terça-feira, 29 de julho de 2014

.: Só Vente, de Diego Demanoqua

Por Diego Demanoqua 

Decidira ir até uma torre. Dirigiu-se digerindo as escadas. As palavras ficaram cerradas, nas bordas da boca. Torta era ideia assumida e roca, a provocação.  Nisso, tudo se resumia.

Você não pode, não tem, não irá.

Caminhou até o extremo do cômodo. A lua inexistia, pesava entre o céu a luz do dia. Nada podia arder, entretanto, como aquele frio. No pico do topo. Na extremidade do mais celebrado contorno.

O não foi caindo como sentença falecida, perdendo força e garantia pelo espaço. As estrelas também se mantinham escondidas no formalista ouro pendurado. A luz racionalizava a flor e o mato. Aquele Deus, sendo julgado, assim em luz tão fria, poder não poderia. As sombras eram poucas como doenças em cristais salgados.

Todavia, imóvel se tornou o haver daquele tempo transfigurado em percepção de clima.

Ficou olhando a imagem, rigidamente dissolvida, e nem todo o impacto metódico da luz corrompia... aquela escuta pronunciava um sossego sem medidas. O olho se multiplicou nos braços, cada brisa queimava num lacrimejar de retinas. As pálpebras calculavam os pecados, os cílios discutiam os significados vastos, nas sobrancelhas a significação surgia.

Uma formiga mordeu o lado da unha, na contramão daquela ida nua. E o que sobrou daquela vertigem nula? Uma pergunta:
Sim ou não?

O nadir floresceu mais rápido que a queda das amoras. O meio do céu colidiu no horizonte esburacado. Mas o buraco estava em subterfúgios passos, aproximando-se lento, plácido. A figura foi adquirindo a cor escura, o cômodo se fez receptáculo. A lua molhou o selo e o contrato. E o sentimento proclamou, entre estrelas, a estréia do arteiro perdão das multidões, dos vários. Pendões pendurando o inexplicável. Cuspindo na tradução de luz criminal. Germinou nos olhos e braços uma centenas de dias e tal alguém se iluminou no mais fundo escuro feito tinta que dizia.

Como era puro aquele sim profuso em nãos di vidas.

Não haveria preço nos valores das cavidades, nem calvos propósitos no extenso das idades. Muito menos no enlaço curto de cada ida.


Sobre Diego Demanoqua
Nascido em Guarujá, São Paulo, desde muito cedo revelou apreço pela leitura e escrita. Fascinado por escritores como Herman Hesse, Machado de Assis, Borges, Rubem Alves, Mia Couto e Saramago, ama, com o verbo na borda do inevitável, os livros teóricos, por motivos que nem a ele foram explicados.  Escreve incessantemente, lê intensivamente e acredita que as palavras não possuem nada de tão incrível quanto as indefinidas coisas que, nos interstícios, comunicam-se. 

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