O Brasil foi descoberto no rastro das grandes navegações, em meio ao que veio a ser conhecido como o período dos descobrimentos. Por termos nascido do mar, toda a colonização inicial de nosso território partiu do litoral. Por que então tantos brasileiros seguem vivendo próximos ao mar, mas poucos são os que o enfrentam?
A jornalista e produtora Isabella Nicolas, que dirigiu o premiado documentário “Senhores do Vento - A Odisséia do Brasil na Volvo Ocean Race", tinha essa e outras perguntas em mente quando partiu para a produção de um filme que permitisse compreender o porquê de um intervalo de mais de 500 anos entre nossos dois comandantes mais ilustres: Cabral e Torben Grael. Para isso, ela pesquisou em acervos públicos e privados, toda a história da vela no Brasil, desde que as caravelas aportaram por aqui.
Fazendo um paralelo entre as naus portuguesas e o moderno veleiro de 70 pés que abrigou a tripulação do Brasil 1, o documentário e o livro “Mar Me Quer" mostrarão a trajetória dos maiores nomes da vela brasileira. O lançamento será nesta quinta-feira, 16 de abril, às 19h30, no auditório do Centreventos, na Avenida Ministro Victor Konder, no Centro de Itajaí, em Santa Catarina. A ação integra o ciclo de palestras "Construindo um Mundo Melhor".
Por muitos anos negligenciamos nossa costa, tendo a tradição de velejar persistido apenas em regiões onde as demais tradições portuguesas se mantiveram fortes, como o norte/nordeste do país, onde jangadas e saveiros sempre fizeram parte do panorama. Porém, com a modernização das capitais brasileiras nas primeiras décadas do século XX, diversos técnicos europeus tiveram que se estabelecer por aqui, trazendo consigo suas famílias, seus costumes e tradições. Os esportes de vela eram uma delas.
Foram surgindo os primeiros clubes de iatismo, de sócios inicialmente estrangeiros. Mas, em pouco tempo, pioneiros alemães, nórdicos e ingleses foram se juntando a vários brasileiros na abertura de novos clubes nas principais capitais. Apesar da abertura de novos clubes, até a década de 50 a nossa vela ainda engatinhava e seria difícil prever que, nos 40 anos seguintes, o Brasil se tornaria o berço de alguns dos maiores nomes da vela mundial como Robert Scheidt e Torben Grael.
A história de nossa vela de competição, que inaugura o novo século com conquistas como a participação de um barco brasileiro na Volvo Ocean Race edição 2005/6, a vitória de um comandante brasileiro na edição 2008/9 da mesma regata e a eleição de Torben Grael como melhor velejador do mundo, foi escrita graças a nomes como Julio Lienert, Günter Schaeter, Jorge Geyer, Preben Schmidt, Peter Dirk, Walter Von Hütschler, Eduardo Souza Ramos, Robert Sheidt, Claudio Biekarck, os irmãos Schmidt, os clãs Adler, Conrad, Grael, entre tantos outros. Dando a palavra a nomes como Ingrid Grael, Peter Dirk, Pimentel Duarte, Axel e Eric Schmidt, Vitor Demaison, Roberto Geyer, Boris Ostergen, Edna Bueno, Cláudio Buckup, Robert Scheidt e Torben Grael, entre muitos outros.
O filme contará essa grande aventura por alguns de seus maiores protagonistas e por aqueles que a viveram de perto. Com duração total estimada em 60 minutos e veiculação em festivais de cinema e canais de TV por assinatura, o filme tem linguagem acessível ao grande público para, mesmo os que até hoje ainda temem o mar, possam compreender o fascínio que ele provoca naqueles que o amam.
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