segunda-feira, 15 de setembro de 2014

.: A Fazenda 7: "Coitadismo" e humor involuntário

A sétima edição de “A Fazenda” surge como algo desonesto. Nem todos são famosos, e eu me recuso a procurar no Google para saber de um programa cujo pressuposto é confinar pessoas famosas. Partindo deste pressuposto, quem são, na noite (ou no dia, ou na tarde...), gente como Marlos Cruz (#Render-se Jamais), Débora Lyra (#MissNaFazenda – tudo bem, a Miss 2010, mas não poderia ser uma mais atual?), Diego Cristo (#SóOsFortesSobrevivem) e outro nome que no primeiro episódio já mostrou a que veio numa discussão sobre a maneira de fazer arroz com Roy Rosselló, Lorena Bueri (#VouBotarFogonaRoça), e Bruna Tang (#NoMatoDeSalto)?

A impressão que dá é que na falta da Xuxa, colocaram uma Paquita, na ausência da Anitta colocaram uma genérica e de Michel Teló ou Luan Santana, colocaram o cara do “Bará Berê”. Triste e ao mesmo tempo condizente com a trajetória deste programa que, por pura insistência e entretenimento, adoramos amar e odiar ao mesmo tempo.

A hastag #OndeChegoRouboaCena, com a ex-assistente de palco Babi Rossi, iniciou a apresentação dos outros participantes. Chegou, roubando a cena da grama, pois só havia ela naquele momento. Os carros partiram de algum lugar da grande São Paulo e, ao som instrumental de “Live And Let Die” ou algo muito parecido, partiram dali cantando pneu e fazendo algumas acrobacias que, quem já assistiu ao show “Velozes & Furiosos” no parque temático Beto Carreiro, em Santa Catarina, certamente lembrou.

Com Babi, entraram o atleta Robson Caetano (#ChupaEssaManga, que fez o papel ridículo de declarar que “queria ver as gostosas” logo de cara), a promissora modelo Cristina Mortágua (linda nos anos 90 e agora apenas uma #CariocaSuingueSangueBom), a socialite e funkeira Heloísa Faissol (#OdeioGenteEsnobe - mas bem que chegou de salto agulha e com um vestido rosa cheio de lantejoulas), a ex-Paquita Andréia Sorvetão (#QuererPoderConseguir), Felipeh Campos (mais conhecido como o Pablo do programa “Qual é a Música”, e sua hastag #NãoPerguntaQueEuRespondo), Oscar Maroni (dono de uma boate famosa e #ColecionadorDeEmoções), o ex-Menudo Roy Rosselló (#Não SeReprima), os cantores Diego Silveira, vocalista da banda “Cine” (#QueroPossoConsigo), MC Bruninha (#PrincesinhaDoFunk), Léo Rodrigues (#Sertanejando).


Apesar de não haver nenhum medalhão, o nome mais famoso, por incrível que pareça, é o de uma ex-Panicat (quando foi que nos tornamos tão permissivos a ponto de aceitar isso como profissão?), e vários símbolos das décadas anteriores, como o medalhista olímpico Robson Caetano, a ex-Paquita Sorvetão e a própria Cristina Mortágua. Mas o que as décadas seguintes fez para estas pessoas, e o mais importante, em quem as transformou para aceitarem tamanha exposição?


Antes de entrarem no programa, os novos peões precisaram “exorcizar seus males”, numa espécie de confessionário coletivo. A partir daí, foi um show de “coitadismo” e uma série de humor involuntário. Cristina Mortágua se identificou como alguém de “coração puro”. Babi Rossi justificou sua entrada no programa como uma espécie de combate ao preconceito, já que é “uma menina meiga” e quer mostrar que tem essência. Mas não consigo acreditar em mulheres que fazem e acontecem, no caso de Babi, posou nua e ficou careca em rede nacional, e fica falando fininho. Bruna Tang, que eu tenho certeza que foi colocada com a expectativa da emissora em ela ser uma nova Lu Schiavon, soltou a pérola: “Acima de celebridade, a gente é ser humano”... mas, querida, nem famosa você é, quanto mais celebridade... “Quando você é inseguro, você não confia em você”, falou o vocalista do Cine.

A “justiceira” Sorvetão “deixou na fogueira” as pessoas que, em 2009, “injustiçaram” a sua família. Esse pessoal, ao que tudo indica, entra no programa para justificar as coisas que aconteceram de ruim, mas se esquecem que a vida deles praticamente não tem cobertura da imprensa, pois não interessam mais para o público, como produtos descartáveis mesmo, muito menos para a mídia. MC Bruninha, magoada com o pai, queimou a madeira com os dizeres “inveja, olho grande e injustiça” – será que ela acha que isso tudo vem do próprio progenitor? Roy Rosseló, no primeiro discurso nonsense de sua trajetória no programa, começou fazendo uma explanação sobre as injustiças que passou – entre elas, o fato de ser acusado de agredir a ex-mulher - e depois queimou uma madeira contra a pedofilia. O que isso tem a ver? Felipeh Campos disse que foi convidado para o programa horas depois de a mãe ser enterrada, e queria queimar a “não-aceitação” da morte dela. Talvez a justificativa mais coerente.

Já na sede, Oscar Maroni propôs ao grupo uma edição diferente, em que o lema seria o amor como mensagem, não a “guerra de nervos” que o programa costuma ser Entre estarrecidos e indignados, as pessoas deram a sua opinião contrária. A intenção é boa, mas... “As pessoas vêem baixaria de uma forma. Eu acho baixaria tomar banho nu em um programa em que crianças estão assistindo”, opinou Cristina Mortágua. Essa brilhou e ele... bem, com esse discurso piegas já sabemos que ele é forte candidato a estar na primeira roça.

*Texto escrito para o site Votalhada.
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