quarta-feira, 23 de julho de 2014

.: Sobre morte, sexo, maldade, política, jardinagem, Chicó e João Grilo

Por Helder Miranda
Em julho de 2014


O que você precisa saber sobre mim é que sou um jovem senhor de 31 anos cujo nome tem significado de guardião da sabedoria, ou ancião. Logo, eu sou um jovem velho cuja contradição é carregar entre os significados do nome um nome de sábio e ter rompantes de imaturidade, como qualquer cara da minha idade que já não é tão jovem, mas não tem idade suficiente para ser chamado de velho, como pontua aquela contemporânea canção da Sandy.Mas é um blog sobre tudo e sobre nada. Sobre literatura, música, filmes ou o que eu quiser falar.É sobre o que eu vejo e o que quero que você veja, concordando ou discordando. É sobre eu e sobre você. De senhor para senhor e senhora contemporâneos.

E começar o blog falando de morte mostra outra pequena contradição. A morte não é o fim de tudo, principalmente para escritores, os imortais. Sexta, 18 de julho, morreu João Ubaldo Ribeiro, autor de um pequeno clássico para mim, “A Casa dos Budas Ditosos”, de 1999, que integrava a coleção “Sete Pecados” da editora Objetiva. Se fosse para indicar uma leitura, entre tantas, seria a deste livro e “Diário do Farol”, de 2002, que tem como foco a maldade. A maldade e o sexo compõe, para mim, as obras mais representativas deste homem, conhecido pela simplicidade, gentilezas sinceras e um sorriso aberto. Escritores deveriam ser proibidos de fumar ou beber, ou talvez isso prejudicasse o talento deles, então melhor deixar como está. Foi enterrado no sábado, dia 18 de julho, no mausoléu da ABL - Academia Brasileira de Letras, talvez a maior honraria para um escritor.



Sábado, dia 19 de julho, às 11h50, no Hospital Centro Médico de Campinas, foi a vez do escritor Rubem Alves, alguém que nasceu para transmitir sabedoria e conhecimento. Em seu texto “Sobre a Morte e o Morrer”, disse: "permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria". Alguns diziam que era muito mais que escritor, era um sábio, um filósofo que compartilhou textos, experiências e caminhos para sermos felizes e entendermos um pouco mais da vida. Ele era uma das referências do país em temas relacionados à educação. Além de educador e escritor, cronista, pedagogo, poeta, filósofo, contador de histórias, ensaísta, teólogo, acadêmico, autor de livros infantis e psicanalista.

Sobre ele, seria leviano destacar alguma coisa, pois não conheço a obra, mas um amigo indicou o texto "Sobre Política e Jardinagem", que conheceu logo que entrou na faculdade, que o marcou demais. Para quem tiver um tempinho, e até quem não tiver, vale a pena acessar clicando aqui.

Agora, vem a notícia de que Ariano Suassuna acabou de falecer. Apesar da torcida, a padroeira permitiu que o autor de “O Auto da Compadecida” fosse levado por um AVC. Há de se compreender, embora seja difícil aceitar. Aliás, 2014 não está sendo um ano fácil para a literatura brasileira. Mas, como político Cristovam Buarque: “Um dia João Ubaldo no outro Rubem Alves e o mundo insiste em prosseguir”.




* Helder Miranda escreve desde os seis anos e publicou um livro de poemas, "Fuga", aos 17. Participou de várias antologias nacionais e internacionais, escreve contos, poemas e romances ainda não publicados. É editor do portal de cultura Resenhando.com, do blog Televizinha.blogspot.com e roteirista de seriados e novelas do site Photonovelas.com.br.

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