Uma série de reencontros marca a estréia de "Hora Amarela", primeira montagem no Brasil de Through the Yellow Hour, do dramaturgo norte-americano Adam Rapp. Dez anos após o sucesso de "Baque’ (2005), Monique Gardenberg volta a dirigir Deborah Evelyn, além de ter a segunda experiência com a dramaturgia de Rapp, autor de "Inverno da Luz Vermelha", encenado por ela em 2011. Em São Paulo até 29 de março no Sesc Bom Retiro, o texto ganhou tradução de Isabel Wilker, que também está no elenco. A atriz Mônica Torres, que assistiu à montagem original e adquiriu os direitos do texto, é a idealizadora do projeto.
"’Hora Amarela’ é diferente de tudo que já fiz. Logo que recebi o convite de Deborah e Mônica fiquei resistente. Nunca havia imaginado encenar uma ficção científica. Mas aos poucos fui me dando conta que, embora a história se passe no futuro, tudo o que acontece em cena já foi, de uma forma ou de outra, produzido pelo homem, tem uma base real que a torna assustadora e nos faz refletir sobre os caminhos da humanidade", conta Monique sobre o texto, cuja ação se passa em uma Nova York sitiada e arrasada por uma guerra misteriosa e violenta.
"Quando assisti à montagem americana, me despertou novamente a vontade de produzir, adormecida há quase duas décadas. Quis trazer para cá esta discussão que o Adam Rapp propõe sobre intolerância, religião, fanatismo e preconceito. É um momento muito oportuno", conta Mônica Torres, que logo mandou o texto para Deborah e as duas convidaram Monique para assumir a direção da empreitada.
Sinopse
Escondida há três meses no porão de seu prédio, Ellen (Deborah Evelyn) faz de tudo para sobreviver e não perder a esperança de rever o marido desaparecido. No desenrolar da peça, ela é surpreendida com a chegada de diferentes personagens, como Maude (Isabel Wilker), jovem viciada em drogas à procura de abrigo, o professor Hakim (Michel Bercovicth), que traz notícias do mundo externo e um fugitivo Sírio (Daniel Infantini) que não consegue se comunicar por não falar outra língua. A situação se torna cada vez mais desoladora e Ellen tenta desesperadamente seguir em frente e se manter viva.
Para recriar este ambiente de extrema destruição, Monique convidou Daniela Thomas (cenografia), Cassio Brasil (figurinos) e Maneco Quinderé (iluminação), parceiros da diretora em ‘Inverno da Luz Vermelha’ (2010). "Estamos em um bunker fechado e claustrofóbico. Daniela trabalhou em cima desta ideia, a de um porão fechado abaixo do solo. A vida se passa, portanto, sobre a cabeça dos atores", diz Monique, ressaltando que a luz virá quase sempre de fontes em cena, como luminárias, lanternas e resistências.
Outro ponto fundamental para o desenvolvimento dos conflitos será a trilha sonora, composta especialmente para o espetáculo pelo músico paulista Lourenço Rebetez. Segundo Monique, o som "comenta" toda a peça: "Quando li o texto, pensei: tem que ser rápido, doloroso e muito tenso. A forma de criar esta tensão seria através da trilha sonora, algo que precisaria ser composto. Por coincidência, antes de começarem os ensaios, assisti a um ballet do coreógrafo Ricardo Linhares musicado pelo Lourenço. Além de um profundo conhecimento musical, ele é um pensador inquieto. Eu precisava desta combinação", conta a diretora.
A peça
"Through the Yellow Hour" estreou em 2012 em Nova Iorque e surpreendeu público e crítica com a terrível visão de um futuro possível para o país. A guerra apresentada - entre uma potência desconhecida e os Estados Unidos - atinge proporções aterradoras. O espectador pode até supor que o exército invasor seja muçulmano - os soldados usam turbantes, tem a barba comprida e rezam ao amanhecer -, mas a intenção de Adam Rapp é mostrar que, na hora de tentar saber quem nos apavora, lidamos apenas com as nossas próprias suposições.
Em entrevista recente, Rapp revelou que quis escrever o texto depois de ler sobre a guerra civil na Síria e sobre os conflitos recentes no Egito e em todo o Oriente Médio. "São lugares onde há tanta incerteza e caos que pensei: ‘e se trouxéssemos isso tudo de uma maneira estranha e misteriosa para cá? Como lidaríamos com isso? Como se sobrevive em um mundo como este? Como se manter vivo? Como se manter são", disse o autor.
