“Um movimento, um gesto, uma cor podem dizer mais do que mil palavras.” - Deolinda Fabietti
Por Helder Miranda
Em janeiro de 2015
Graduada em Letras, em 1975, e Mestre em Gerontologia Social pela PUCSP, em 2002), Deolinda Maria da Costa Florim Fabietti é arteterapeuta e fala ao Resenhando sobre a Arteterapia, uma interessante maneira de exercitar a arte dentro de um consultório psicológico.
RESENHANDO - O que uma obra de arte pode dizer a respeito de seu criador?
DEOLINDA FABIETTI - A obra de arte vai revelar ao seu criador o que ele é, o que deseja e que caminhos percorrer. É como abrir um livro e ter ali as respostas.
RESENHANDO - Por que levar a arte para dentro dos consultórios?
D. F. - Desde muitos anos, Freud, estudando e analisando os grandes pintores e depois Jung, reconheceram o quanto a arte ajudava e facilitava o diálogo com seus pacientes. Falar a partir de uma pintura ou outra expressão artística é mais uma opção. Imagens e símbolos emergem e trazem à tona uma verdade às vezes difícil de ser elaborada somente pela verbalização.
RESENHANDO - De que maneira a interação entre o paciente (criador), o objeto de arte (criação) e o terapeuta podem ajudar nos questionamentos que levaram uma pessoa ao divã?
D. F. - O papel do terapeuta é o de facilitador. Ele tem uma escuta aguçada para “ouvir” o que realmente seu paciente e a obra realizada estão dizendo. Esta escuta vai possibilitar que algumas questões sejam respondidas, que outros materiais sejam oferecidos e que outras soluções possam ser encontradas. O encontro terapêutico se dá em um clima de absoluto respeito e acolhimento. Imagine-se deslizando seu pincel em uma aquarela e imagens vão tomando formas, contornos. Um diálogo íntimo se estabelece e o que é mais importante, um contato rico entre criador, criação e terapeuta.
RESENHANDO - Que resultados a Arteterapia pode alcançar durante um tratamento terapêutico?
D. F. - Os resultados são trazidos pelo próprio paciente. É ele quem nos conta como está agindo, como suas atitudes têm mudado em situações de desconforto, como o “outro” tem sentido sua presença. Sem dúvida, o contato e o despertar do seu lado criativo fazem dele uma pessoa diferenciada. Seu olhar para o mundo tem outro tom, as coisas que o cercam têm outras formas, sua presença tem outra qualidade.
RESENHANDO - Quais as diferenças entre Arteterapia e terapia convencional?
D. F. - Na Arteterapia, o paciente conduz seu processo no seu tempo, no seu ritmo. O uso da arte é o grande diferencial. Um movimento, um gesto, uma cor podem dizer mais do que mil palavras. O uso dos recursos expressivos além de desencadearem o potencial criativo do paciente, dá a ele uma condição especial de poder trocar uma cor, mudar um movimento, desfazer uma imagem, transportá-la para outro lugar, enfim, com o processo criativo ativado, o paciente toma posse do seu fazer, de sua ação, de suas escolhas e consequências. A flexibilização e possibilidade de mudança trazem a luz.
RESENHANDO - A Arteterapia é considerada uma arte livre, unida ao processo terapêutico. Dentro desse contexto, todos são artistas?
D. F. - Não devemos considerar o paciente como o artista conforme entendemos no senso comum, em que a arte é imbuída de um senso estético para a admiração pública. Em se tratando de um processo terapêutico, o que damos a ele é a possibilidade de ele se sentir sim, o artista de sua vida, pintando ou esculpindo com toda sua força interna resgatada.
RESENHANDO - Se a resposta for positiva, nesse caso, a arte não se tornaria banalizada? Por que?
D. F. - Não devemos julgar, aliás, em nenhum momento podemos fazê-lo. Não se fala em belo ou feio, mas em processos intensos ou não, sofridos ou não. A arte realizada dentro do setting terapêutico é por si só única. Ela não vai às galerias para ser exibida e comercializada, ela fica no íntimo de cada paciente e pertence só a ele.
RESENHANDO - Você é autora de um livro chamado “Arteterapia e Envelhecimento”. Qual a relação? E de que forma a arteterapia pode ser usada para envelhecermos melhor?
D. F. - Esse livro é o resultado de minha pesquisa de mestrado em Gerontologia Social. Ao trabalhar com senhoras idosas usei os procedimentos da Arteterapia para desenvolver meu trabalho. A Arteterapia trouxe a essas mulheres o encontro com a vida. Trouxe-lhes a possibilidade de uma nova postura frente à família e sociedade, uma melhor qualidade de vida.
