Valendo-se dos erros mais frequentes cometidos pelos disléxicos, a autora Marina Miyazaki Araujo parte de sua própria experiência para mostrar que, mais do que erros de grafia, os problemas do disléxico são a vitimização e os rótulos.
Mas, afinal, o que é dislexia? As definições são muitas e é justamente com isso que Marina não se conforma. A autora, que se nomeia no livro ora como “minini”, ora como “minina”, e às vezes até como “mennana”, explica de forma bem-humorada a dificuldade que teve para descobrir qual era o problema, depois admiti-lo e, mais tarde, ainda ter de prová-lo. Como ela diz no livro, “E assim, foi carregando a dislexia, errando, acertando, errando, escondendo, errando, disfarçando, errando, esquecendo, errando, deixando escapar, errando, escondendo, errando, mas sempre tentando acertar”.
“Os erros aconteciam na desorganização das coisas que entravam na cabeça ou quando estas mesma coizas saiam do cérebro. Porzemplo, escrevia ‘copaça’ ao invez de ‘paçoca’, mesmo sabendo que o certo era ‘paçoca’. Não era dificuldade de aprendizagem, era bagunçalidade na aprendeizagem”.
"Dislexicando" é o resultado do encontro entre dois disléxicos: a autora Marina Miyazaki Araujo, que descobriu como encontrar o caminho das palavras pelo labirinto da dislexia, e o ilustrador e artista plástico Tony de Marco, que encontrou no desenho seu modo de se virar nesse labirinto. Tony de Marco é autor de várias fontes tipográficas, muitas delas premiadas internacionalmente, inclusive a "Samba", usada pela marca Nike em 2014 para sua comunicação visual na Copa do Mundo do Brasil.
Em 64 páginas, a narrativa divertida e as palavras inventadas por Marina combinam muito bem com as ilustrações criativosas de Tony, que farão o leitor dar boas risadas. Em "Dislexicando", a escritora mostra como conseguiu driblar a dislexia na escola, na faculdade, no trabalho e na vida social. E prova que uma pessoa não é mais importante que a outra só porque escreve certo. A dislexia é apenas um micro-mini-pequenininho-problemazinho-importantinho. O livro faz parte do selo Frátria da Pólen Livros, dedicado à discussão de questões relacionadas à língua em seus mais diversos aspectos.
Sobre a autora (em dislexiquês): Quem escreveu o livro (a autora) foi a Marina. Ela tem muitos anos, falou 49 anos, mas às vezes, escreve 94. Já fez várias coisas sertas e muitas erradas. As certas nem sempre deram em coiza boa e as erradas nem sempre acabaram em algo ruim. Fez duas faculdades (faculdade é a escola depois do Ensino Médil), deu certo, mas deu errado, por que uma, ela fez até o fim e recebeu o diploma (papel onde escrevem que a pessoa terminou o curso e o nome da profissão), a outra ela abandonou.
Terminou o que não gostou e não terminou o que gostou. A pós-graduação (tipo de estudo que “Eles” fazem depois da faculdade pra aprender mais sobre um assunto só), só serviu para colocar no currículo (lista de coisas qe serve pra mostrar que “Eles” sabem bastante, mas nem sempre sabem). Deu aula (consegiu driblar a dislexia) e trabalhou com outras coisas legais e muitas coisas chatas. Parou tudo por nõa conseguir fingir adultice por tanto tempo. Aprendeu a educar e deseducar filhos, porque resolveu experimentar o que é ser mãe de 5 filhos (teve quase todos de uma vez só, e disse que um dia comta essa história), faz e escreve criancice.
Sobre o iilustrador (também em dislexiquês):
Quem desenhou este livro foi o Tony. Ele foi diagnosticado com dislexia aos 12 anos, mas só se assumiu depois de ler o livro “O Dom da Dislexia” que descreve não só os sintomas e dificuldades, mas também as estratégias de adaptação e, principalmente, algumas vantagens cognitivas. Ele tem muitas ideias e as desenha desde criança. Acabou descobrindo várias maneiras de ganhar dinheiro com essas ideias e desenhos. Encontrou pessoas incríveis que gostam dele como ele é: diferente e orgulhoso por ser diferente. Viajou bastante, ganhou alguns prêmios, foi publicado muitas vezes, enfim, é um cara que não pode reclamar da vida.
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