Ao imaginar o cenário de destruição, guerra e ruína de "Hora Amarela", Rapp parece sugerir que a humanidade caminha para um futuro sombrio. No entanto, a resiliência de sua protagonista diz o contrário. É uma qualidade de nossa espécie: a força de lutar, como Ellen, para sobreviver dentro de uma realidade aterradora.
O teatro de Adam Rapp
“Adam escreve como nenhum outro, suas palavras têm um poder poético feroz tão inescapável quanto a ruína que aguarda seus personagens. Seu trabalho é sombrio e verdadeiro, tem o traço de um mestre em formação”. As palavras de Marsha Norman, co-diretora do programa de dramaturgia da Julliard School, NY, nos dão a dimensão da obra de Adam Rapp. Nascido no Illinois, Adam Rapp é um dos dramaturgos mais proeminentes de sua geração.
É formado em dramaturgia pela Julliard School em Nova Iorque, uma das escolas de maior prestígio na área. Aos 45 anos, já escreveu mais de 25 peças teatrais e publicou oito livros, além de trabalhar também como diretor, roteirista e ator. Em 2006, seu texto “O Inverno da Luz Vermelha” foi vencedor do prêmio Obie (importante premiação da comunidade teatral Off Broadway em Nova Iorque) e finalista do prêmio Pulitzer. Em outubro de 2012, Rapp foi vencedor do prestigioso PEN Literary Award. “Hora Amarela” é seu trabalho mais recente.
A montagem norte americana de “Hora Amarela”, dirigida pelo próprio autor e que estreou em 2012 no Rattlestick Playwrights Theatre em Nova Iorque, foi bastante elogiada pela crítica especializada, e recebeu algumas indicações a prêmios. “A Hora Amarela é sensacional de se ver e ouvir - 4 estrelas!” (Time Out, NY); “Entusiasmante!” (Backstage); “Um sucesso inegável” (Huffington Post); “’Hora Amarela’ é o trabalho mais poderoso de Rapp” (Lighting and Sound) ; “Uma sociedade distópica completa e assustadoramente concebível”( Curtain Up).
No ano de 2013, a montagem original recebeu duas indicações ao prêmio Henry Hewes Design Awards, nas categorias de cenário e iluminação, e uma indicação ao prêmio Drama Desk Awards - este ano em sua 58ª edição - na categoria de desenho de som. De maneira semelhante a outros trabalhos do autor, os personagens se encontram num cenário apertado, quase claustrofóbico e em uma situação limite.
"Hora Amarela" é uma produção de Monica Torres e Calligaris Produções Literárias e Artísticas Ltda. com o patrocínio da Eletrobras, Banco do Brasil e Vivo, uma realização do Ministério da Cultura através da Lei Rouanet. O espetáculo integra o projeto "Vivo EnCena", uma iniciativa da Vivo que estimula o intercâmbio de projetos de artes cênicas com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do país e da sociedade como um todo.
O teatro é pensado além do espetáculo, sendo estabelecida uma rede de ações de formação de plateia, inclusão cultural e desenvolvimento profissional, compartilhando histórias inspiradoras, conceitos inovadores e ideias transformadoras no âmbito da cultura. O "Vivo EnCena" é realizado há dez anos e está presente em 20 estados de todo o país, além de realizar ações próprias e a curadoria do Teatro Vivo, situado na capital paulista.
"Hora Amarela"
Direção: Monique Gardenberg
Elenco: Deborah Evelyn, Isabel Wilker, Michel Bercovitch, Darlan Cunha, Daniel Infantini e Daniele do Rosario
Cenografia: Daniela Thomas
Figurinos: Cassio Brasil
Iluminação: Maneco Quinderé
Trilha Sonora Original: Lourenço Rebetez e Zé Godoy
Realização: Calligaris Produções Literárias e Artísticas
Data: até 29 de março
Local: Teatro do Sesc Bom Retiro - 291 lugares - Al. Nothmann,185 – Campos Elíseos
Ingressos: valores: de R$ 9 a R$ 30.
