domingo, 31 de agosto de 2014

.: Protagonizado por Marieta Severo, "Incêndios" chega a São Paulo

Dirigida por Aderbal Freire-Filho, que conquistou o Prêmio Shell pelo trabalho, primeira montagem brasileira do autor libanês Wajdi Mouawad  estreia dia 19 de setembro, no Teatro FAAP. A venda de ingressos já está aberta ao público.



Após duas passagens pelo Rio de Janeiro, onde permaneceu oito meses em cartaz com sessões lotadas e ingressos esgotados com mais de um mês de antecedência, “Incêndios” desembarca agora em São Paulo para uma temporada de 19 de setembro a 14 de dezembro, no Teatro FAAP

Protagonizado por Marieta Severo e dirigido por Aderbal Freire-Filho, vencedor do prêmioShell de Melhor Direção pelo trabalho, o espetáculo foi recordista de indicações ao prêmio APTR,  tendo conquistado quatro das dez categorias nas quais concorreu (Espetáculo, Atriz: Marieta Severo, Atriz Coadjuvante: Kelzy Ecard e Cenografia: Fernando Mello da Costa).  Primeira montagem brasileira do autor libanês Wajdi Mouawad, apontado como um dos grandes nomes da dramaturgia contemporânea,  “Incêndios” também foi contemplado com o Prêmio Questão de Crítica de Melhor Ator pela atuação de Marcio Vito.

A escrita de Wajdi Mouawad é marcada por situações devastadoras: guerras, exílios, perdas e injustiças. Não à toa, ‘Incêndios’ (2003) é o título de seu mais celebrado espetáculo, com dezenas de prêmios, elogiadas produções ao redor do mundo e um longa-metragem homônimo, dirigido por Denis Villeneuve e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Apontado como um dos grandes nomes da dramaturgia contemporânea, o autor libanês se tornou conhecido pela plateia brasileira com a versão nacional de ‘Incêndios’, em montagem de Aderbal Freire-Filho, protagonizada e coproduzida por Marieta Severo em parceria com a produtora Maria Siman/Primeira Página Produções e com o ator Felipe de Carolis. 

A engenhosa carpintaria de Mouawad despertou a atenção de Marieta Severo para a saga da árabe Nawal, cuja vida é atravessada por décadas de uma guerra civil que parece nunca ter fim. Ela passa seus últimos anos em voluntário exílio no Ocidente, onde morre e deixa em testamento uma difícil missão para seu casal de filhos gêmeos (Felipe de Carolis e Keli Freitas): encontrar o pai e também um irmão perdido em seu remoto passado no Oriente.

 ‘É a história de três destinos que buscam suas origens, em uma tentativa de solucionar a equação de suas existências’, resumiu Mouawad na apresentação da primeira montagem da peça. A trajetória da protagonista encontra paralelo na vida do autor, nascido no Líbano, mas radicado no Canadá desde a década de 80. Encenado com sucesso em 15 países, ‘Incêndios’ chegou às mãos de Marieta e Aderbal através do ator Felipe de Carolis, coprodutor da atual montagem.

O jogo teatral e a tragédia contemporânea
Responsável por sublinhar o caráter assumidamente teatral de recentes montagens como ‘Jacinta’ (2012), ‘Hamlet’ (2008), ‘As Centenárias’ (2007) e ‘O Púcaro Búlgaro’ (2006), Aderbal se viu estimulado pela dramaturgia de Mouawad: ‘Os textos são altamente poéticos ao falar das tensões entre homem e sociedade. Mesmo situando os personagens e ações em um contexto real, a peça não localiza geograficamente a ação, apenas sabemos que se trata de Ocidente e Oriente, as cidades têm nomes inventados e datas de fatos históricos são modificadas’, comenta.

A conhecida adaptação cinematográfica da peça pode sugerir uma maior adequação da história ao cinema. No entanto, Aderbalacredita que o teatro é o meio de expressão ideal para 'Incêndios': 'Não só por ter sido concebida como uma peça de teatro e pela ilusão do teatro permitir mais liberdade ao entrelaçamento das ações, como também pelo fato do cinema ter abdicado de alguns valores importantes da peça original. Personagens e cenas fundamentais, por serem mais adequados ao teatro, foram cortados do filme, que nem por isso deixa de ser um grande filme', afirma o diretor.

Marieta  interpreta a protagonista da juventude aos momentos finais, passando por episódios dramáticos, como a adesão à guerrilha, a incessante busca pelo filho perdido e as dificuldades de ser mulher na região. ‘É o desafio de fazer um épico, explorar as possibilidades deste gênero e interpretar as variadas idades e fases da personagem’, avalia a atriz. A seu lado, além de Felipe de Carolis e Keli Freitas, estão Márcio Vito, Kelzy Ecard, Fabianna de Mello e Souza, Isaac Bernat e Julio Machado.

Crueldade e ternura em um contexto desumano
Ao longo do processo de ensaios, a produção organizou uma série de workshops para o elenco com historiadores, filósofos e especialistas em conflitos do Oriente Médio. Mesmo sem ter um local específico, o universo árabe é discretamente ambientado em cena, com ajuda dos figurinos de Antonio Medeiros e a cenografia de Fernando Mello da Costa, parceiro de longa data deAderbal.

A concepção do espetáculo se vale da própria poética da cena para expressar as situações reais criadas pelo autor. "O palco infinito pode ir de um continente a outro e de um tempo a outro, desde que o conjunto da encenação desperte a imaginação do espectador e é isso que as atrizes e os atores de 'Incêndios' têm como objetivo. Em um cenário de grande impacto plástico em sua simplicidade, o talento do elenco queima no mesmo fogo a realidade e a ilusão", diz Aderbal.

