terça-feira, 3 de março de 2015

.: Entrevista com Nelson Fernando, ator e guia do parque Mini-Mundo

“Cada pessoa que eu encaro é uma gota d’água que purifica sempre as emoções”. - Nelson Fernando


Por Helder Miranda
Com a colaboração de Mary Ellen Farias dos Santos
Em março de 2015


Eu nunca vou me esquecer daquela tarde ensolarada de janeiro em que entramos no Parque Mini-Mundo, logo nos primeiros dias de 2015. Sem dúvida a melhor atração de toda a cidade, o lugar fala por si só. Mas, quando você for para Gramado, além de visitar esse parque, que é um passeio obrigatório para quem estiver por lá, a dica é pedir uma visita monitorada com o limpador de chaminés que, além de entender de tudo e contar minúcias sobre o já detalhado local – é tanta miniatura bonita que um olhar desavisado não consegue acompanhar tudo, por mais que queira – ainda tira fotos. 

Por trás desse querido personagem, que com uma narração enérgica atrai curiosos que o seguem em sua monitoria, e lembra muito aqueles personagens encantadores da Disney, há um rapaz cuja história de vida merece ser contada. Ele é Nelson Fernando, que desde os cinco anos sonha em trabalhar no Mini-Mundo. 

Como tudo na vida é querer, poder e conseguir, ele transborda, a partir de suas atitudes emprestadas ao “limpador de chaminés”, a felicidade por estar naquele mundo mágico que parece sempre querer se expandir cada vez mais – estão previstas novas instalações para os olhares dos visitantes sempre terem mais o que ver - embora tenha “Mini” no nome. 

O parque fica quase em frente ao Hotel Rita Höppner, da família proprietária que, desde o dia 24 de setembro de 1958, foi o primeiro hotel com calefação na cidade de Gramado. A Rita, que dá nome ao hotel, que é chiquérrimo, falecida em 1970, era a esposa do senhor Otto. Saindo do parque, a dica é conhecer, mesmo que por fora, o visual do hotel e as casas vizinhas, com as hortênsias que nesta época do ano insistem em aparecer e torna tudo ainda mais lindo e acolhedor. É, garantimos, um espetáculo para os olhos. 



RESENHANDO - Como é trabalhar no Mini-Mundo?
NELSON FERNANDO - Eu sonho em trabalhar aqui desde 1990, quando tinha cinco anos, pois eu também tive um avô maravilhoso, como aquele que construiu todo esse parque para os netos. A partir dessa ideia de um grande homem, eu digo com todo carinho que esta história sempre se multiplicou. E hoje eu vejo no neto Guilherme a figura do senhor Otto, que tanto amou todos os netos. Eu dou seguimento ao meu trabalho e, por mais que eu faça a mesma apresentação, ela sempre muda, porque cada pessoa que eu encaro é uma gota d’água que purifica sempre as emoções. 


RESENHANDO - Antes da entrevista, você disse que sonhava em trabalhar por aqui...
N. F. - Sim, como eu disse a vocês, o sonho de trabalhar aqui é desde os cinco anos de idade. E porque foi a última vez que vim como visitante. Como eu colecionava os bonecos Gulliver e gostava das histórias do Walt Disney, saiu uma enciclopédia da Disney em livro em capa dura. E eu transformava esses livros, abrindo eles, e fazendo ocas para os bonecos. 


RESENHANDO - Como você se prepara para as visitas monitoradas?
N. F. - Nenhuma apresentação é igual, mas eu consigo captar a essência daqui, que é mágica, familiar e reúne várias partes do mundo em um só lugar. Eu vim uma única vez e marcou. Foi uma sensação boa. Tenho fotos deste momento.


RESENHANDO - Por que demorou tanto tempo para voltar?
N. F. - Porque não sou natural da cidade de Gramado. Eu sou de Rio Grande, primeira cidade do Rio Grande do Sul. Então através dos tempos que eu tive vontade de voltar a este lugar, eu busquei informações, porque sempre fui uma pessoa decidida em exercer minhas funções . Assim como eu tenho amor familiar, eu busco a união de outros lugares, as culturas e os encantos para cada visitante que nós temos aqui.  


