Por João Tavares Neto
Em abril de 2014
Para celebrar a minha saudade, no último domingo, eu resolvi fazer um ritual. Acordei cedo, fui à padaria, comprei pães, queijo e preparei um café da manhã para tomar vendo o "Globo Rural".
É que, religiosamente, no fim da década de 1990, quando morava em Cubatão, o meu primo Cosme sempre nos visitava aos domingos. E ele fazia questão de assistir este programa que falava muito e ainda fala sobre agropecuária. Tempos depois, meu irmão Ailton repetia o mesmo ritual, mas ao invés de café, ele preferia tomar chá.
Terminado o protocolo, fiquei certo tempo em silêncio, até que minha meditação foi interrompida pelo toque do interfone.
Levanto-me contra a vontade e pergunto com voz de quem está chateado.
— Quem é?
— É o Beto.
Por uns segundo esqueci que na sexta-feira tivesse ido a Praia Grande com o intuito de encontrá-lo.
— Beto? Que Beto?
— Beto Bossa, John!
— Oh, Beto, tudo bem, meu irmão? Desculpa, cara! Eu estava fazendo umas coisas e meu pensamento estava em outra dimensão. Estou indo abrir a porta.
Como entre nós o assunto sempre foi música, quis saber por onde ele andava e onde estava tocando.
— No momento, estou sem tocar. Faço um free na loja de sapato do meu amigo Edson para passar o tempo, mas continuo praticando o violão.
Ele adorou ver a minha caixa amplificadora para contrabaixo e me disse que adoraria tocar comigo qualquer dia desses.
— Seria muito bom tocar com você John! Gosto do jeito como você canta e está tocando o contrabaixo cada dia melhor.
Fiquei muito feliz com as observações do Beto. Afinal, foi ele quem realmente me ensinou a tocar violão, fazer acordes dissonantes, mas ao mesmo tempo triste por saber que ele ainda continuava sem rumo na vida.
Como eu não podia mudar o que estava escrito, conversamos apenas sobre música. E, nesse dia, tocamos de tudo, principalmente os clássicos do Djavan.
Por volta das 16h, paramos para almoçar. Depois, tocamos mais duas músicas e desligamos os instrumentos.
O Beto foi embora...
Na televisão, que permaneceu ligada o tempo todo, passava o "Domingão do Faustão". Então, recolhi todos acessórios de música que estavam na garagem. Em seguida, coloquei um DVD para assistir enquanto preparava meu segundo café do dia.
O filme — "O Destino de Júpiter" — terminou, ainda não tinha acabado o "Fantástico" que, por coincidência, naquele instante, apresentava uma reportagem sobre criação de gado.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
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