segunda-feira, 22 de junho de 2015

.: Tolerância, uma crônica de João Tavares Neto

Por João Tavares Neto
Em junho de 2015

A vida é simples. Mas investimos tanto tempo em tentar entender os mecanismos das coisas que acabamos perdendo o que ela nos oferece de melhor: a inocência. Eu sei. Essa palavra parece uma contradição nos dias atuais, quando a mídia e todos os nossos "amigos" nos ensinam que é preciso ter cuidado.

— Seja ser esperto, irmão, senão você será passado para trás.

Nesse caso, como ficariam as relações sociais se todos nós, em hipótese, um dia seremos enganados por um "amigo"?

Ver a vida por este prisma é o mesmo que pintar um quadro com os nossos piores pesadelos, e depois, pendurá-lo na parede da sala, ou no local mais visível da casa, para que esteja sempre sob nossos olhos. Assim, a paranoia se completa e você enlouquece de vez.

E se você soubesse que é tudo uma questão de escolha. E que o medo de ter medo nos impede de ver as pessoas e as coisas como elas realmente são. E que aprender a se relacionar com quem você não gostaria por perto é tão vital quanto o ar que respiramos.

Para tornar isso possível, pense numa criança e na forma como ela ama. O amor para ela é, simplesmente, amor. Amor e ponto. Não há necessidade de explicação. É simples. Puro. Verdadeiro. E pouco importa se o seu amiguinho ou amiguinha é amarelo, preto, loiro, ruivo, verde ou branco. Tanto faz. A essência do amor elimina as diferenças.

Mas não é fácil. Viver sem pré-conceitos é um desafio gigante. Livrar-se deles é tão assustador quanto uma enorme montanha a ser escalada, sem proteção. Por isso, como ser humano, minha obrigação social é contribuir e desejar felicidade a qualquer pessoa, independente de sua forma física, condição social, credo, cor da pele, porque aceitar as diferenças e limitações é uma forma de ser tolerante comigo mesmo e com o próximo.

Caso contrário, em breve, perderemos a imagem de nação sorridente e solidária e teremos manchetes como o Brasil é sinônimo de um lugar violento. Sim, porque o mito de que o brasileiro é cordial não se sustenta quando vemos as estatísticas de mortos por companheiros de bar ou de lar, por criminosos, no trânsito e pela polícia.


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