Em março de 2015
Depois de um ano longe da quimioterapia, hoje avalio a vida de forma diferente e com outros olhos. Para que não sabe, em 2012 fui diagnosticada com câncer de mama, eu fui modelo e sempre estive ligada ao mundo da moda, estava acostumada com a beleza dos editoriais de moda, com a cobrança pela nossa aparência impecável, com o glamour que a profissão nos traz e com um mundo que poucos têm o privilegio de conhecer. O diagnostico caiu como uma bomba na minha cabeça. Chorei por dez dias, entrei em desespero, o que seria da minha vida? Cheguei ate a sentir vergonha do que estava acontecendo comigo, eu queria me esconder.
Depois eu passei para a fase de “aceitação” - não tinha remédio, alias tinha e muito, minha caminhada ainda seria longa até o fim do tratamento. Você recebe uma noticias dessas e perde o rumo, acha que o mundo acabou ali, só que não, é apenas um recomeço. Passaram-se um pouco mais de dois anos e hoje estou ainda mais linda e forte do que antes.
Não foi fácil, mas ficar chorando pelos cantos também não iria amenizar a doença, o jeito foi vestir o melhor lenço e encarar de frente. Nesses tempo aprendi a resgatar a autoestima, a ver o outro lado das coisas, a não encarar tudo como o fim, como as vezes fazemos com os alguns problemas diários.
Perder os cabelos não é nada para quem poderia perder a vida não é. Com esse pensamento levei um dia após o outro, da mesma forma que sempre encarei tudo, com alegria, beleza e leveza.
Pesquisando e convivendo com pessoas que passavam pelas mesmas dificuldades descobri que muitas deixaram a autoestima de lado, desde então tento ajudá-las a resgatar isso, com autoestima elevada o tratamento se torna menos doloroso. Cursos de make, fundação de um banco de lenços, ensaios fotográficos que inspiram qualquer pessoa são provas de que mesmo com algumas limitações a vida pode ser vivida de forma plena. Em março completei um ano sem quimioterapia e sou uma pessoa muito melhor.
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