bandeja na capa, que entendo, mas não ouso interpretar".
Em outubro de 2015
Os textos encontrados no livro "Agudas Crônicas" revelam ao leitor uma lucidez ímpar. De forma demonstrativa o autor retrata fatos vivenciados por ele mesmo ou por pessoas próximas. Não se pode dizer que há alguma poesia nas histórias contadas, porém não encontramos a frieza ou a indiferença do autor para os relatos mencionados.
"Agudas Crônicas" tem a perspicácia de atribuir a cada linha uma forma de prender o leitor até o desfecho do texto.
Não se surpreenda ao notar algo semelhante com a própria vida, pois o livro serve exatamente para isto. Talvez não traga as mesmas situações transcritas, mas com certeza há as emoções, os pensamentos, as aflições e tantos outros sentimentos que nos rodeiam e que são facilmente reconhecidos e assimilados.
É um livro composto por verdades, tristezas e iluminação; as histórias se unem através de uma linha invisível e os enredos se fecham em si mesmo, como se concluíssem um ciclo.
O leitor deverá estar preparado para encontrar diante de si um espelho de palavras. A sensibilidade e a frialdade humana são destacadas com pinceladas cotidianas. Vale deixar registrado que o título do livro é a dor crônica de nosso dia-a-dia.
Simples assim é a poesia de Cláudia Brino
Entretanto a simplicidade é somente uma aparência na coleção chorando reticências. Os versos são portadores de metáforas poderosas pelo tema e profundas em emoções:
simples assim...
a flor, para se abrir,
cativou pétala
por pétala
o pensamento de deus
São estas metáforas temáticas que Iacyr Anderson Freitas, prefaciador do livro, caracteriza de “sinais semafóricos”. Mas, as metáforas são apenas tropos que expressam o inexplicável, aquilo que faz o poeta ferreira Gullar afirmar: “só aquilo que não se sabe pode ser poesia”. Outro poema de poucas palavras, carregado de significados é “no silêncio”:
dentro da alma
o tempo
é o lenço das lágrimas
Naturalmente as lágrimas dentro da alma fazem um silêncio colossal, de tempo infinito. Nessa escolha de imagens está a fertilidade da poesia de Cláudia Brino. A pessoa do/da poeta é um ser cheio de tristeza, igual que o silêncio. Principalmente para escrever, a inspiração requer ao mesmo tempo a tristeza e o silêncio. Por isso é que em outros poemas a imagem do silêncio, às vezes, predomina e se impõe como um vigia: “o silêncio de tudo me observa” diz a poeta no poema “rompimento”. Outro poema que leva este tema às conseqüências finais é o “em oração” que diz: dentro do meu silêncio a lágrima pesada diz tudo”
Talvez o poema mais feminino de Cláudia Brino neste livro seja o de título “poema”, porque se relaciona intimamente com o ser psicológico da mulher, a sua percepção do existencialismo de corpo e alma. É também um poema nas linhas da perfeição, como a roupa no corpo da mulher exigente e elegante. Ele diz:
o poema
é um vestido
de estrofe inteira
alinhavado
e
finalizado
ancora-se
em nossa pele
como segunda pele
ao final de lê-lo.
Até mesmo a visão da morte tem seu aspecto feminino na poesia de Cláudia Brino. A poesia filosófica expressada em palavras simples, vindas do pensa-mento reflexivo, mas que toma a realidade como um ponto de partida para toda a inspiração. Para a morte vamos sem “passaporte” como diz a poeta: “clandestinamente a terra invadiu meus pensamentos, ajeitou-se sobre meu corpo e foi o lençol de minha lápide". O tratamento da terra e da lápide, da mesma forma que o vestido é a magia da mentalidade feminina. Nenhum homem pode ultrapassar essa ideia. A reticência (...) como parte do título do livro é um detalhe de muito sentido, assim como o paninho de bandeja na capa, que entendo, mas não ouso interpretar".
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