segunda-feira, 2 de agosto de 2010

.: Resenha crítica de "Os Mercenários", que é uma bobagem

Testosterona inconsistente: O Brasil pelos olhos de Stallone 
Por: Helder Miranda
Em agosto de 2010

Longa só se sustenta pela memória afetiva de um público que já cresceu. 


"Os Mercenários" é, assumidamente, uma bobagem. Logo na primeira cena, talvez pelo colorido, fui remetido a dois filmes antigos, de minha infância - Os Heróis Trapalhões - Uma Aventura na Selva e Os Trapalhões nas Terras dos Monstros. Não entro no mérito do boicote, é perda de tempo, mas, se você não foi um moleque dos anos 90, não veja. 

Assim como Renato Aragão, Stalonne vai escalando famosos para fazer algumas pontas ao seu bel-prazer. O roteiro segue o mesmo estilo dos longas de ação que eram transmitidos à tarde, na TV Bandeirantes, cheios de memória afetiva de minha época de criança. Com medalhões do gênero, como Dolph Lundgren (Soldado Universal), Jet Li, Jason Statham (o protagonista de Carga Explosiva), e até o pai de Todo Mundo Odeia o Chris, é tão ruim que tem seu charme. Só faltou Van Damme.

Cheio de tiradas de efeito, todas "esquecíveis", algumas cenas de ação forçadas, e um machismo que não chega a incomodar, porque o próprio filme não se sustenta. Os Mercenários é salvo pela memória afetiva de um público que já cresceu. Quem foi moleque no auge de Sylvester Stallone e brincou com os bonecos emborrachados do S.O.S Comandos - me remeteu a isso também - pode se reconhecer ali. Minha única pretensão era conferir o último trabalho da fofinha Brittany Murphy, que não apareceu e me frustrou um pouquinho, mas como ganhei os convites, em uma ação de marketing da California Filmes para evitar o "boicote" (?), estava ali para me divertir. 

A percepção do que é "envelhecer mal" me incomodou em Os Mercenários. Menos pelo botox e mais pela dificuldade em partir para outros projetos mais dignos, íntegros, do ator que está à frente disso. A participação de Bruce Willis só se justifica pela afetividade. Ali, no cinema, vi o tempo passar em frente a um Mickey Rourke irreconhecível, e também quando não acreditei nas peripécias espetaculares de um Stallone envelhecido, muito menos no olhar romântico de Gisele Itié para o seu personagem. É como a mulher madura que insiste em roupas de menina e maquiagem pesada: não dá.

Por outro lado, só um filme como esse me deixaria acordado, em um dia em que dormi às 4h, acordei às 7h, recomecei a trabalhar o dia todo e encarei a sessão das 22h. Gisele Itié, dublada por ela mesma, é uma atração à parte. Se fosse um filme "bom", pode ter certeza de que eu dormiria, como já aconteceu outras vezes, mas estava diante de algo em que não conseguia parar de ver. 

Um detalhe curioso foi quando o projetor apresentou algum problema e o longa teve de voltar alguns minutos dos já assistidos. As pessoas reclamavam quase que em unanimidade, queriam ver o filme de onde estava, não precisava voltar. Minha mulher, que começou a esboçar sinais de desespero, também fez coro. Como imaginei que, em algum momento, os personagens viram para cá, eu quis ver o Brasil pelos olhos de Stallone. Mas não aconteceu também. Vale, também, por uma cena em que o protagonista troca farpas, ridículas, com Arnold Schwarzenegger e finaliza, com a única frase que me lembro: "Ele quer ser presidente".

Filme: Os Mercenários (The Expendables, EUA)
Ano: 2010
Gênero: Ação
Duração: 103 minutos
Direção: Sylvester Stallone
Roteiro: Dave Callaham, Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone , Jason Statham , Jet Li , Dolph Lundgren , Eric Roberts, Randy Couture, Steve Austin, David Zayas, Giselle Itié, Gary Daniels, Terry Crews, Mickey Rourke

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