quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

.: O Irreal Possível, por João Tavares Neto

Por João Tavares Neto
Em fevereiro de 2015

Hoje é mais um dia no calendário de nossas vidas separadas e, mais uma vez, eu estou pensando em você. Ainda lembro que prometi a mim mesmo não mais expressar meus sentimentos em papel, muito menos contar o que eu sinto por meio de mídias sociais. Mas, como promessas nem sempre são sinceras, e eu não resisto aos meus desejos, tentarei descrever em palavras o que vivi com você à noite passada.

Eu estava de férias, no litoral de Santa Catarina, especificamente na Praia Mole, sentado em frente ao mar, tomando uma velha e boa cerveja Bohemia, quando de repente escuto uma voz:

— Bom dia! Tudo bem?

Não uso relógio, mas acabara de ouvir o cara do rádio informar que era quase meio-dia. Fiquei sem ação e confesso que demorou segundos intermináveis até chegar o ar aos meus pulmões para que eu pudesse respirar e responder.

— Oi, bom dia! - Falei sem ainda querer acreditar no que estava vendo. Pensei até que fosse uma miragem, uma ilusão criada pelo meu cérebro.

Há quatro meses não nos falávamos. Por isso, a possibilidade de um encontro, por acaso, numa cidade distante, era remota demais para que o meu cérebro registrasse a informação e conseguisse expressar a sensação de surpresa e alegria ao vê-la.

Então, eu não pensei em nada. Apenas me levantei e te abracei e te beijei ardentemente. Em seguida, fiquei segurando suas mãos e querendo saber mais sobre o milagre.

— O que você faz aqui? Como me encontrou? Como sabia que eu estava nesta praia?

— Para de fazer perguntas. Por que não aproveita o momento e agradece aos deuses que permitiram nosso encontro?

Enquanto Sara dizia estas palavras eu via o sorriso estampado em seu rosto e uma sensação sublime de felicidade brilhando nos teus lindos olhos.

— Como é bom poder te abraçar e te beijar de novo. Não sei dizer o quanto é maravilho ter você comigo.

— Fique tranquilo, Pedro. Eu estou aqui porque te amo e estar com você é o que eu mais quero.

Em seguida, nos beijamos novamente.

— Em qual hotel você está, Sara?

— Ainda não procurei. Venho direto do aeroporto e minha bolsa está ali no Shambala Lanches.

— Tudo bem. Vamos guardar suas coisas lá no meu hotel – disse Pedro.

— Ah, não, vamos ficar aqui um pouco mais e aproveitar esse lindo dia de sol. Eu trouxe até o biquini.

— Sara, você fica linda até de uniforme. Vê-la de roupa de praia não tem preço. Sabes que eu trocaria a eternidade para ficar um minuto com você, em qualquer lugar. Mas, vamos deixar o amor transformar esse dia inesquecível para nós.

E a sede de amar falou mais alto. Por isso, pegamos a bolsa no Shambala e fomos direto para o Hotel Sete Ilhas. Transamos à tarde inteira e à noite pedimos o jantar no quarto. Enquanto conversávamos, tomamos mais umas taças de vinho. Depois, sem se preocupar com o tempo correndo lá fora, nos entregamos novamente aos desejos.

Adormecemos abraçados e quando acordamos o sol já brilhava soberano na Praia Mole e por todo o litoral catarinense.

Levantei-me primeiro. Fui até o banheiro e quando voltei fiquei observando o corpo de Sara sobre a cama. Em seguida, passei a mão em seu rosto e disse baixinho.

— Bom dia, anjo!

— Você que é – respondeu Sara.

Embriagamo-nos de tanto amor. E, unidos numa mesma frequência, descobrimos que o amor significar poder, pois quem ama pode aumentar o desejo que torna o irreal possível.

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