Talvez a obra mais emblemática da carreira de Chico Buarque, a "Ópera do Malandro" já pode ser considerada um clássico do teatro musical brasileiro. Quase quatro décadas após a estreia original (1978), o malandro – como diz uma das célebres canções – surge na praça outra vez em uma nova montagem, com direção de João Falcão.
Esta atual versão, que estreou em julho de 2014 no Rio de Janeiro em uma bem-sucedida temporada, tem elenco basicamente masculino, com uma única atriz, Larissa Luz. O cantor Moyseis Marques interpreta Max Overseas e o grupo de atores que se formou em "Gonzagão - A Lenda" se reencontrou em cena para dar continuidade à pesquisa sobre musicais brasileiros e à parceria com João Falcão. Não à toa, "Gonzagão - A Lenda" estará em cartaz no mesmo Theatro Net SP, em matinês aos sábados e domingos.
Inspirado em "A Ópera do Mendigo" (1728), de John Gay, e em "A Ópera dos Três Vinténs" (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill, a ‘Ópera do Malandro’ conta a história do contrabandista Max, que casa em segredo com Teresinha, filha de Duran, poderoso dono de bordéis e cabarés da Lapa dos anos 40. Com produção da Sarau Agência, o musical estreia dia 13 de março e fica em cartaz em São Paulo até 3 de maio.
"Chico Buarque foi a figura artística que mais me influenciou. A ‘Ópera’ é um mito, um desafio imenso para o diretor, ao lidar com canções eternas da música popular brasileira e com um texto que marcou época", conta João Falcão, que já assinou a dramaturgia com Adriana Falcão – e a direção de ‘Cambaio’, cuja trilha foi especialmente composta por Chico e Edu Lobo em 2001.
Para esta nova montagem, João pinçou músicas do espetáculo original e também do álbum "Malandro", de Chico, e do filme homônimo, dirigido por Ruy Guerra em 1985. No roteiro, as clássicas "Folhetim", "Teresinha", "O Meu Amor", "Geni e o Zepelim" e "Pedaço de Mim" se misturam a canções menos conhecidas do cancioneiro buarqueano, como "Sentimental", "Hino da Repressão" e "Uma Canção Desnaturada".
"É incrível perceber a qualidade da produção de um compositor para um mesmo projeto, é um momento muito inspirado e consagrador para o Chico. As canções da ‘Ópera’ ganharam fôlego fora do teatro, se tornaram tão conhecidas que muitos nem sabem que foram feitas para o palco", admira João.
De Luiz Gonzaga a Chico Buarque
Ainda que bastante fiel ao texto, a concepção de João para o musical é original, ao convocar homens para todas as personagens femininas da peça. Já Larissa Luz, única mulher do elenco, viverá João Alegre, uma espécie de narrador e comentarista da trama.
"Colocar atores para interpretar mulheres vem ao encontro de uma tradição teatral secular e também com uma antiga pesquisa minha’, explica João, responsável por ‘inverter os gêneros’ em outros trabalhos, como a série ‘Sexo Frágil’ (TV Globo) e em peças como ‘Mamãe Não Pode Saber’ e ‘Gonzagão – A Lenda’".
Foi justamente o elenco deste musical inspirado na trajetória de Luiz Gonzaga que motivou João a trabalhar com a "Ópera". Depois de uma extensa turnê nacional e com mais de cem mil espectadores, o grupo que se formou – elenco, produção e direção – quis dar continuidade com o trabalho e agora repete a parceria.
Integrantes do elenco de "Gonzagão", Adren Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fabio Enriquez, Larissa Luz, Renato Luciano e Ricca Barros estão novamente em cena, ao lado de atores aprovados em uma concorrida audição (Bruce de Araújo, Eduardo Landim, Rafael Cavalcanti e Thomas Aquino).
Já Max Overseas encontrou um intérprete bastante familiarizado com o seu habitat: a Lapa carioca. Moyseis Marques, experiente sambista e cantor de shows nos bares da região, fez seu primeiro trabalho como ator neste musical. João assistiu a uma apresentação de Moyseis e encontrou a essência do célebre malandro da peça. Passado no teste de atuação, o cantor - e agora também ator - embarcou de cabeça no desafio.
A Sarau Agência, produtora de Gonzagão, assina novamente a empreitada, assim como a figurinista Kika Lopes e o iluminador Cesar de Ramires. Aurora dos Campos se junta à equipe criativa e fica responsável pela cenografia, que – dentro de toda a proposta da direção – fugirá do realismo, enquanto os figurinos vão brincar com a mistura de épocas e estilos. "É um espetáculo de época (se passa nos anos 40) e teve uma primeira e mítica montagem nos anos 70, que hoje já é de época. Os figurinos vão brincar com isso também", conta João.