RESENHANDO - E como é realizar um sonho de tantos anos?
N. F. - Tanto profissional quanto pessoal, eu estou realizado. Porque a própria família Höppner permite trabalhar e exercer minhas funções sérias, por mais que eu brinque. 


RESENHANDO - Qual o seu lugar favorito no parque?
N. F. - A casinha de bonecas. Lá está a essência de tudo. Está a natureza e principalmente o significado da palavra amor. São sete complexos de várias partes do mundo, onde temos a referência maior do Brasil, o Museu Paulista,  temos a Prefeitura de Gramado, em que o senhor Otto Höppner, que é o dono do parque, ajudou a projetar. É uma construção de 1982, com estilo das casas da Bavária, ao Sul da Alemanha, e a representação do castelo do rei Ludovic II, e quem hoje habita é o príncipe Philip, principalmente na parte de inverno da Alemanha.


RESENHANDO - E o personagem favorito entre os mini-habitantes?
N. F. - Eu vou puxar para o meu lado, que é o limpador de chaminés, que é o símbolo da sorte de quem avista o Parque Mini-Mundo. Eu represento o filho do senhor Otto, o senhor Hein e, como vocês vão conhecer depois a Bruxinha Ju, que é a representação da matriarca, a dona Jussara.  A quantidade de mini-habitantes do parque, pelo censo de 2014, é de 2183 cadastrados. 


RESENHANDO - Das historias que você conta para os visitantes sobre os mini-habitanres, qual a sua favorita?
N. F. - Entre tantas historinhas que nós temos pelo nosso Mini-Mundo, eu escolho a do “Antonio Pula-Cerca” pela mancha de batom no colarinho dele. Mesmo estando grávida, a última coisa que ela joga pela sacada é a mala, por duas situações. Primeiro, ele não soube amá-la, e segundo, porque ele foi um “mala” na vida dela. Como nós temos aqui representados os mini-Beatles, com o Paul de pés descalços, como na capa do famoso disco de 1966,em que eles passam por uma faixa de pedestres. Há, também, a homenagem a Roberto Bolaños, o eterno Chaves, com a representação dele, da Chiquinha, do Kiko e do barril. 


RESENHANDO - Como as miniaturas resistem a sol, chuva e até neve?
N. F. - Eu tenho que falar com vocês que esse parque suporta as intempéries do tempo. As réplicas são feitas em acrílico, resina, e são pintadas com tinta automotiva. Todas elas projetadas e construídas pelo núcleo de engenharia do Mini-Mundo, localizado o hotel da família, em frente ao parque. 


RESENHANDO - Qual das réplicas é a sua favorita?
N. F. - O que gosto não é de determinada réplica específica, direcionada. Mas, sim, toda a história por trás dela. O porquê das construções, a posição dos mini-habitantes, porque cada etapa é um ponto para ser vencido. Então, uma réplica que leva nove meses para ser construída, ou o Museu Paulista que levou um ano para fazer somente o prédio, dividido em quatro etapas, e o seu jardim, levou oito meses para ser feito. O meu respeito pela família é o mesmo pelos criadores do parque, pois são eles que fazem o meu sucesso e uma coisa leva a outra.


RESENHANDO - E vocês fazem ações sociais?
N. F. - Além de promover belas visitas e acompanhamento no nosso Parque Mini-Mundo, temos ações sociais, voltadas para o aluno “Nota Dez”, também qualificação da escola em atendimento. O melhor aluno recebe o Quiquito. E, também, nós tivemos em 2014, a 12ª Campanha do Alimento, em que tudo é arrecadado para as comunidades carentes de Gramado e Canela, quando visitantes podem entrar com apenas um quilo de alimento e recebe surpresas, além do acompanhamento do parque, ações sociais, tudo beneficente.


RESENHANDO - Quer fazer um convite para os leitores do Resenhando?
N. F. - Eu faço um convite a todos, pois não é apenas se permitir conhecer o parque, mas, como eu digo a vocês, exercitar o lado criança. E aqui é um parque para todas as idades. Pelo site Trip Advisor ganhamos o prêmio de melhor atendimento e excelência de parques de 2014. O objetivo não é sempre ganhar prêmios, mas manter a qualidade para quem nos visita.
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