quarta-feira, 17 de junho de 2015

.: "É preciso falar sobre o lixo", afirma ex-faxineiro e psicólogo

Atualmente, o lixo é um dos maiores problemas ambientais enfrentado no mundo. O Brasil é um país que possui uma grande capacidade para destinar corretamente seus resíduos, porém não faz valer essa estatística. Como tratar do lixo, algo tão presente na vida de todos?

A separação correta dos resíduos pode acarretar em muitos benefícios -tanto para a sociedade, quanto para o meio ambiente. 

Anualmente, os brasileiros jogam fora 76 milhões de toneladas de lixo. Dessas, 30% poderiam ser reaproveitadas, mas somente 3% são encaminhadas para centros de reciclagem. Nos últimos dez anos, o número de municípios que realizavam a reciclagem saltou de 81 para 900 - número expressivo, porém que não representa nem 20% das cidades do Brasil. O potencial que o país tem para reciclagem é imenso, mas não é bem aproveitado, e isso acarreta em danos gravíssimos para o meio-ambiente.

Cada vez mais, as pessoas utilizam embalagens e produtos industrializados dentro de suas casas, e a forma de consumo está diretamente relacionada com a alta produção de resíduos gerados. Segundo Eraldo Melo, Presidente do Grupo Conservar, empresa que terceiriza serviços, a coleta específica para o lixo orgânico e inorgânico dos lares é um grande desafio. "As pessoas precisam ser conscientes quando se fala em separação de lixo. Muitas vezes, cabe a quem faz a manutenção da casa ou condomínio realizar uma análise para checar se há lixo reciclado juntamente ao orgânico, porém, isso nem sempre é possível, visto que o risco de contaminação ou acidentes pode ser alto", afirma.

O empresário explica que o manuseio do lixo requer treinamentos específicos, para que não haja perigo para o colaborador, e a coleta seja realizada da maneira correta. "Caso o colaborador não receba o treinamento adequado, os riscos podem afetar a sociedade em geral. Imagine: se o funcionário não receber e seguir as orientações corretas, ele não poderá separar o lixo corretamente, deixando de contribuir para a reciclagem de diversos resíduos. Assim, a natureza sofrerá, e nós também, pois tudo que é sentido lá é sentido aqui também, e, geralmente, em proporções muito maiores e desastrosas", elabora.

Melo acredita que, por mais que a coleta específica para o lixo orgânico e inorgânico possa ser um desafio para os moradores e administradores de determinada área (de um condomínio fechado, por exemplo), ela deve ser realizada e defendida a todo custo. "Os síndicos têm o trabalho de conscientizar seus condôminos sobre a importância da separação da produção de resíduos, lançando reflexões sobre o problema e ampliando discussões sobre a gestão do lixo", explica.

O empresário finaliza, lembrando que as pessoas não só podem como devem se adequar aos novos tempos, em especial à questão ecológica. "Os problemas ambientais não são mais algo que acontecerá no futuro, eles acontecem aqui e agora, e precisamos nos mobilizar como um todo para combatê-los. Cuidar do lixo produzido já é um ótimo começo, e até ações pequenas podem ser significativas, como separar suas lixeiras por cor e resíduo, por exemplo. Ressalto a importância de contar com pessoal treinado para esta tarefa, para cuidar tanto das pessoas, quanto do meio ambiente", conclui.

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