Esta nova versão forma mais um capítulo deste clássico sui generis que estreou em junho de 1978 no Teatro Ginástico (RJ) e seguiu com sessões lotadas por mais de um ano, em apresentações de terça a domingo. Baseado em "A Ópera do Mendigo" (1728), de John Gay, e em "A Ópera dos Três Vinténs" (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill, o texto da "Ópera do Malandro" teve direção original de Luís Antonio Martinez Correa, que conduziu meses de estudo sobre o tema e as tramas das peças.
No elenco original constavam nomes como Ary Fontoura (Duran), Claudia Jimenez (Mimi Bibelô), Elba Ramalho (Lucia), Emiliano Queiroz (Geni), Maria Alice Vergueiro (Vitória), Marieta Severo (Teresinha). A direção musical ficou a cargo do maestro John Neshling, que também assinou os arranjos. A cenografia e os figurinos eram de Maurício Sette e a iluminação de Jorginho de Carvalho.
Nos últimos 15 anos, o musical ganhou montagens de Gabriel Villela (em 2000) e da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho (2003).
Ficha Técnica
Adaptação e direção: João Falcão
Direção Musical: Beto Lemos
Direção de Produção e Idealização: Andréa Alves
Com: Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Bruce Araújo, Davi Guilhermme, Eduardo Landim, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Guilherme Borges, Larissa Luz, Rafael Cavalcanti, Renato Luciano, Ricca Barros e Thomás Aquino.
Apresentando: Moyseis Marques
Cenografia: Aurora dos Campos
Figurinos: Kika Lopes
Iluminação: Cesar de Ramires
Coreografia: Rodrigo Marques
Projeto de Som: Fernando Fortes
Visagismo: Uirandê de Holanda
Assistente de Direção: Clayton Marques
Programação Visual: Gabriela Rocha
Músicos: Beto Lemos (rabeca, viola e guitarra), Daniel Silva (Violoncelo e baixo elétrico), Rick De La Torre (bateria e percussão), Roberto Kauffmann (teclado e acordeon), Frederico Cavaliere (clarineta) e Dudu Oliveira (flauta, sax e bandolim).
Serviço
Ópera do Malandra
De 13 de março a 3 de maio
Sextas, às 21h. Sábados, às 21h30. Domingos, às 20h.
"Gonzagão - A Lenda"
De 14 de março a 5 de abril
Sábados, às 18h. Domingos, às 16h30.
Theatro Net São Paulo
Endereço: Rua Olimpíadas, 360 - Itaim Bibi - Shopping Vila Olímpia – 5º piso
Esta atual versão, que estreou em julho de 2014 no Rio de Janeiro em uma bem-sucedida temporada, tem elenco basicamente masculino, com uma única atriz, Larissa Luz. O cantor Moyseis Marques interpreta Max Overseas e o grupo de atores que se formou em "Gonzagão - A Lenda" se reencontrou em cena para dar continuidade à pesquisa sobre musicais brasileiros e à parceria com João Falcão. Não à toa, "Gonzagão - A Lenda" estará em cartaz no mesmo Theatro Net SP, em matinês aos sábados e domingos.
Inspirado em "A Ópera do Mendigo" (1728), de John Gay, e em "A Ópera dos Três Vinténs" (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill, a ‘Ópera do Malandro’ conta a história do contrabandista Max, que casa em segredo com Teresinha, filha de Duran, poderoso dono de bordéis e cabarés da Lapa dos anos 40. Com produção da Sarau Agência, o musical estreia dia 13 de março e fica em cartaz em São Paulo até 3 de maio.
"Chico Buarque foi a figura artística que mais me influenciou. A ‘Ópera’ é um mito, um desafio imenso para o diretor, ao lidar com canções eternas da música popular brasileira e com um texto que marcou época", conta João Falcão, que já assinou a dramaturgia com Adriana Falcão – e a direção de ‘Cambaio’, cuja trilha foi especialmente composta por Chico e Edu Lobo em 2001.
Para esta nova montagem, João pinçou músicas do espetáculo original e também do álbum "Malandro", de Chico, e do filme homônimo, dirigido por Ruy Guerra em 1985. No roteiro, as clássicas "Folhetim", "Teresinha", "O Meu Amor", "Geni e o Zepelim" e "Pedaço de Mim" se misturam a canções menos conhecidas do cancioneiro buarqueano, como "Sentimental", "Hino da Repressão" e "Uma Canção Desnaturada".
"É incrível perceber a qualidade da produção de um compositor para um mesmo projeto, é um momento muito inspirado e consagrador para o Chico. As canções da ‘Ópera’ ganharam fôlego fora do teatro, se tornaram tão conhecidas que muitos nem sabem que foram feitas para o palco", admira João.
