quarta-feira, 18 de março de 2015

.: Sentimentos daquele que não era um patinho

Por: Mary Ellen Farias dos Santos*
Em março de 2015


Ele perambulava naquele bosque. Perdido e tão sozinho quanto o tocador da banda de um homem só. Chorou, chorou. Não sabia para onde deveria ir. Parado naquela escuridão absoluta. Gritou sem parar, até perder o fôlego e ganhar rouquidão na voz. 
Enquanto a mente dele não parava de funcionar freneticamente, tudo o que conseguia pensar era no que havia feito para estar ali, completamente sozinho. 

Permaneceu ao lado de um tronco cortado ao meio, por pelo menos uma hora. Realmente, não sabia o que fazer. O frio o abraçou enquanto as lágrimas secaram. Sentia-se indefeso e não tinha coragem para chorar, apenas soluçava.

A vida é cheia de surpresas e voltas. Portanto, é preciso crer que nem tudo está perdido. 


Um lindo cisne que passeava pelas bordas do riacho escutou um ruído indistinto. Pensou que aquilo era algo que estava criando na mente, pois sabia muito bem que durante o período noturno, aquele bosque ficava às moscas. De repente, um farfalhar foi suficiente para dar-lhe a direção exata.

Tomou a parte arenosa da borda daquele riacho que tinha somente o reflexo da lua como iluminação. Caminhou devagar rumo ao desconhecido. Apreensivo! Uma patinha de cada vez, pois não queria espantar o que quer que fosse. Ali, com toda a altura que Deus lhe presenteou, viu que naquele matagal, estava diante de um ser tal qual a espécie que pertencia. Diante da cena apenas conseguiu dizer:

- Vamos! Você é da minha família!


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm 

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