Horário: sextas às 20h; sábados às 19h; domingos às 18h.
Classificação: Não recomendado para menores de 16 anos. Duração 90 min.
Acessibilidade: Entrada com acesso para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Poltronas reservadas para cadeirantes.
Estacionamento próprio: R$4 e R$8.
"’Hora Amarela’ é diferente de tudo que já fiz. Logo que recebi o convite de Deborah e Mônica fiquei resistente. Nunca havia imaginado encenar uma ficção científica. Mas aos poucos fui me dando conta que, embora a história se passe no futuro, tudo o que acontece em cena já foi, de uma forma ou de outra, produzido pelo homem, tem uma base real que a torna assustadora e nos faz refletir sobre os caminhos da humanidade", conta Monique sobre o texto, cuja ação se passa em uma Nova York sitiada e arrasada por uma guerra misteriosa e violenta.
"Quando assisti à montagem americana, me despertou novamente a vontade de produzir, adormecida há quase duas décadas. Quis trazer para cá esta discussão que o Adam Rapp propõe sobre intolerância, religião, fanatismo e preconceito. É um momento muito oportuno", conta Mônica Torres, que logo mandou o texto para Deborah e as duas convidaram Monique para assumir a direção da empreitada.
Sinopse
Escondida há três meses no porão de seu prédio, Ellen (Deborah Evelyn) faz de tudo para sobreviver e não perder a esperança de rever o marido desaparecido. No desenrolar da peça, ela é surpreendida com a chegada de diferentes personagens, como Maude (Isabel Wilker), jovem viciada em drogas à procura de abrigo, o professor Hakim (Michel Bercovicth), que traz notícias do mundo externo e um fugitivo Sírio (Daniel Infantini) que não consegue se comunicar por não falar outra língua. A situação se torna cada vez mais desoladora e Ellen tenta desesperadamente seguir em frente e se manter viva.
Para recriar este ambiente de extrema destruição, Monique convidou Daniela Thomas (cenografia), Cassio Brasil (figurinos) e Maneco Quinderé (iluminação), parceiros da diretora em ‘Inverno da Luz Vermelha’ (2010). "Estamos em um bunker fechado e claustrofóbico. Daniela trabalhou em cima desta ideia, a de um porão fechado abaixo do solo. A vida se passa, portanto, sobre a cabeça dos atores", diz Monique, ressaltando que a luz virá quase sempre de fontes em cena, como luminárias, lanternas e resistências.
Outro ponto fundamental para o desenvolvimento dos conflitos será a trilha sonora, composta especialmente para o espetáculo pelo músico paulista Lourenço Rebetez. Segundo Monique, o som "comenta" toda a peça: "Quando li o texto, pensei: tem que ser rápido, doloroso e muito tenso. A forma de criar esta tensão seria através da trilha sonora, algo que precisaria ser composto. Por coincidência, antes de começarem os ensaios, assisti a um ballet do coreógrafo Ricardo Linhares musicado pelo Lourenço. Além de um profundo conhecimento musical, ele é um pensador inquieto. Eu precisava desta combinação", conta a diretora.
A peça
"Through the Yellow Hour" estreou em 2012 em Nova Iorque e surpreendeu público e crítica com a terrível visão de um futuro possível para o país. A guerra apresentada - entre uma potência desconhecida e os Estados Unidos - atinge proporções aterradoras. O espectador pode até supor que o exército invasor seja muçulmano - os soldados usam turbantes, tem a barba comprida e rezam ao amanhecer -, mas a intenção de Adam Rapp é mostrar que, na hora de tentar saber quem nos apavora, lidamos apenas com as nossas próprias suposições.
Em entrevista recente, Rapp revelou que quis escrever o texto depois de ler sobre a guerra civil na Síria e sobre os conflitos recentes no Egito e em todo o Oriente Médio. "São lugares onde há tanta incerteza e caos que pensei: ‘e se trouxéssemos isso tudo de uma maneira estranha e misteriosa para cá? Como lidaríamos com isso? Como se sobrevive em um mundo como este? Como se manter vivo? Como se manter são", disse o autor.
Ao imaginar o cenário de destruição, guerra e ruína de "Hora Amarela", Rapp parece sugerir que a humanidade caminha para um futuro sombrio. No entanto, a resiliência de sua protagonista diz o contrário. É uma qualidade de nossa espécie: a força de lutar, como Ellen, para sobreviver dentro de uma realidade aterradora.
