Por trás das paredes é a uma biografia que desvenda a arte do grafiteiro Banksy, já que ninguém sabe ao certo quem ele é. Artista de personalidade genuinamente enigmática, cuja identidade nunca foi revelada, ele permanece como uma incógnita, tanto para o público como para a crítica, desde 1990 quando surgiu.
O desafio do autor, jornalista Will Ellsworth-Jones - que não tem a intenção de desmascará-lo - foi reunir diversas peças e mostrar como, no espaço de apenas uma década, alguém cujo trabalho era considerado por muitos como mero vandalismo, tornou-se uma espécie de tesouro da Grã-Bretanha. Para escrever o primeiro relato completo da carreira de Banksy, o autor conversou com conhecidos e adversários grafiteiros.
“Ele é o fora da lei que foi arrastado, relutante, mas reiteradamente, cada vez mais em direção ao sistema da arte. Ele é o artista que zombou tanto dos museus quanto das galerias de arte”, descreve o autor.
Banksy é um artista único e responsável por todo um novo movimento na arte. Capitalista relutante, atualmente suas obras são vendidas em leilões por centenas de milhares de libras. Para alguém que foge dos holofotes, oculta seu verdadeiro nome, nunca mostra o rosto e concede entrevistas apenas por e-mail, ele é notavelmente famoso. Sobre o anonimato, Banksy alega que o mantém para se proteger da lei e da ordem.
Em 2003, disfarçado com barba, sobretudo, lenço no pescoço, chapéu e portando uma grande sacola de papel, Banksy adentrou na galeria Tate, em sua cidade natal, Bristol. Passando direto pelos seguranças, ele caminhou calmamente até a sala 7, no segundo andar e, em um espaço vago na parede, quase que escondido, fixou o quadro que trazia na sacola.
Tal ação se repetiu em galerias de Paris, Nova York e Londres. Banksy “presenteou” também os museus Met e MOMA, em Nova York, nos Estados Unidos, que o ajudou a tornar-se um grafiteiro conhecido internacionalmente.
Certa vez um entrevistador de uma rádio norte-americana perguntou a Banksy se ele fazia esse tipo de incursões sozinho. Ele respondeu: “Faço, sim, porque levar outras pessoas junto não é o tipo da coisa que se faz”. Estritamente falando, ele disse a verdade - uma pessoa só bastou para entrar e colocar a pintura na parede.
Artista que faz da rua sua galeria, Banksy já foi selecionado para a lista das 100 pessoas mais influentes do planeta, organizada pela revista Times, em 2010, ao lado de pessoas como o atual presidente dos Estados Unidos Barack Obama, o empresário Steve Jobs e a cantora Lady Gaga. Seu documentário [Exit Through the Gift Shop] [Saída Pela Loja de Presentes] foi indicado ao Oscar.
Sua busca pela fama e reconhecimento é para que pessoas que nunca chegaram perto de uma galeria ou um museu possam ver suas imagens pela primeira vez, em jornais ou na televisão, e especialmente na rede mundial de computadores. Rapidamente, o grafiteiro tornou-se o primeiro artista internacional da internet.
Na obra, os leitores também vão apreciar alguns dos mais polêmicos trabalhos de Banksy. Fazem parte do caderno de fotos do livro grafites e exposições como a “Turf War”, de 2003, que provocou reações de defensores dos direitos dos animais, e que na época gerou a ele ainda mais publicidade e exposição.
Como já mencionado acima, este livro não tenta desmascarar Banksy. Durante as entrevistas com pessoas que conhecem o grafiteiro, o autor afirmou a todo momento que não solicitaria nenhuma revelação sobre a identidade real do artista, que, segundo o jornal inglês The Observer, “faz questão de manter e preservar seu próprio mito”.
Sobre o autor
Will Ellsworth-Jones foi repórter-chefe e correspondente em Nova Iorque do jornal The Sunday Times, além de ter trabalhado como editor nas revistas Telegraph, Independent e Saga. Seu livro de estreia foi uma pesquisa histórica sobre aqueles que se opuseram conscientemente à Primeira Guerra Mundial, We Will Not Figh [Não Lutaremos - não lançado no Brasil]. Vive em Londres.
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