“Livros que eu gostaria que minhas filhas lessem”. É como a escritora Fernanda Coelho define as histórias que cria. Apaixonada por literatura, a autora decidiu escrever para crianças ao acompanhar de perto os livros que vinham da escola para casa todos os finais de semana. Faltava algo, ela pensava, mas não tinha certeza do quê. Por via das dúvidas resolveu experimentar e o resultado é o livro A Encantadora de Palavras, lançado pela Editora Literata.
O enredo trata de uma menina, Carolina, que vivia num mundo onde não havia palavras escritas. As pessoas eram dominadas pela ausência da educação e o processo que se instalava era de degradação das relações entre os habitantes do lugar. Acontece que Carolina aprende a ler e escrever. E decide que uma criança pode, sim, mudar o mundo em que vive.
Ela jura que não planejava se tornar escritora, embora hoje seja obrigada a reconhecer que seu caminho acabaria levando a isso; não por formação, mas por paixão. A escrita se apresentou aos poucos, como as melhores aulas do tempo da escola e bem depois um belo dia, indo ao banco, quando personagens e enredos lhe surgiram a caminho do banco. Daí para frente ela não parou mais.
Participou do fórum chamado "Toca da Coruja", onde foi moderadora da área que incentivava os usuários a escreverem, lançando desafios literários e, depois de algum tempo, lançou o blog "A Encantadora de Palavras" – imaginando que talvez conseguisse se tornar uma autora publicada. Deu certo.
O conteúdo do blog e do livro são diferentes. Enquanto o primeiro é composto basicamente por crônicas, o outro é uma história infantil. “Direto, as pessoas me mandam recado dizendo que determinado texto era tudo o que elas precisavam ler em algum dia específico. Fico feliz, mas Deus sabe que muito do que escrevo é um instrumento para organizar minhas próprias ideias”, diz a autora, que recentemente fechou contrato de cessão de direitos de uma crônica para a Oxford University Press.
Sobre os temas que mais gosta de abordar, ela afirma que são variados. “Descobri que se a gente souber desenvolver as ideias razoavelmente bem, todo tema pode servir. No fim das contas, escrever bem é uma boa maneira de dizer bobagens com dignidade”, brinca. Mas o que mais a deixa feliz é saber que um texto seu serviu para melhorar o dia de alguém. “Em todas as situações, sempre há algum alívio possível. Existem uma forma de atenuar a dureza da vida, e aposto que a escrita se presta a esse papel de uma forma ímpar.” De qualquer forma, há um crivo: “eu preciso ser capaz de ler o que escrevi e sorrir. Quando isso acontece, tenho a desconfiança de que o texto cumpriu o seu papel”.
Sobre a autora
Fernanda Coelho é goiana, de família mineira. Tem duas filhas que gosta de chamar carinhosamente de "Suas Coelhinhas Lindas". Além de escritora, é enfermeira na Secretaria de Estado da Saúde, no Distrito Federal, em Brasília. Publica regularmente o blog de crônicas "A Encantadora de Palavras" e contribui com o site "Papiro Digital".
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