Eles são selvagens, tristes, perdidos, trancados numa vertigem de sangue, suor, som e fúria. (HC)
Inédita no Brasil, a peça contemporânea "Selvagens - Homem de Olhos Tristes", do austríaco Händl Klaus, traduzida por Christine Röhrig, estreia no dia 30 de outubro, no Club Noir, sob direção de Hugo Coelho.
Os atores Rubens Caribé, Edu Guimarães, Vitor Placca, Flavia Couto e Henrique Taubaté Lisboa formam o elenco da peça que alterna climas de mistério, conflito, violência, ironia, acolhimento e sensualidade. Um médico tenta chegar ao seu vilarejo tendo que conviver com a contradição de pessoas que acabara de conhecer e com a aridez de um lugar marcado pelo abandono e pelo esquecimento.
Com narrativa sedutora e não linear, a montagem conta a história de Gunter de Bleibach (Rubens Caribé), um Médico Sem Fronteiras que, a caminho de seu vilarejo, sente-se mal com o calor asfixiante nos vagões lotados e se vê obrigado a descer do trem. Na estação ele encontra dois homens, os irmãos Flick (Eduardo Guimarães e Vitor Placca), a princípio extremamente simpáticos, que lhe oferecem abrigo e ajuda, e também lhe pedem que vá ver Hedy, a irmã doente (Flávia Couto). Sob o calor escaldante, a caminho da casa dos Flick, a paisagem se revela árida. A cidade enfrenta racionamento de toda ordem, principalmente de água. E Gunter insiste sempre que precisa ir para casa, urgentemente.
Nessa história seria tudo um pesadelo? Uma metáfora? Ou seria esta a última viagem de Gunter? Para Rubens Caribe, “quando Gunter salta do trem, ele pula para fora do mundo e cai numa esfera fantástica e apocalíptica, onde é subjugado de forma sutil e violenta”. Nesse ambiente claustrofóbico e misterioso, aos poucos, os personagens se revelam e se inter-relacionam no viés de um mundo complexo e contraditório.
O diretor explica que o texto explora a falta de acesso, explora o caráter de uma sociedade de abundância para poucos e a escassez para muitos. “Temos necessidades e desejos de ordem material, emocional e espiritual, portanto carregamos a condição trágica da incompletude: uma angústia de querer chegar a algum lugar, a busca de uma condição de bem estar, de satisfação plena”.
Aparentemente, nada faz muito sentido em Selvagens. A contradição e o jogo geram suspense. Uma série de fatos se sucede, carregados de desconforto e até de humor. Um velho homem mudo (Henrique Taubaté Lisboa) é torturado (o velho pode ser alguém muito próximo dos irmãos). Gunter se sente acuado; fica aterrorizado ao ver a face amistosa dos irmãos transformada em ironia e violência. Chegando à casa dos Flick, mesmo diante de tanta sede, os irmãos esqueceram de trazer água. Eles saem em busca de água e alimentos.
Enquanto isso, Hedy e o médico ficam sozinhos. O que aconteceu no passado desta família pouco se revela. Gunter faz uma incisão para tirar o ar dos pulmões da jovem, mas algo dá errado. Ela ficará bem? E quem é o velho pai dos jovens que dorme no chão, vestindo o casaco do visitante? Gunter ainda não voltou para casa quando a noite chega. A energia está cortada e eles ficam na completa escuridão. Será possível dormir?
A montagem: A concepção do cenário (David Schumaker) é uma caixa branca que revela nuances e texturas que fazem a ligação com o mundo e provoca sensações. Apenas alguns elementos ajudam a contar a história de Selvagens - Homem de Olhos Tristes. A música original, composta por Ricardo Severo, descreve a paisagem desolada: ora comenta, ora pontua, ora acentua a ação dramática. Em um fluxo incessante, a peça se desenrola no jogo teatral entre personagens, baseado na palavra, nos duplos sentidos, na sensação, na razão e no corpo. O trabalho de Inês Aranha na preparação corporal objetiva a formação de um repertório corporal que os personagens trazem para cena.
“Cada sessão tende a ser um ‘quadro’ diferente nesse mundo em transformação. A caixa branca nos dá a possibilidade de escrever uma nova história a cada dia. Não vejo sentido em um cenário cristalizado, explícito; os signos e significados se transformam sempre, as pessoas também”. Explica Hugo Coelho.
