Nas páginas do romance está a história de dois irmãos que fogem com a mãe para o Rio de Janeiro, depois de sofrerem, por muito tempo, abusos do padrasto. A mãe dos adolescentes deixa os filhos sozinhos em um apartamento no Catete e parte para os Estados Unidos para tentar ganhar a vida e juntar dinheiro para buscá-los. Desamparados e pressionados pela realidade que vivem, os irmãos, Letícia e Tomas, são forçados a tomar decisões extremas e precisam lidar com as consequências dessas escolhas. A única ajuda vem de fontes inesperadas: um menino sem nome – que parece nem ser real – e um ex-PM que também teve sua parcela de violência e abandono na vida e, por isso, tornou-se uma espécie de justiceiro.
Em “Fronteiras”, os leitores são apresentados a personagens reais e complexos, cujos dramas se destacam como histórias independentes entrelaçadas à trajetória de Letícia e Tomas. Essas narrativas de negligência e abuso retratam a realidade da falibilidade das estruturas sociais e da relativização do certo e do errado. Por essa perspectiva, a obra pode ser considerada uma crítica social e um alerta para a maneira como se tem cuidado da juventude. “Fronteiras é inspirado em o quanto famílias mais pobres, mais desassistidas, exigem dos primogênitos, o quanto é difícil para crianças se criarem sozinhas, em especial quando sofrem abusos diversos”, revela Sonia.
Além disso, o livro compartilha o componente de transcendência explorado anteriormente por Sonia Rodrigues em “A rainha que atravessou o tempo” (Editora Nova Fronteira). “Gosto da ideia de que existe um mundo além desse”, explica a autora. Neste novo romance, o elemento sobrenatural está representado pela figura do menino sem nome, que atua como uma espécie de anjo da guarda dos irmãos. A presença do personagem acrescenta a nuance de terror à narrativa.
Sobre a autora:
Sonia Rodrigues é escritora e roteirista. Fez mestrado e doutorado em literatura pela PUC-Rio. Tem obras publicadas por diversas editoras do mercado brasileiro e é pioneira no desenvolvimento de redes sociais de aprendizagem em torno de jogos aplicados a conteúdos diversos. Com recursos da sua plataforma digital "Almanaque da Rede", pesquisa e patrocina pesquisas sobre o pai - Nelson Rodrigues - desde meados de 1999.
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