Um jornalismo popular para a nova geração? É assim que o "Hora 7", site do portal R7, vinculado à TV Record, apresentou a nova editoria de seu portal. A página de notícias, inspirada no afamado jornal "Notícias Populares", aquele do Grupo Folha que entre os anos 80 e 90 tinha a alcunha de "espreme que sai sangue". Hoje, cultuado pelos saudosos mas, na época, execrado pela maioria. Era divertido parar na banca para ler as manchetes, que iam do bebê diabo a alguma insinuação de polêmica com a Xuxa, na época, no auge como a rainha dos baixinhos.
A ideia é boa. Um tablóide na internet inspirado em jornais populares, que promete entregar ao leitor conteúdo criativo, polêmico e notícias que beiram ao absurdo.Mas terá o mesmo sabor que parar na banca e ler? Tomara que sim, o site já ganhou um fã. Mas não sei se com a era da internet, com tudo tão rápido, irei lembrar de voltar a ele com tanta frequência. A equipe é própria e coordenada, em duas edições diárias, das 7h e 19h, pelo jornalista Marco Antônio Lopes, que tem na grife do currículo passagens pelo jornal "Meia-Hora" e revistas "Playboy" e "Homem Vogue".
Se continuar seguindo a linha do "Notícias Populares", pode esperar, que vem "chumbo grosso", adotando um pouco do linguajar que podia ser facilmente lido. Era tudo muito chulo, como um relato de um rapaz que "comia a rabada da sogra" e queria repetir "a iguaria". Três coisas me incomodaram nesta primeira impressão. Se há uma equipe própria, porque tantos links que conduzem a outros sites - alguns até nem ligados ao R7? Notícias velhas, como a do homem que comprou uma fazenda e encontrou um depósito de carros - li, ou assisti a esta reportagem, há vários anos. E por que requentar matérias internacionais, nesta infinidade de assuntos que têm no nosso Brasil? Soou meio como preguiça, já que o nosso país é "uma sugestão de pautas ambulante".
Lembra, mas, se comparado, muito pouco daquele jornal que inspirou o brilhante livro "Nada Mais que a Verdade - A Extraordinária História do Jornal Notícias Populares", escrito por Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani e Maik Rene Lima que, em 2011, ganhou uma edição revista e ampliada. A obra relata, dez anos depois, o último suspiro do mais polêmico dos periódicos brasileiros, conduzindo o leitor por quatro décadas de uma ciranda de crimes, sexo, devaneios e, sim, bom jornalismo. Ultrapassa a biografia do jornal, é livro é um romance fantástico.
No mais, desejo sorte e vida longa ao "Hora 7". E que venham assuntos inspirados, inesperados, incríveis e história fantásticas. Que não seja uma cópia pura e simplesmente. Que, como aquele jornal, tenha conteúdo próprio porque, de enlatados, já basta o que passa na televisão. Não é pedir muito. Agora, temos muito mais recursos do que na época em que ele foi feito. Tem tudo, tudo mesmo, para fazer história. Mesmo que, para isso, eu esteja sendo otimista demais. Ou não.
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