quinta-feira, 23 de abril de 2015

.: "Quem escreveu Shakespeare?" e os 451 anos da morte dele

Nesta quinta, dia 23 de abril, é relembrado o 451º aniversário de morte de Shakespeare. Por cerca de dois séculos depois, ninguém questionou a autoria de sua obra. Mas, desde então, dezenas de candidatos rivais – sendo os mais expressivos, Francis Bacon e o conde de Oxford – foram propostos como os verdadeiros autores das peças do bardo. Mas afinal, "Quem escreveu Shakespeare"?

Este é o nome do livro de James Shapiro, professor da Universidade de Columbia, lançado no Brasil pela Editora Nossa Cultura, traduzido por Liliana Negrello e Christian Schwartz. Ele explica quando e por que tantas pessoas começaram a questionar a autoria de Shakespeare como Mark Twain, Sigmund Freud e Henry James. 

"Quem escreveu Shakespeare?", apesar do título, o livro não vem para questionar, pelo contrário, vem para esclarecer. Esta tarefa Shapiro faz com facilidade, mesmo sendo um intenso trabalho acadêmico, por ser a reunião de diversas pesquisas, seu tom direto e engraçado traz leveza à obra e ao assunto.

Se não foi Shakespeare, quem foi?
O sucesso das obras de Shakespeare é inegável. Seus textos rodaram o mundo e o mantém vivo até os dias de hoje, porém, não sem qualquer questionamento. Desde 1850 surgem teorias de que o bardo não é o verdadeiro autor de Romeu e Julieta, Hamlet e todas as outras peças até então a ele atribuídas. 

Entre os vários argumentos e sugestões de possíveis nomes que seriam os verdadeiros autores, são muitas as incoerências, interesses e egos por trás desta disputa pela herança das autorias. Infiltrado neste contexto, James Shapiro propõe em seu livro "Quem escreveu Shakespeare?" explicar o porquê destas contestações e quando as mesmas começaram a surgir.

Shapiro é professor na Universidade de Columbia e vem dedicando suas aulas e estudos há mais de 25 anos aos textos de Shakespeare. Esse intenso processo de pesquisa trouxe uma grande quantidade de informações, algumas incoerentes, outras inverossímeis ou surreais e algumas plausíveis. Em sua obra Shapiro, traz de forma prática e com tom bastante irônico –em alguns momentos até cômico – detalhes, segredos e nomes que interferiram na formação da imagem do bardo.

Foi no século XVIII que começa a surgir o interesse pela vida de Shakespeare para além de sua arte. A partir deste momento, diversos estudiosos de todo o mundo se voltam para a pesquisa e busca de documentos que pudessem auxiliar nesta tarefa. A dificuldade para encontrar cartas, contas ou qualquer comprovante com a assinatura do escritor inglês começa a alimentar uma batalha de egos acadêmica. 

Neste cenário, surgem as falsificações, pessoas mal intencionadas e outras interesseiras, como o caso do homem que tornou-se proprietário do terreno de Shakespeare, em Stratford-upon-Avon, depois da morte do autor. O dono vendeu durante anos, artefatos e relíquias feitas a partir de uma árvore que havia sido, supostamente, plantada pelo bardo.

Shapiro também fala sobre a bardolatria, termo que define a excessiva idolatria a William Shakespeare, momento em que o bardo é elevado a deus e idolatrado por todas. Segundo o autor, esta deificação acabou por idealizar um personagem e também cegar as pessoas quanto a possíveis defeitos ou erros.

Por serem muitas as teorias e também os nomes apontados como supostos autores – desde 1850 milhares de livros são publicados contestando a autoria das obras – Shapiro optou por dar atenção a dois candidatos: Francis Bacon e o Conde de Oxford. Isto porque seriam aqueles, segundo o autor, com as candidaturas mais bem documentadas e com mais sentido.

Sobre o autor
Professor de Inglês e Literatura Comparada na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, James Shapiro é autor de vários livros, entre eles "Shakespeare and the Jews", "Oberammergau: The troubling story of the world´s most famous passion play" e o best-seller "A Year in the Life of William Shakespeare: 1599", recentemente publicado no Brasil.
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