Em setembro de 2015*
“Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore—
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
“’Tis some visitor,” I muttered, “tapping at my chamber door—
Only this and nothing more.”
Primeira estrofe do poema "The Raven".
Há rimas internas: dreary; weary; napping; tapping. Temos rimas internas, sons obscuros, sons de gerúndio (movimento - napping, tapping, rapping); more, door (tom sombrio). O tempo é indefinido, pois é dreary, ou seja, sombrio. Há o narrador em primeira pessoa. O perfil psicológico do personagem é de um estado de reflexão. Chamber door é um local fechado e sombrio (atmosfera ou ambiente). É um poema narrativo. Temos o tempo, o espaço e a atmosfera. O tempo é desconhecido, não é definido. Sabe-se que é uma meia-noite sombria de um gélido 23 de dezembro. O espaço é como se fosse uma saleta, um cômodo sombrio. A atmosfera é sombria, cinérea.
Tradução de Machado de Assis
“Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse essas palavras tais:
"É alguém que bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais".
Análise da Tradução de Machado de Assis
Machado de Assis se enquadra nos erros tradutórios cometidos por Baudelaire que, quando traduziu o poema "The Raven", ainda estava aprendendo Inglês. Machado de Assis traduziu o poema de Edgar Allan Poe da versão de Baudelaire, que continha erros e não do poema original.
Há rimas como: "hora"; "apavora"; "fadiga"; "antiga"; "morta"; "porta"; "devagarinho"; "mansinho"; "tais"; "mais". O poema de Machado possui a estrutura: AA;BB;CC;D;ais;D;ais. As rimas são respeitadas, o que é um ganho para a tradução Machadiana. Entretanto, perde-se o peso do vocabulário denso do poema original de Poe. A tradução de Machado é mais simples, comparada com a tradução de Fernando Pessoa.
Tradução de Fernando Pessoa
“Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais
É só isto, e nada mais".
Análise da Tradução de Fernando Pessoa
Nesta primeira estrofe traduzida por Fernando Pessoa, há repetição do termo "ais" em: "ancestrais"; "umbrais"; "mais". A repetição do termo "ais" dá ao poema, um tipo de abertura, pois o estudante abre a porta para ver quem está do lado de fora. Seria como uma preparação para a posterior entrada do corvo.
Tradução de Milton Amado
“Foi uma vez: eu refletia, à meia-noite erma e sombria,
a ler doutrinas de outro tempo em curiosíssimos manuais,
e, exausto, quase adormecido, ouvi de súbito um ruído,
tal qual se houvesse alguém batido à minha porta devagar.
“É alguém – fiquei a murmurar – “que bate à porta, devagar;
sim, é isso e nada mais.”
Análise da Tradução de Milton Amado
É considerada a mais perfeita tradução até os dias atuais. Milton Amado respeita as rimas e o peso do vocabulário de Poe. O tom sombrio, em destaque no poema original, é preservado na tradução de Milton. A poeticidade é mantida nesta tradução.
*Jorge Luiz de Oliveira é tradutor e professor de literatura e língua estrangeira moderna - inglês. Mantém o blog www.literalyrics.blogspot.com, onde publica periodicamente poemas originais e traduções de autores clássicos e músicas imortalizadas pelo rock.
*Texto originalmente entregue em 17 de maio de 2014, como trabalho da disciplina Literatura de Língua Estrangeira Moderna III - Americana I, coordenada pela professora Maura Chezzi, no curso Licenciatura em Letras, na UniSantos – Universidade Católica de Santos.
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