quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

.: Breve análise estilística de neologismos e virtualidade

Análise estilística: Neologismos e virtualidade
Por: Mary Ellen Farias dos Santos*
Em janeiro de 2015*


Sabe-se que neologismo é o emprego de palavras novas, derivadas ou formadas de outras já existentes, na mesma língua, ou seja, a atribuição de novos sentidos a palavras já existentes na língua, portanto, o conto "Sangue da avó manchando a alcatifa", do escritor português Mia Couto é um texto referencial para destacar neologismos, entre eles estão improvérbio, luscofuscava e desconseguiram.

O neologismo improvérbio assume o sentido de negação de um provérbio -frase curta que sintetiza um conceito a respeito da realidade ou uma regra social ou moral-, ou seja, um não provérbio. Ao inventar luscofuscava o autor transforma este substantivo masculino em verbo conjugado, ou seja, ele "coloca-o" no pretérito aquilo que se trata de um momento de transição entre o dia e a noite, crepúsculo vespertino, o anoitecer. Outro neologismo interessante é desconseguiram. Para dizer que quando "tentaram lavar" não conseguiram, o autor cria uma nova e diz que desconseguiram, ou seja, a ação foi contrária.

Considerando que virtualidade é uma realidade que pode ser, poderia ter sido e poderá vir a ser. Esta criação de palavras que permeia os idiomas esbarra na linguagem virtual, pois é a partir da criação, que esta nova palavra tem a chance de existir, desta forma, ela era algo que poderia ter sido (poderia ter sido outra palavra “diferente/nova” da que foi), algo que pode ser (a palavra criada) e algo que poderá vir a ser (a palavra criada passa a ser incorporada no vocabulário de determinado idioma e, posteriormente, inclusa no dicionário).

Mia Couto, em especial, é um escritor, criador de histórias, que mergulha nas profundezas da Língua e cria também outras palavras.


*Editora do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm

*Texto originalmente escrito em 10 de novembro de 2010

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