O teatro de Adam Rapp
“Adam escreve como nenhum outro, suas palavras têm um poder poético feroz tão inescapável quanto a ruína que aguarda seus personagens. Seu trabalho é sombrio e verdadeiro, tem o traço de um mestre em formação”. As palavras de Marsha Norman, co-diretora do programa de dramaturgia da Julliard School, NY, nos dão a dimensão da obra de Adam Rapp. Nascido no Illinois, Adam Rapp é um dos dramaturgos mais proeminentes de sua geração.
É formado em dramaturgia pela Julliard School em Nova Iorque, uma das escolas de maior prestígio na área. Aos 45 anos, já escreveu mais de 25 peças teatrais e publicou oito livros, além de trabalhar também como diretor, roteirista e ator. Em 2006, seu texto “O Inverno da Luz Vermelha” foi vencedor do prêmio Obie (importante premiação da comunidade teatral Off Broadway em Nova Iorque) e finalista do prêmio Pulitzer. Em outubro de 2012, Rapp foi vencedor do prestigioso PEN Literary Award. “Hora Amarela” é seu trabalho mais recente.
A montagem norte americana de “Hora Amarela”, dirigida pelo próprio autor e que estreou em 2012 no Rattlestick Playwrights Theatre em Nova Iorque, foi bastante elogiada pela crítica especializada, e recebeu algumas indicações a prêmios. “A Hora Amarela é sensacional de se ver e ouvir - 4 estrelas!” (Time Out, NY); “Entusiasmante!” (Backstage); “Um sucesso inegável” (Huffington Post); “’Hora Amarela’ é o trabalho mais poderoso de Rapp” (Lighting and Sound) ; “Uma sociedade distópica completa e assustadoramente concebível”( Curtain Up).
No ano de 2013, a montagem original recebeu duas indicações ao prêmio Henry Hewes Design Awards, nas categorias de cenário e iluminação, e uma indicação ao prêmio Drama Desk Awards - este ano em sua 58ª edição - na categoria de desenho de som. De maneira semelhante a outros trabalhos do autor, os personagens se encontram num cenário apertado, quase claustrofóbico e em uma situação limite.
"Hora Amarela" é uma produção de Monica Torres e Calligaris Produções Literárias e Artísticas Ltda. com o patrocínio da Eletrobras, Banco do Brasil e Vivo, uma realização do Ministério da Cultura através da Lei Rouanet. O espetáculo integra o projeto "Vivo EnCena", uma iniciativa da Vivo que estimula o intercâmbio de projetos de artes cênicas com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do país e da sociedade como um todo.
O teatro é pensado além do espetáculo, sendo estabelecida uma rede de ações de formação de plateia, inclusão cultural e desenvolvimento profissional, compartilhando histórias inspiradoras, conceitos inovadores e ideias transformadoras no âmbito da cultura. O "Vivo EnCena" é realizado há dez anos e está presente em 20 estados de todo o país, além de realizar ações próprias e a curadoria do Teatro Vivo, situado na capital paulista.
"Hora Amarela"
Texto: Adam Rapp
Tradução: Isabel WilkerDireção: Monique Gardenberg
Elenco: Deborah Evelyn, Isabel Wilker, Michel Bercovitch, Darlan Cunha, Daniel Infantini e Daniele do Rosario
Cenografia: Daniela Thomas
Figurinos: Cassio Brasil
Iluminação: Maneco Quinderé
Trilha Sonora Original: Lourenço Rebetez e Zé Godoy
Realização: Calligaris Produções Literárias e Artísticas
Data: até 29 de março
Local: Teatro do Sesc Bom Retiro - 291 lugares - Al. Nothmann,185 – Campos Elíseos
Ingressos: valores: de R$ 9 a R$ 30.
Horário: sextas às 20h; sábados às 19h; domingos às 18h.
Classificação: Não recomendado para menores de 16 anos. Duração 90 min.
Acessibilidade: Entrada com acesso para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Poltronas reservadas para cadeirantes.
Estacionamento próprio: R$4 e R$8.
0 comments:
Postar um comentário
Deixe-nos uma mensagem.