Por Helder Miranda
Em janeiro de 2015
Graduada em Letras, em 1975, e Mestre em Gerontologia Social pela PUCSP, em 2002), Deolinda Maria da Costa Florim Fabietti é arteterapeuta e fala ao Resenhando sobre a Arteterapia, uma interessante maneira de exercitar a arte dentro de um consultório psicológico.
RESENHANDO - O que uma obra de arte pode dizer a respeito de seu criador?
DEOLINDA FABIETTI - A obra de arte vai revelar ao seu criador o que ele é, o que deseja e que caminhos percorrer. É como abrir um livro e ter ali as respostas.
RESENHANDO - Por que levar a arte para dentro dos consultórios?
D. F. - Desde muitos anos, Freud, estudando e analisando os grandes pintores e depois Jung, reconheceram o quanto a arte ajudava e facilitava o diálogo com seus pacientes. Falar a partir de uma pintura ou outra expressão artística é mais uma opção. Imagens e símbolos emergem e trazem à tona uma verdade às vezes difícil de ser elaborada somente pela verbalização.
RESENHANDO - De que maneira a interação entre o paciente (criador), o objeto de arte (criação) e o terapeuta podem ajudar nos questionamentos que levaram uma pessoa ao divã?
D. F. - O papel do terapeuta é o de facilitador. Ele tem uma escuta aguçada para “ouvir” o que realmente seu paciente e a obra realizada estão dizendo. Esta escuta vai possibilitar que algumas questões sejam respondidas, que outros materiais sejam oferecidos e que outras soluções possam ser encontradas. O encontro terapêutico se dá em um clima de absoluto respeito e acolhimento. Imagine-se deslizando seu pincel em uma aquarela e imagens vão tomando formas, contornos. Um diálogo íntimo se estabelece e o que é mais importante, um contato rico entre criador, criação e terapeuta.
RESENHANDO - Que resultados a Arteterapia pode alcançar durante um tratamento terapêutico?
D. F. - Os resultados são trazidos pelo próprio paciente. É ele quem nos conta como está agindo, como suas atitudes têm mudado em situações de desconforto, como o “outro” tem sentido sua presença. Sem dúvida, o contato e o despertar do seu lado criativo fazem dele uma pessoa diferenciada. Seu olhar para o mundo tem outro tom, as coisas que o cercam têm outras formas, sua presença tem outra qualidade.
RESENHANDO - Quais as diferenças entre Arteterapia e terapia convencional?
D. F. - Na Arteterapia, o paciente conduz seu processo no seu tempo, no seu ritmo. O uso da arte é o grande diferencial. Um movimento, um gesto, uma cor podem dizer mais do que mil palavras. O uso dos recursos expressivos além de desencadearem o potencial criativo do paciente, dá a ele uma condição especial de poder trocar uma cor, mudar um movimento, desfazer uma imagem, transportá-la para outro lugar, enfim, com o processo criativo ativado, o paciente toma posse do seu fazer, de sua ação, de suas escolhas e consequências. A flexibilização e possibilidade de mudança trazem a luz.
RESENHANDO - A Arteterapia é considerada uma arte livre, unida ao processo terapêutico. Dentro desse contexto, todos são artistas?
D. F. - Não devemos considerar o paciente como o artista conforme entendemos no senso comum, em que a arte é imbuída de um senso estético para a admiração pública. Em se tratando de um processo terapêutico, o que damos a ele é a possibilidade de ele se sentir sim, o artista de sua vida, pintando ou esculpindo com toda sua força interna resgatada.
RESENHANDO - Se a resposta for positiva, nesse caso, a arte não se tornaria banalizada? Por que?
D. F. - Não devemos julgar, aliás, em nenhum momento podemos fazê-lo. Não se fala em belo ou feio, mas em processos intensos ou não, sofridos ou não. A arte realizada dentro do setting terapêutico é por si só única. Ela não vai às galerias para ser exibida e comercializada, ela fica no íntimo de cada paciente e pertence só a ele.
RESENHANDO - Você é autora de um livro chamado “Arteterapia e Envelhecimento”. Qual a relação? E de que forma a arteterapia pode ser usada para envelhecermos melhor?
D. F. - Esse livro é o resultado de minha pesquisa de mestrado em Gerontologia Social. Ao trabalhar com senhoras idosas usei os procedimentos da Arteterapia para desenvolver meu trabalho. A Arteterapia trouxe a essas mulheres o encontro com a vida. Trouxe-lhes a possibilidade de uma nova postura frente à família e sociedade, uma melhor qualidade de vida.
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