Maria Aparecida é um exemplo de pessoa que acredita piamente em vida após a vida. Não que ela tivesse formação religiosa ou fosse adepta da teoria Kardecista, apenas confiava. Ela passou por grandes provações. Primeiro foi seu filho, sua avó e depois o seu marido. No entanto, a morte de parentes próximos, num curto intervalo de tempo, não foi o bastante para abalar sua crença.
Conversei com ela pouco depois desses acontecimentos e a lucidez com que ela me explicou o motivo de continuar acreditando na vida me deixou impressionado.
- Eu teria tantos motivos para ficar em casa chorando, reclamando e lamentando, mas isso não traria as pessoas que eu amo de volta. Por isso, fui à luta.
Além da certeza de que a vida sempre continua, Maria sabia que sua missão ainda não estava completa e também precisa trabalhar para terminar de criar os outros seis filhos.
Sem direito a aposentadoria ela trabalhou, trabalhou e trabalhou ainda mais por dias e noites durante anos.
Mas apenas a labuta como costureira, profissão que exercia antes mesmo do casamento aos dezessete anos, não lhe completava. Então, decidiu fazer trabalhos voluntários para a Igreja.
Essa atividade beneficente ganhou destaque em sua comunidade. E, como tudo que se planta colhe, ela ganhou respeito e a oportunidade de trabalho para o filho mais velho. Os mais novos continuavam estudando.
Desde os acontecimentos traumáticos aquelas reações psicológicas inerentes a todos os normais – negação, revolta, barganha, depressão, – não existiram no pensamento e na vida de Maria. A aceitação foi à fase que sempre esteve presente.
- Seja feita a vossa vontade.
Com a certeza de que somente o amor nos conduz à vida eterna, Maria ampliou os limites de atendimento. Sem abandonar o trabalho, agora como professora de corte e costura, e pela certeza de ver os filhos criados, passou a dedicar o seu tempo e carinho onde quer que fosse chamada. De Alagoas, viajou para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo e demais Estados do Brasil ajudando necessitados com palavras de amor e ensinando pessoas a perdoar e a pedir perdão.
Mesmo jovem – na época em que seu marido partiu –, nunca mais teve outro romance. Vive, hoje, de forma altruísta, para seus filhos e o sentido da vida para ela é dedicar seu tempo para ajudar a quem precisa.
- Sou feliz assim. Acredito que nunca estarei sozinha.
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