segunda-feira, 1 de junho de 2015

.: Gerô Barbosa, o “santo protetor” de Heliópolis, no Provocações

O travesti conta as conquistas da comunidade paulistana na edição inédita do programa da TV Cultura, que vai ao ar na terça-feira


O líder comunitário e travesti Gerô Barbosa é o convidado do Provocações, em edição inédita comandada por Antônio Abujamra. O programa da TV Cultura vai ao ar na terça-feira, dia 2 de junho, às 23h30.

Gerô Barbosa é tido como o “santo protetor” de Heliópolis, considerada a segunda maior favela da América Latina, e local onde reside há 30 anos. Líder comunitário, ele também comanda a rádio comunitária e conduz a Unas (União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região).

Formado em jornalismo e pedagogia, Gero conta sua história de superação. “Eu nasci em Minas Gerais e vim  para São Paulo na década de 1980, fugindo da seca e da fome. Cheguei aqui e me deparei com Heliópolis ainda em processo de formação. Estava começando a ocupação e eu ocupei também. Eu era semianalfabeto, comecei a estudar, fiz duas faculdades, jornalismo e pedagogia”.

Ao falar de sua infância, ele lembra de uma época difícil, quando trabalhava na roça. “Eu pensava que o sol ia me partir ao meio e ia sair uma mulher linda, loira e maravilhosa; que eu ia arrumar um marido e casar na igreja de véu e grinalda. Lá pelos 15 ou 16 anos, percebi que a realidade não era essa, que eu nasci homem e vou ser eternamente”.

Gerô ressalta que foi rejeitado ao chegar em Heliópolis e teve que lutar para ser aceito. “Heliópolis era composta por nordestinos, os ‘cabra-machos’ que diziam ‘boiola na minha favela não fica´. Eu revidava que ficaria e começou toda a engenhoca do sofrimento de novo, mas lutando sempre não só por mim, mas por toda a comunidade que sofria esse preconceito”.

Ele conta que lutou junto com a comunidade desde 1980 para a implantação de infraestrutura básica, como asfaltado, água e esgoto encanado e casas de alvenarias. Lembra que para não sujar os pés de barro quando ia para a escola, usava sacolinha de supermercado no pé. “Não existe mais barraco na comunidade. Tudo isso foi uma transformação muito grande, que não veio de mão beijada”

Além das mudanças estruturais em sua comunidade, Gerô promove um trabalho de apoio aos moradores com problemas em aceitar a sexualidade. “Eu chamava gays e lésbicas para irem em casa tomar uma caipirinha. Ai eu falava sobre direito: ‘sabia que você tem direito a ser respeitado? A estudar? Tudo que todo mundo tem direito?  E aí as pessoas começaram a entender que não podiam viver à margem da sociedade, que elas são a sociedade. Lá em Heliópolis, eu não vejo homofobia, eu me sinto muito segura. Enquanto na Av. Paulista, aqui na cidade, a gente tem visto essa questão de até matar homossexual”.
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