sexta-feira, 1 de julho de 2011

.: Entrevista com Thiago Fragoso, ator do remake de "O Astro"

“Acho que nós temos um papel importantíssimo além-palco.” - Thiago Fragoso

Por: Elton Pacheco, de Brasília
Colaboração: Helder Miranda
Em julho de 2011


Minimalista - Do Twitter, Thiago Fragoso encara a paternidade e a tarefa de dar vida ao mocinho de “O Astro”. Tudo em 140 caracteres, ou menos.



Ator desde os nove anos, Thiago Fragoso se vê, aos quase 30, diante de mais desafios. Na vida profissional, se prepara para dar vida a Márcio Hayalla, papel que alçou Tony Ramos definitivamente ao estrelato, no remake de "O Astro", a novela da TV Globo que, em 60 capítulos, presta uma homenagem ao 60º aniversário da telenovela brasileira e, também, à eterna rainha dos folhetins nacionais, Janete Clair. 

O texto é de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro e, entre outros colaboradores, Vitor de Oliveira, do admirado blog Eu Prefiro Melão – www.euprefiromelao.blogspot.com. Completam o time Roberto Talma, na direção geral de núcleo, e Mauro Mendonça Filho, na direção-geral.

O papel em questão trata de um jovem, filho do poderoso Salomão Hayalla (Daniel Filho), que renega toda fortuna da família e vai morar nas ruas tocando seu trompete. O ator afirma se inspirar nos neo-hippies e em São Francisco de Assis. Ele assume o desafio depois de encarar a tarefa de interpretar o vilão Vitor, em Araguaia, novela das seis, da TV Globo – quebrando o estigma de personagens “anjinhos” que consagraram sua carreira. 

Do lado de fora das telinhas, no seu papel de ser pai de um menino, fruto do casamento com a também atriz, Mariana Vaz, afirma: “É bom interpretar vilões. O desafio é não levar aquela energia toda… pesada para casa. A gente aprende, mas leva um certo tempo”. Ao contrário da paternidade, essa não é a primeira vez que o ator carioca interpreta um vilão. Em 2003 deu vida ao malvado Rodrigo, na novela Agora é que são elas e, no início da carreira, em 1996, ao problemático Carlos Alberto, no seriado Malhação. 

Sobre a vida pessoal, Thiago Fragoso fala pouco, é reservado, mas deixa um gostinho aos fãs sobre sua personalidade. “Tenho manias, como somar números de telefones, placas de carros, essas coisas”, brinca. E defende o papel do ator na sociedade. “Acho que nós temos um papel importantíssimo além-palco”. Antenado com as novas redes sociais, Thiago Fragoso concedeu a entrevista abaixo por meio de seu Twitter [@FragosoThiago], espaço que usa para interagir com seus fãs. Em 140 caracteres, ele fala sobre papéis antigos e novos desafios.


RESENHANDO - Como é interpretar o papel que consagrou Tony Ramos na TV brasileira?
THIAGO FRAGOSO - O Márcio é um personagem de extremos, carne viva. Um idealista, nada materialista. Ele vira mendigo por opção.


RESENHANDO - Qual a mensagem que esse personagem passará ao público?
T. F. - Ele acredita que o dinheiro corrompe o homem e causa guerra. Não deixa de estar com a razão.


RESENHANDO - Ele viverá um triângulo amoroso com Lili (Alinne Moraes) e Jôse (Fernanda Rodrigues). Fale sobre isso.
T.F. - Ele não é apaixonado pela Jôse, é mais uma coisa de criança. Com a Lili é um choque. Ela é suburbana e chega mais perto dos ideais dele. 


RESENHANDO - “O Astro” é uma novela que flerta com o esoterismo. É verdade que você teve curiosidade de estudar astrologia, por conta de seu signo, escorpião?
T.F. - Falava que era escorpiano, as pessoas se espantavam, só faltavam jogar alho. Em Araguaia, fui “consultor astrológico” da Cléo Pires e Milena Toscano. 


RESENHANDO - Você tocará trompete, teve alguma dificuldade?
T.F. - Não tive problema, quando morava nos EUA aprendi a tocar tuba. 


RESENHANDO - Como é fazer várias novelas seguidas, sem descanso?
T.F. - Se puder emendar dez novelas, eu emendo. Agora, então, com meu filho, estou pensando muito nele, em dar segurança, conforto.


RESENHANDO - TV, teatro e cinema são apenas meios. O importante é a qualidade e a entrega de cada ator e de cada trabalho. Qual dos três te dá mais prazer?
T.F. - Teatro é a arte do ator. O mais desafiador e prazeroso nesse ponto de vista. Mas os outros dois têm outros apelos tão sedutores quanto.


RESENHANDO - Você diz que o seu “maior desafio é sempre o próximo trabalho”. Ator desde os nove anos, qual desses desafios, em sua opinião, foram os mais marcantes?
T.F. - Muitos. Citaria “O Clone”, “A Casa das Sete Mulheres” e “O Profeta” por diferentes motivos.



RESENHANDO - Em “O Clone”, o jovem e inconsequente Nando torna-se viciado em drogas. Quando o personagem aborda um tema tão importante e pesado, o desafio é maior?
T.F. - Com certeza. O difícil é não levar aquela energia toda, pesada, pra casa. A gente aprende, mas leva um tempo. Foi uma campanha nacional…


RESENHANDO - Em “A Paixão de Cristo”, você fez o papel de Pilatos. No que, exatamente, esta interpretação de teatro ao ar livre modificou ou acrescentou à sua carreira?
T.F. - Já havia feito teatro ao ar livre. A interpretação deve ser mais dilatada. É quase uma máquina do tempo. Um teatro de séculos atrás.


RESENHANDO - Para viver o personagem de “O Profeta” você teve aulas de dança. Tomou gosto pela atividade?
T.F. - Sempre acabo fazendo dança pelos mais variados papéis. Jazz, Ballet, Sapateado, Street Dance, Tango, Forró, Rock ‘n’ Roll… Sempre divertido.


RESENHANDO - Você trabalhou com Schechtman [Marcos, diretor de novelas da Globo], profissional conhecido por incentivar a preparação dos atores antes de um trabalho. Você tem algum processo específico de laboratórios. Como você se prepara?
T.F. - Depende do trabalho. Pode ser de larga busca de referências ou de um trabalho de vivência mais objetiva. Acho importante se preparar bem.


RESENHANDO - Sabemos do seu apoio a Declaração do Bem Estar Animal, a defesa do direito animal. O social significa um ponto importante em sua vida?
T.F. - Sim. Não acho necessário para todos, mas acho importante para mim. Acredito que o ator tenha uma função social “além-palco”.


RESENHANDO - O que você acha do Twitter? Sente algum tipo de responsabilidade com seus comentários, já que seu público o segue e interage com você?
T.F. - Respeito e não critico quem pensa diferente de mim. Essa é a minha abordagem no Twitter. Não somos mais importantes que qualquer cidadão.


RESENHANDO - O debate político hoje está sendo pautado por líderes religiosos. A questão do aborto e leis em defesa LGBT são exemplos. O que você pensa a respeito?
T.F. - O aborto tira a vida de muitas mães. Acho que deve-se descriminalizar, mas não legalizar. Eu nunca apoiaria.


RESENHANDO - Para terminar, uma fã pediu que a gente perguntasse a você: é verdade que você assume que tem mil e uma manias? Quais são elas?
T.F. - Tenho poucas manias. Como todo mundo. Somo números de telefones, placas de carros e reduzo a um dígito… Nada de mais.
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