sábado, 2 de abril de 2011

.: Resenha crítica de "O Retrato de Dorian Gray", a décima adaptação

Um retrato (sobrenatural) de Dorian Gray
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em abril de 2011


Décima adaptação de romance gótico de Oscar Wilde é fixada no suspense sobrenatural. Saiba mais de O Retrato de Dorian Gray!


Adaptar livros para a telona é brincar com fogo. Contudo, quando se trata de um clássico da literatura universal tudo muda ainda mais de figura, afinal, muitos já conhecem a história original e todos os seus detalhes e acabam não aceitando qualquer mínima mudança que este sofra.

"O Retrato de Dorian Gray", dirigido por Oliver Park, reconta o romance gótico, homônimo, de Oscar Wilde. Tanto quanto o texto original, o longa critica o culto desenfreado da juventude e da beleza eternizada. Qual o diferencial? O lado místico da obra é mais valorizada e, assim, torna a décima adaptação da história de Wilde em um suspense sobrenatural.

No enredo ambientado na Londes Vitoriana, o jovem recém-chegado, Dorian Gray, aspirando ingressar na alta-roda, torna-se amigo de Henry Wotton. Este, por sua vez, o apresenta à sociedade e aos prazeres que o local oferece. Sentindo-se invencível, Gray se perde em um universo confuso abarrotado de sexo, vaidade e total falta de valores. Sem limites para concretizar o que deseja, ele passa a se concentrar em um outro prazer: a própria beleza. 

Obcecado por sua beleza inquestionável (Seria Ben Barnes o mais indicado para tal papel?), Dorian permite que o pintor Basil Hallward o retrate com fidelidade e, assim, sem qualquer dúvida, o jovem dá a própria alma com a intenção de ter para sempre a aparência nele registrada. Enquanto que o aristocrata Lorde Wotton o deseduca sobre os verdadeiros valores da vida, Basil retrata a verdadeira beleza, jamais pintada por alguém. Apesar dos anos já corridos, Gray permanece jovem, belo e atraente, enquanto que o quadro, não mais exposto, mas coberto e escondido, apresenta, cada vez mais, um ar sombrio e malévolo.

"O Retrato de Dorian Gray", com direção de Oliver Park, é um bom filme, não é tão marcante quanto a leitura do livro em seu texto integral, mas no quesito figurino e maquiagem dá um banho de perfeição. Assim, passa a ser um fato comprovado, pois apesar de a beleza de Ben Barnes (que tem cara de cachorro molhado) não ter as características de um Dorian Gray, em poucos minutos de filme é possível "ver" nele aquilo que não há de fato.

Por outro lado, o nobre ardiloso Wotton, interpretado brilhantemente por Colin Firth é quem rouba a cena. Não há duvida, ele é o melhor advogado do Diabo de todos os tempos. Tal atuação, de tão marcante permite que o público analise, por conta própria, quem é o verdadeiro pintor de Dorian Gray. Vale a pena conferir O Retrato de Dorian Gray, embora a leitura do livro (texto integral e/ou original) seja indispensável!


Filme: O Retrato de Dorian Gray (Dorian Gray, Reino Unido)
Ano: 2009
Gênero: Drama
Duração: 112 minutos
Direção: Oliver Park
Roteiro: Toby Finlay, Oscar Wilde (romance)
Fotografia: Roger Pratt
Trilha Sonora: Charlie Mole
Elenco original: Colin Firth, Ben Barnes, Rachel Hurd-Wood, Rebecca Hall, Emilia Fox, Ben Chaplin, Caroline 

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