O convite da Feira do Livro de Frankfurt foi o incentivo que faltava para Felipe Hirsch realizar um antigo desejo: levar para o palco a obra de escritores brasileiros contemporâneos. Apresentado na programação paralela do evento, que homenageou o Brasil na última edição, ‘Puzzle’ foi desenvolvido a partir de 15 textos assinados por nomes como Amilcar Bettega Barbosa, André Sant’Anna, Bernardo Carvalho, Jorge Mautner, Juliana Frank, Juliano Garcia Pessanha, Paulo Leminski, Rodrigo Lacerda e Veronica Stigger. A co-produção da Funarte e do Sesc São Paulo desembarcou com enorme sucesso em São Paulo em novembro de 2013.
O título ‘Puzzle’ vem do conto de Amilcar Bettega Barbosa e serve para definir a estrutura da montagem, originalmente divida em três partes, mais acrescida agora de uma parte (d), criada especialmente para o Festival Mirada, a convite do Sesc. Depois de abrir o evento, Puzzle (d) fará temporada no Sesc Vila Mariana de 13 de fevereiro a 8 de março.
‘O espetáculo busca a sensação de uma apresentação literária e social deste país’, analisa Felipe, que ressalta ‘Puzzle’ como seu trabalho mais político, ao colocar em cena questões como a violência, o consumo desenfreado e até os protestos de rua. ‘’Puzzle’ reproduz a ambivalência de um país, de uma classe e de uma interioridade do existir brasileiro, como se fossem eles igualmente e ainda experimentais’, assinala Ruy Filho, crítico interno da montagem. ‘É o meu projeto mais experimental e coletivo. É uma reunião de um grupo de artistas incríveis para a criação e realização dessa obra’, ressalta o diretor, fazendo referência ao elenco, artistas e equipe. O Elenco da parte (d) é formado por Georgette Fadel, Luiz Paetow, Magali Biff, Guilherme Weber, Luna Martinelli, Isabel Teixeira e pelo ator argentino Javier Drolas.
‘Puzzle’ tem a colaboração de Daniela Thomas – responsável pela cenografia das montagens da Sutil Companhia– e Felipe Tassara. Em cena, o elenco usa tinta e papel como cenário. ‘Vivemos nos despedindo do papel. Esse nosso companheiro, pelo menos até aqui’, comenta o Hirsch.
Os espetáculos contam ainda com a participação do artista Rafael Coutinho, com obras de Maurício Dias e Walter Riedwig e Rogério Duprat e Damiano Cozzella e com a música composta especialmente por Arthur de Faria e executada pelo elenco, o próprio Arthur e por Gustavo Breier.
O diretor completa: ‘Puzzle fala sobre o extermínio da delicadeza. Também reafirma a complexidade de nosso país, tão intraduzível, tão isolado, tão anestesiado, tão agredido e tão agressor. Na área mais delicada das peças, ouvimos um relato quase abstrato sobre a amizade e os encontros, organizado a partir de fotos, palavras, que a princípio ancoram a imaginação da audiência e que, a seguir, largam sua mão no vazio das peças que faltam’.
Mais uma novidade: a temporada terá uma participação especial por dia. Na estreia Cyda Moreira participará do espetáculo.
PUZZLE (D) por FELIPE HIRSCH: Começa falando sobre os manifestos paulistanos: Somos Concretistas! diz o Antropofágico e anos depois o Noigandres. Esses homens incríveis que pensaram uma arte brasileira genuína dentro de um contexto mundial. Fala dos pichadores também, justiça e Mais Amor SP. E relembra o Klavibm II do Duprat e do Damiano Cozzella.
Depois, ouvimos a tal declaração de Bolaño sobre a Academia Brasileira de Letras, o Paulo Coelho e sua "divulgação" da língua "Brasileira". Junto, um texto do Leminski sobre a inutilidade da arte em um mundo onde tudo tem que dar lucro.
Puzzle (d) segue sobre a solidão de nossa língua. Sobre o isolamento dos países da América Latina.Sobre o solipsismo dos seus poetas (todos com seus cursinhos de inglês e francês e suas obras completas embaixo do braço).
O texto de André Sant'Anna repete frases ufanistas vazias, impostas e impositivas: falar que o Brasil é bom porque é e pronto. Os marqueteiros, o populismo evangélico.
Frases feitas, que opinam e repetem ideias pré-concebidas, não desenvolvidas, agressivas, preconceituosas etc., e ironiza na grandeza de um cargueiro de quatrocentas mil toneladas, nossa desgraçada situação educacional.
A ideia dos convidados especiais se relaciona com a primeira parte: artistas que seguem pensando uma arte brasileira genuína dentro de um contexto mundial.
Esses artistas que combatem a segunda parte que fala sobre o ufanismo vazio e sem razão.
Artistas que reafirmam nossa esperança nesse país. Que optaram falar sobre esse país.
Puzzle (d) convida 12 artistas para participarem de cenas inéditas criadas para aquela sessão específica. Música, literatura, cinema, artes plásticas. Todos envolvidos na mesma ideia.
PUZZLE (D)
De 13 de fevereiro a 8 de março de 2015
Sextas e sábados, às 21h. Domingos, às 18h
Sesc Vila Mariana
Rua Pelotas, 141
Informações: 5080-3000
Teatro - 611 lugares
Venda de ingresso online a partir de 3/2, às 16h e nas bilheterias a partir de 4/2, às 17h30.
Valores: R$ 40 - inteira; R$ 20 - aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante; R$ 12 - trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculados no Sesc e dependentes (Credencial Plena)
Não recomendado para menores de 12 anos
Direção geral: Felipe Hirsch
Textos: André Sant'Anna, Haroldo de Campos, Paulo Leminski e Roberto Bolaño
Elenco: Georgette Fadel, Luiz Paetow, Magali Biff, Guilherme Weber, Luna Martinelli e o ator argentino Javier Drolas
Com Ultralíricos
Bilheteria: Terça a sexta-feira, das 9h às 21h30; sábado, das 10h às 21h; domingo e feriado, das 10h às 18h30 (ingressos à venda em todas as unidades do Sesc).
Horário de funcionamento da unidade: Terça a sexta, das 7h às 21h30; sábado, das 9h às 21h; e domingo e feriado, das 9h às 18h30.
Estacionamento: R$ 3 a primeira hora + R$ 1 a hora adicional (Credencial Plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). R$ 6 a primeira hora + R$ 2 a hora adicional (outros). 200 vagas.
Sesc Vila Mariana
Rua Pelotas, 141
Informações: 5080-3000
sescsp.org.br
Facebook, Twitter e Instagram: /sescvilamariana
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