Aritana jura que sabe cozinhar. Mas saber cozinhar é premissa básica em um "MasterChef" de qualquer nacionalidade. O problema é que ela não sabe fazer doce, logo, não tem condição para sequer participar do programa. O que a fez entrar, então? A mistura entre o sobrenome famoso, o que geraria interesse de ainda mais telespectadores pelo programa, e a habilidade de cozinhar pratos salgados. Habilidade não é cozinhar bem, habilidade é habilidade, não passa disso.
Aritana jura que teve um pesadelo com uma prova em que seriam testados os dons culinários para fazer sobremesas. Disse que não era a bad girl que aparentava ser, aquilo era só casca, mas se desmentiu completamente quando tirou o corpo fora e resolveu salvar a própria pele, arriscando o pescoço de participantes que se saíram melhor que ela naquela prova que serviu um almoço a militares. Ou seja, não pensou duas vezes antes de colocar na berlinda outra pessoa mais merecedora que ela, pelo desempenho na prova que ela liderava, para fugir do próprio pesadelo.
Voltando no tempo, para servir um batalhão de 100 alunos da Força Aérea Brasileira, foram separados dois grupos, liderado pelos executores dos melhores pratos do episódio anterior, que foram escolhendo um a um de seus ajudantes. O “Azul”, comandado por Murilo, ficou com seis integrantes e se atrapalhou demais com muita desorganização e liderança perdida. O “Vermelho”, com Aritana à frente, teve um participante a mais e parecia estar bem mais organizado, mas a edição deve ter feito assim para que se pensasse que o “Azul” perderia.
As duas equipes tiveram problemas em cozinhar para uma grande quantidade de cadetes. O time de Murilo decidiu não servir o prato queimado e o substituiu por cuzcuz. O chef francês não perdeu a chance de ter uma atitude ridícula e chamou o participante de perdedor, ameaçando continuar sendo exigente até que ele desista do programa. O que Jacquin faz é atrapalhar todo mundo. São coisas que se digam para um participante e seu grupo durante uma prova? Pressão no "Azul" e no "Vermelho" não? Isso parece preferência...
Até a chinesa Jiang, que parecia tão segura de tudo e agora está sempre atrapalhada, nervosa, foi desestabilizada por tanta tirania. Esses chefs desestabilizam até os milenares orientais. Por muito menos, muitos teriam desistido, os jurados estão impossíveis nessa temporada, não há a necessidade de serem tão maus.
Aritana, elogiada pela postura de líder, descobriu que o arroz carreteiro feito por Iranete estava queimado, mas resolveu servir o prato - se Aritana “bancasse” essa escolha, e seguisse para a prova de eliminação, tudo bem, mas... No fim das contas, mesmo com um integrante a mais, o “Vermelho” de Aritana perdeu, e o programa acabou conduziu ao pensamento de que os jurados diriam algo em torno de: “Esquecemos de dizer que hoje saem dois. Você, Aritana, é uma delas!”.
Aritana jura que não era essa a intenção, mas, com a atitude de se acovardar diante do pesadelo que afirmou ter, trocou de lugar com o advogado Rodrigo, que entregou uma sobremesa com chocolate endurecido. Se isso serve de consolo, qualquer chocólatra assumido adoraria comer a engordativa guloseima. O advogado não estava em seu melhor dia, admitiu isso, mas vinha fazendo uma trajetória limpa, com bons pratos, e na disputa do almoço dos militares, tinha se saído realmente melhor do que os outros participantes. Isso era ponto pacífico e consenso entre todos. Mas vencer um reality show também requer sorte. Talento ele tem, e fico feliz que afirme que vai seguir esse caminho por uma satisfação pessoal.
Aritana jura que não tem nada pessoal contra a empregada doméstica Iranete. Mas essa implicância, que Aritana conseguiu espalhar para outros participantes, nada mais é que uma luta de classes. Iranete, a empregada doméstica, está lá, competindo de igual para igual. Não está numa posição subalterna, e nem abaixa a cabeça para ninguém. Gosto da maneira com o que ela segue as suas convicções, não seguindo as orientações impositivas da chef argentina que, dona da verdade, aparenta ficar contrariada quando alguém não segue o que diz.
Não são eles, os chefs, que incentivam a personalidade do cozinheiro impressa nos pratos? Ficar parada naquela cozinha enquanto todos suavam querendo mostrar serviço foi um ato de resistência. Não foi à toa que a audiência do programa, nas redes sociais, queria que ela, a empregada que limpa o chão de pessoas que nunca limparam um, fosse salva. Pessoas como Iranete, nunca teriam a ilusão de ter a mesma oportunidade que patricinhas de grife (não terão, acredite), não fosse o mundo imagético da televisão.
Iranete pode até ter deixado o arroz queimar, mas foi sob a liderança de Aritana que, por si só, jura que não tem culpa no cartório enquanto os outros fingem que acreditam. Quem jura mente, e aos poucos, dentro do programa, é possível saber separar caráter e jogo dentro de um mundo de vários ingredientes. Dois pesos e medidas: Aritana e Iranete.
A respeito dos outros participantes que se destacaram, Izabel, a minha querida bonequinha matryoshka, pregou um susto daqueles nos que torcem por ela quando se descuidou e deixou uma parte cortante fazer parte da sobremesa servida por ela. O publicitário Raul, santista da gema, com o seu jeito despachado, vem ganhando espaço e conquistando o respeito dos chefs e torcidas. Não é de hoje que santistas vem se destacando em programas culinários. A talentosa, doce e multifacetada Maisa Campos, no programa “Cozinheiros em Ação”, da GNT, fez escola e segue fazendo sucesso em seu ateliê de cozinha.
Mas não pude deixar de rir ao ver os conceituados “chefs du cuisine” remexendo aquele prato de chocolate feito por Raul. Paola Carosella tem a mania de cheirar a comida antes de degustar, o que acho um hábito horroroso. Erick Jacquin, o péssimo hábito de desconstruir a comida a ponto de deixá-la num estado lastimável e... nojento. Mas, especificamente naquela sobremesa preparada por Raulzito, mais pareciam chafurdar em uma poia de merda ainda quentinha.
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