Este é mais um incêndio entre os vários – literais e metafóricos – que acontecem durante a busca do casal de gêmeos pelo passado da mãe no outro lado do planeta. Ao se deparar com suas origens, eles veem o fogo da guerra – mesmo depois de seu fim – agir implacavelmente em suas vidas.

Mouawad constrói uma intrincada teia de relações, segredos e sentimentos. ‘’Incêndios’ não é propriamente uma peça sobre a guerra, mas sobre promessas que não são cumpridas, sobre tentativas desesperadas de consolo, sobre maneiras de se permanecer humano em um contexto desumano’, resumiu o autor após receber o Prêmio Molière pelo texto.

WAJDI MOUAWAD
Wajdi Mouawad nasceu no Líbano em 1968. Aos 10 anos, deixou seu país natal devastado pela guerra e partiu para Paris com a família. Em 1983, se mudou para o Canadá (Montreal). Em 1991, logo depois de se formar na Escola de Teatro Nacional, embarcou em uma carreira polivalente como ator, escritor, diretor e produtor. Em 1998, sua criação ‘Protágoras trancada no banheiro’ é votado como a melhor produção de Montreal pela Associação de Críticos de Teatro Quebec.

De 1990 a 1999, codirige a Companhia de Teatro Ô Speaker. Ao mesmo tempo, escreve ‘Litoral’, anterior a ‘Incêndios’, que unidas a outras duas peças formará a tetralogia denominada por ele como ‘Sangue das promessas’. O espetáculo ‘Litoral’ rendeu-lhe reconhecimento e dois importantes prêmios: Prêmio Literário Governor General’s Literary Award de melhor texto teatral em 2000 e o Chevalier de l'Ordre National des Arts et dês Lettres, na França, em 2002. Mas é em 2003, com o espetáculo ‘Incêndios’ que arrebata a crítica e leva todos os principais prêmios.

De 2000 a 2004, dirigiu o Teatro dos Três Vinténs em Montreal. Em 2005, fundou duas companhias especializadas no desenvolvimento de novos trabalhos: ‘Abé carré cé carré’, no Canadá e ‘Au carré de l'hipotenuse’, na França.

Nos últimos 15 anos, Wajdi Mouawad se estabeleceu como um original e singular encenador do teatro contemporâneo, aclamado por suas narrativas diretas e firmes, em encenações de estética precisa e potente. Em todos os seus trabalhos, peças de sua autoria (‘Tideline’, ‘Scorched’, ‘Forêts’ e ‘Ciels’, dentre outras) e adaptações (‘Viagem ao fim da noite’, de Céline; ‘D. Quixote, de Cervantes’), produções que dirigiu (‘Macbeth’, ‘As troianas’ e ‘As três irmãs’), dois romances (‘Visage retrouvé’ e ‘Anima’), Wajdi Mouawad expressa a convicção que a ‘arte se porta como testemunha da existência humana através do prisma da beleza’.

Suas peças foram traduzidas em mais de quinze idiomas e apresentadas em vários países, incluindo a Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Espanha, Japão, México, Austrália e Unidos Estados.

Incêndios’ foi adaptado para o cinema e dirigido pelo canadense por Denis Villeneuve, tendo sido indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Prêmios recebidos por outras montagens de ‘Incêndios’ no mundo:
Prêmio Jacqueline Déry-Mochon (Canadá)
Prêmio SACD (comissão de países de língua francesa) – França
Prêmio Sony Labou Tansi (Canadá)
Premio Molière (França)
Prêmio Escolha da Crítica (Bélgica)
Grande Prêmio da Academia Francesa de Teatro (França)
Prêmios recebidos por ‘Incêndios’ no Brasil:Prêmio Shell  - Melhor Direção: Aderbal Freire-Filho
Prêmio APTR
Espetáculo: Incêndios
Atriz: Marieta Severo
Atriz coadjuvante: Kelzy Ecard
Cenografia: Fernando Mello da Costa
Prêmio Questão de Crítica - Melhor Ator: Marcio Vito

FICHA TÉCNICA E SERVIÇO:
INCÊNDIOS De Wajdi Mouawad

Tradução: Angela Leite Lopes

Direção: Aderbal Freire-Filho

Com Marieta Severo, Felipe de Carolis, Keli Freitas, Marcio Vito, Kelzy Ecard, Fabianna de Mello e Souza Julio Machado e Isaac Bernat
Cenografia: Fernando Mello da Costa

Iluminação: Luiz Paulo Nenen

Figurinos: Antonio Medeiros

Trilha Sonora: Tato Taborda


Direção de Produção: Maria Siman

Produção Executiva: Luciano Marcelo

Produtores: Maria Siman, Felipe de Carolis e Marieta Severo

Produtor associado: Pablo Sanábio

Idealização do Projeto: Felipe de Carolis
Realização: Primeira Página Produções, Emerge  e Teatro Poeira
Serviço:
Estreia: 19 de setembro
Temporada: até 14 de dezembro
Local: Teatro FAAP
Endereço: Rua Alagoas, 903 - Higienópolis, São Paulo – SP
Horários:
Sexta-feira, às 21h
Sábado, às 21h
Domingo, às 17h
Preços:
Sexta-feira: R$ 60,00 (inteira)
Sábado e Domingo: R$ 90,00 (inteira)
Televendas: 3662-7233 e 3662-7234

Bilheteria: quarta a sábado, de 14h às 20h. Domingo, de 14h às 17h
Compras on-line: www.teatrofaap.showare.com.br
Duração: 120 minutos
Classificação etária: 14 anos
Capacidade: 504 lugares
Estacionamento gratuito no local com vagas limitadas
*o estacionamento abre uma hora e meia antes do início do espetáculo
Incêndios é patrocinado pelo Banco Itaú. Os recursos foram captados através da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet
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