terça-feira, 1 de setembro de 2009

.: Entrevista com Paula Fernandes, cantora de sucessos da teledramaturgia

“Quero agora colher o que eu plantei até agora. Os primeiros frutos estão sendo deliciosos e nutritivos.” - Paula Fernandes


Por: Patrick Selvatti
Em setembro de 2009


Intérprete de canções que embalaram e embalam casais da teledramaturgia brasileira, cantora jovem, representa a ala feminina no sertanejo. Saiba tudo de Paula Fernandes!


Com apenas 25 anos e já no seu quinto disco, Paula Fernandes, mineira de Sete Lagoas, é dona de voz impressionante e uma das poucas compositoras brasileiras dedicadas ao gênero sertanejo – ou pop rural, como prefere frisar - com jeitão de MPB, com doses de rock/folk e atmosfera new age. Seu atual CD, Pássaro de Fogo, possui 14 canções com assinatura própria, sozinha ou com parceiros como Victor Chaves (da dupla Victor e Léo) e Marcus Vianna. 

É de Paula Fernandes a voz que embala, ao lado de Almir Sater, a canção Jeito do Mato, tema dos protagonistas da novela global Paraíso. Assim como também na canção Ave Maria natureza - tema da novela América e que, durante muitos anos, cantou pelos rodeios do Brasil afora – e em Dust in the wind, que entrou na trilha da novela Páginas da vida. 

Pássaro de Fogo é o quinto trabalho e o quarto CD de Paula Fernandes, que começou a cantar com 8 anos e, aos 10, já atuava profissionalmente, lançando, à época, disco de vinil. Aos 12, se mudou com a família para São Paulo, atrás do sonho de se tornar cantora sertaneja. Viajou pelo Brasil com grupo de rodeios durante cinco anos, cantando inclusive a Ave Maria que abre as competições. Inspirada no sucesso da novela Ana Raio e Zé Trovão, lançou o CD Voarei. Muitos obstáculos no caminho fizeram com que, aos 18 anos, desistisse da carreira artística e voltasse para Minas Gerais. Faz curso de geografia e, paralelamente, tocava e cantava em barzinhos. 

Sou totalmente pé vermelho”, brinca a artista, valendo-se de expressão usada para definir quem gosta da roça e, especialmente, de terra que tem minério no solo. “O que faço é versão feminina da canção sertaneja, que ganha um toque especial pelo modo diferente de a mulher se colocar no mundo. Sei que as mulheres vão se identificar com o mundo brejeiro, romântico, falando do que esperamos dos homens”.




RESENHANDO - Como você define, de fato, o seu trabalho?
PAULA FERNANDES - A minha raiz é totalmente sertaneja. Eu fui criada no interior, ouvi moda de viola, mas, na medida em que fui crescendo, essa questão da personalidade musical foi fluindo o lado de compositora. Eu me considero pop rural, uso elementos do campo, falo sobre o amor puro, como eu acho que deveria ser, não banalizado como está. O que faço é versão feminina da canção sertaneja, que ganha um toque especial pelo modo diferente de a mulher se colocar no mundo. Sei que as mulheres vão se identificar com o mundo brejeiro, romântico, falando do que esperamos dos homens. É uma mistura, mas eu não posso perder a essência, que é sertaneja. Mas acho importante essa renovação, para sair do repetitivo.


RESENHANDO - A música brasileira está passando por nova releitura?
PAULA FERNANDES -As pessoas estão se ligando na boa música brasileira novamente. Esse mercado onde estou entrando é tipicamente masculino, mas é um momento bacana para as mulheres, tanto cantando como compondo, porque se trata de uma linguagem diferente. Acredito que haverá, sim, uma grande renovação.


RESENHANDO - Como a música entrou na sua vida?
PAULA FERNANDES - Foi tudo muito naturalmente. A música faz parte da minha vida desde que me entendo por gente. Eu não escolhi: fui escolhida pela música. É profissão como qualquer outra, a diferença vem de ser atividade envolvida em magia.


RESENHANDO - A letra da canção Jeito do mato foi escrita especialmente para você como uma declaração. Como você recebeu isso e decidiu transformá-la em música?
PAULA FERNANDES - Em resumo, eu estava fazendo uma matéria para um jornal e esse amigo, o jornalista Maurício Santini, sabendo da minha história real, e não aquela que é contada pelos outros, ficou muito inspirado, muito emocionado e escreveu a poesia, da forma dele, para aqueles olhos tristes, para a menina da voz doce... A poesia chegou para mim ainda sem nome e eu coloquei melodia nela e batizei de “Jeito de mato”. Depois disso, a coisa fluiu, o Almir [Sater] gravou comigo, antes mesmo do contrato com a Universal Music e, depois, foi uma grande surpresa, porque a música de trabalho nem ia ser ela, mas ela acabou entrando na novela, casou perfeitamente com a personagem Santinha e a coisa está aí, do jeito que está...



RESENHANDO - Essa não é a primeira música sua que entra na trilha de uma novela, mas, certamente, é a que faz mais sucesso. Como isso afeta sua carreira?
P.F. - Eu acho que este é um momento ímpar, porque é a primeira vez que eu estou numa multinacional, fui independente até o ano passado. Então, já gravar um disco, que é uma grande responsabilidade para a gravadora, ter uma canção que é tema do casal protagonista de uma novela da Rede Globo, tudo isso foi um presentão da vida. Eu só tenho a agradecer...


RESENHANDO - Quem são os seus maiores ídolos na música? 
P.F. - Eu ouço de tudo, desde Tião Carreiro & Pardinho até Simon & Garfunkel, Bee Gees, adoro Almir Sater, Victor & Léo, Shania Twain, Roberta Miranda, Ana Carolina. Acho que a música deve ser explorada em seus mais diversos estilos. Sendo boa, eu ouço de tudo. Eu gosto muito da música folk, mas aqui no Brasil não se usa muito esse termo. E, fazendo trilhas, acho impressionante a sensibilidade de Marcus Vianna...


RESENHANDO - Apesar da pouca idade, você já tem alguns anos de estrada, mas ainda é uma cantora jovem. Qual é o seu maior sonho? 
P.F. - Eu acho que já me considero uma pessoa vitoriosa por tudo que já passei desde os oito anos de idade. Estou num momento em que tudo o que vier será muito bem-vindo. Quero agora colher o que eu plantei até agora e os primeiros frutos estão sendo deliciosos e nutritivos. O que vier a partir de agora, será lucro.
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