A encenação busca materializar a estética proposta pelo texto de Händl Klaus, e não responde perguntas; segue pela trilha das impossibilidades. O que os quatro personagens procuram, realmente não importa. O trem que passa é a vida que segue. A plataforma é o mundo numa paisagem apocalíptica. As memórias são retalhos numa colcha disforme, contornada pela falta de água, de energia, pelo cansaço, pela doença. O retorno à origem se revela impossível. Só é possível ir adiante.
Para um teatro metafórico, a direção busca prender o espectador pelas sensações físicas e pela surpresa. “A ambiguidade do que é dito, do que é ouvido, do que é entendido (às vezes sussurrado, desesperado, incompreendido) é a impossibilidade do real. A vida é sonho? Pode ser um frenesi, nos silêncios. O real não existe.” Finaliza o diretor.
Espetáculo: Selvagens – Homem de Olhos Tristes
Texto: Händl Klaus
Tradução: Christine Röhrig
Direção: Hugo Coelho
Elenco: Rubens Caribé, Edu Guimarães, Vitor Placca, Flavia Couto e Henrique Taubaté Lisboa.
Preparadora corporal: Inês Aranha
Assistência de direção: Fernanda Lorenzoni
Cenografia e figurino: David Schumaker
Música original: Ricardo Severo
Iluminação: Fran Barros
Programação visual: Fernanda Lorenzoni
Fotografia: Helô Bortz
Diretor de produção: Henrique Benjamin
Produção executiva: Fernanda Lorenzoni
Produção administrativa: Fábio Hilst
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena
Realização: Benjamim Produções
Serviço
Estreia aberta ao público: 30 de outubro – quinta – às 21 horas
Temporada: 29 de outubro a 18 de dezembro
Dias e horário: quartas e quintas - às 21 horas
Local: Club Noir
Rua Augusta, 331. Consolação/SP. Tel: (11) 3255-8448
Ingressos: R$ 40,00 (meia: R$ 20,00) – Vendas na bilheteria: 1h antes das sessões
Gênero: drama. Duração: 60 min. Classificação etária: 12 anos.
Capacidade: 50 lugares. Aceita dinheiro e cheque. Não aceita cartões.
Não faz reservas. Ar condicionado. Acesso universal. www.ciaclubnoir.blogspot.com
Inédita no Brasil, a peça contemporânea "Selvagens - Homem de Olhos Tristes", do austríaco Händl Klaus, traduzida por Christine Röhrig, estreia no dia 30 de outubro, no Club Noir, sob direção de Hugo Coelho.
Os atores Rubens Caribé, Edu Guimarães, Vitor Placca, Flavia Couto e Henrique Taubaté Lisboa formam o elenco da peça que alterna climas de mistério, conflito, violência, ironia, acolhimento e sensualidade. Um médico tenta chegar ao seu vilarejo tendo que conviver com a contradição de pessoas que acabara de conhecer e com a aridez de um lugar marcado pelo abandono e pelo esquecimento.
Com narrativa sedutora e não linear, a montagem conta a história de Gunter de Bleibach (Rubens Caribé), um Médico Sem Fronteiras que, a caminho de seu vilarejo, sente-se mal com o calor asfixiante nos vagões lotados e se vê obrigado a descer do trem. Na estação ele encontra dois homens, os irmãos Flick (Eduardo Guimarães e Vitor Placca), a princípio extremamente simpáticos, que lhe oferecem abrigo e ajuda, e também lhe pedem que vá ver Hedy, a irmã doente (Flávia Couto). Sob o calor escaldante, a caminho da casa dos Flick, a paisagem se revela árida. A cidade enfrenta racionamento de toda ordem, principalmente de água. E Gunter insiste sempre que precisa ir para casa, urgentemente.
Nessa história seria tudo um pesadelo? Uma metáfora? Ou seria esta a última viagem de Gunter? Para Rubens Caribe, “quando Gunter salta do trem, ele pula para fora do mundo e cai numa esfera fantástica e apocalíptica, onde é subjugado de forma sutil e violenta”. Nesse ambiente claustrofóbico e misterioso, aos poucos, os personagens se revelam e se inter-relacionam no viés de um mundo complexo e contraditório.
O diretor explica que o texto explora a falta de acesso, explora o caráter de uma sociedade de abundância para poucos e a escassez para muitos. “Temos necessidades e desejos de ordem material, emocional e espiritual, portanto carregamos a condição trágica da incompletude: uma angústia de querer chegar a algum lugar, a busca de uma condição de bem estar, de satisfação plena”.