De Luiz Gonzaga a Chico Buarque
Ainda que bastante fiel ao texto, a concepção de João para o musical é original, ao convocar homens para todas as personagens femininas da peça. Já Larissa Luz, única mulher do elenco, viverá João Alegre, uma espécie de narrador e comentarista da trama.
"Colocar atores para interpretar mulheres vem ao encontro de uma tradição teatral secular e também com uma antiga pesquisa minha’, explica João, responsável por ‘inverter os gêneros’ em outros trabalhos, como a série ‘Sexo Frágil’ (TV Globo) e em peças como ‘Mamãe Não Pode Saber’ e ‘Gonzagão – A Lenda’".
Foi justamente o elenco deste musical inspirado na trajetória de Luiz Gonzaga que motivou João a trabalhar com a "Ópera". Depois de uma extensa turnê nacional e com mais de cem mil espectadores, o grupo que se formou – elenco, produção e direção – quis dar continuidade com o trabalho e agora repete a parceria.
Integrantes do elenco de "Gonzagão", Adren Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fabio Enriquez, Larissa Luz, Renato Luciano e Ricca Barros estão novamente em cena, ao lado de atores aprovados em uma concorrida audição (Bruce de Araújo, Eduardo Landim, Rafael Cavalcanti e Thomas Aquino).
Já Max Overseas encontrou um intérprete bastante familiarizado com o seu habitat: a Lapa carioca. Moyseis Marques, experiente sambista e cantor de shows nos bares da região, fez seu primeiro trabalho como ator neste musical. João assistiu a uma apresentação de Moyseis e encontrou a essência do célebre malandro da peça. Passado no teste de atuação, o cantor - e agora também ator - embarcou de cabeça no desafio.
A Sarau Agência, produtora de Gonzagão, assina novamente a empreitada, assim como a figurinista Kika Lopes e o iluminador Cesar de Ramires. Aurora dos Campos se junta à equipe criativa e fica responsável pela cenografia, que – dentro de toda a proposta da direção – fugirá do realismo, enquanto os figurinos vão brincar com a mistura de épocas e estilos. "É um espetáculo de época (se passa nos anos 40) e teve uma primeira e mítica montagem nos anos 70, que hoje já é de época. Os figurinos vão brincar com isso também", conta João.
Esta nova versão forma mais um capítulo deste clássico sui generis que estreou em junho de 1978 no Teatro Ginástico (RJ) e seguiu com sessões lotadas por mais de um ano, em apresentações de terça a domingo. Baseado em "A Ópera do Mendigo" (1728), de John Gay, e em "A Ópera dos Três Vinténs" (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill, o texto da "Ópera do Malandro" teve direção original de Luís Antonio Martinez Correa, que conduziu meses de estudo sobre o tema e as tramas das peças.
No elenco original constavam nomes como Ary Fontoura (Duran), Claudia Jimenez (Mimi Bibelô), Elba Ramalho (Lucia), Emiliano Queiroz (Geni), Maria Alice Vergueiro (Vitória), Marieta Severo (Teresinha). A direção musical ficou a cargo do maestro John Neshling, que também assinou os arranjos. A cenografia e os figurinos eram de Maurício Sette e a iluminação de Jorginho de Carvalho.
Nos últimos 15 anos, o musical ganhou montagens de Gabriel Villela (em 2000) e da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho (2003).
Ficha Técnica
Adaptação e direção: João Falcão
Direção Musical: Beto Lemos
Direção de Produção e Idealização: Andréa Alves
Com: Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Bruce Araújo, Davi Guilhermme, Eduardo Landim, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Guilherme Borges, Larissa Luz, Rafael Cavalcanti, Renato Luciano, Ricca Barros e Thomás Aquino.
Apresentando: Moyseis Marques
Cenografia: Aurora dos Campos
Figurinos: Kika Lopes
Iluminação: Cesar de Ramires
Coreografia: Rodrigo Marques
Projeto de Som: Fernando Fortes
Visagismo: Uirandê de Holanda
Assistente de Direção: Clayton Marques
Programação Visual: Gabriela Rocha
Músicos: Beto Lemos (rabeca, viola e guitarra), Daniel Silva (Violoncelo e baixo elétrico), Rick De La Torre (bateria e percussão), Roberto Kauffmann (teclado e acordeon), Frederico Cavaliere (clarineta) e Dudu Oliveira (flauta, sax e bandolim).
Ópera do Malandra
De 13 de março a 3 de maio
Sextas, às 21h. Sábados, às 21h30. Domingos, às 20h.
"Gonzagão - A Lenda"
De 14 de março a 5 de abril
Sábados, às 18h. Domingos, às 16h30.
Theatro Net São Paulo
Endereço: Rua Olimpíadas, 360 - Itaim Bibi - Shopping Vila Olímpia – 5º piso
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