Aparentemente, nada faz muito sentido em Selvagens. A contradição e o jogo geram suspense. Uma série de fatos se sucede, carregados de desconforto e até de humor. Um velho homem mudo (Henrique Taubaté Lisboa) é torturado (o velho pode ser alguém muito próximo dos irmãos). Gunter se sente acuado; fica aterrorizado ao ver a face amistosa dos irmãos transformada em ironia e violência. Chegando à casa dos Flick, mesmo diante de tanta sede, os irmãos esqueceram de trazer água. Eles saem em busca de água e alimentos.
Enquanto isso, Hedy e o médico ficam sozinhos. O que aconteceu no passado desta família pouco se revela. Gunter faz uma incisão para tirar o ar dos pulmões da jovem, mas algo dá errado. Ela ficará bem? E quem é o velho pai dos jovens que dorme no chão, vestindo o casaco do visitante? Gunter ainda não voltou para casa quando a noite chega. A energia está cortada e eles ficam na completa escuridão. Será possível dormir?
A montagem: A concepção do cenário (David Schumaker) é uma caixa branca que revela nuances e texturas que fazem a ligação com o mundo e provoca sensações. Apenas alguns elementos ajudam a contar a história de Selvagens - Homem de Olhos Tristes. A música original, composta por Ricardo Severo, descreve a paisagem desolada: ora comenta, ora pontua, ora acentua a ação dramática. Em um fluxo incessante, a peça se desenrola no jogo teatral entre personagens, baseado na palavra, nos duplos sentidos, na sensação, na razão e no corpo. O trabalho de Inês Aranha na preparação corporal objetiva a formação de um repertório corporal que os personagens trazem para cena.
“Cada sessão tende a ser um ‘quadro’ diferente nesse mundo em transformação. A caixa branca nos dá a possibilidade de escrever uma nova história a cada dia. Não vejo sentido em um cenário cristalizado, explícito; os signos e significados se transformam sempre, as pessoas também”. Explica Hugo Coelho.
A encenação busca materializar a estética proposta pelo texto de Händl Klaus, e não responde perguntas; segue pela trilha das impossibilidades. O que os quatro personagens procuram, realmente não importa. O trem que passa é a vida que segue. A plataforma é o mundo numa paisagem apocalíptica. As memórias são retalhos numa colcha disforme, contornada pela falta de água, de energia, pelo cansaço, pela doença. O retorno à origem se revela impossível. Só é possível ir adiante.
Para um teatro metafórico, a direção busca prender o espectador pelas sensações físicas e pela surpresa. “A ambiguidade do que é dito, do que é ouvido, do que é entendido (às vezes sussurrado, desesperado, incompreendido) é a impossibilidade do real. A vida é sonho? Pode ser um frenesi, nos silêncios. O real não existe.” Finaliza o diretor.
Espetáculo: Selvagens – Homem de Olhos Tristes
Texto: Händl Klaus
Tradução: Christine Röhrig
Direção: Hugo Coelho
Elenco: Rubens Caribé, Edu Guimarães, Vitor Placca, Flavia Couto e Henrique Taubaté Lisboa.
Preparadora corporal: Inês Aranha
Assistência de direção: Fernanda Lorenzoni
Cenografia e figurino: David Schumaker
Música original: Ricardo Severo
Iluminação: Fran Barros
Programação visual: Fernanda Lorenzoni
Fotografia: Helô Bortz
Diretor de produção: Henrique Benjamin
Produção executiva: Fernanda Lorenzoni
Produção administrativa: Fábio Hilst
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena
Realização: Benjamim Produções
Serviço
Estreia aberta ao público: 30 de outubro – quinta – às 21 horas
Temporada: 29 de outubro a 18 de dezembro
Dias e horário: quartas e quintas - às 21 horas
Local: Club Noir
Rua Augusta, 331. Consolação/SP. Tel: (11) 3255-8448
Ingressos: R$ 40,00 (meia: R$ 20,00) – Vendas na bilheteria: 1h antes das sessões
Gênero: drama. Duração: 60 min. Classificação etária: 12 anos.
Capacidade: 50 lugares. Aceita dinheiro e cheque. Não aceita cartões.
Não faz reservas. Ar condicionado. Acesso universal. www.ciaclubnoir.blogspot.com
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