“... Não estou pronto pra lidar com assédio nenhum, e se alguém me interromper um jantar num restaurante, vou achar ruim” - Juliano Cazarré
Por: Patrick Selvatti
Em julho de 2009
Resenhando em Fúria: Juliano Cazarré, ator da minissérie da Globo e de Tropa de Elite, desnuda sua alma só para você.
O ator Juliano Cazarré, de 28 anos, é gaúcho de nascimento, e brasiliense de formação. Chegou na capital federal ainda recém-nascido e graduou-se em Artes Cênicas pela UnB (Universidade de Brasília), em 2004. Vive em São Paulo há cerca de três anos, em busca de trabalhos. E o resultado já é bem-sucedido. Neste ano, debuta na TV Globo, em duas séries consecutivas: Força tarefa e Som e fúria. Mas sua experiência já é vasta. Na TV a cabo, atuou no seriado Alice, da HBO, em 2008.
No teatro, seu berço, já percorreu o País com a peça Adubo Ou A Sutil Arte de Escoar Pelo Ralo, dirigida por Hugo Rodas e aprovada com louvor por Fernanda Montenegro. Já no cinema, Cazarré estreou há pouco seu sexto longa-metragem, A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele. Anteriormente, atuou em A concepção e Meu mundo em perigo, de José Eduardo Belmonte, Tropa de Elite, de José Padilha, Nome Próprio, de Murilo Salles – pelo qual foi indicado ao prêmio de melhor ator no festival de Gramado, em 2008 – e O Magnata, de Chorão e Jonnhy Araújo. E ainda estará nos longas Salve geral, de Sérgio Rezende, e Augustas, de Francisco César Filho.
Nesta entrevista EXCLUSIVA para o Resenhando, Juliano fala sobre sua paixão pelo cinema, a relação de amor com os palcos e sua insegurança em relação à televisão.
RESENHANDO – Você faz parte de uma nova geração de atores que saíram de Brasília para alcançar o sucesso no País. Como é a sua relação com a Capital Federal, já tão reconhecida como celeiro de grandes nomes da cultura brasileira?
JULIANO CAZARRÉ – Fui criado em Brasília, amo a cidade e sinto falta da qualidade de vida e dos amigos que tinha por lá. Mas me parece que, nesse momento, é melhor ficar por aqui, Sampa, mesmo. Brasília é uma cidade excelente para criar, mas o mercado para atores é fraco.
RESENHANDO – No cinema, sua carreira é marcada pela atuação como personagens densos, vestidos de muito naturalismo, como vemos em A concepção e A festa da menina morta. Isso foi proposital?
JC – Eu gosto de filmes e diretores arriscados, e desde A Concepção um trabalho vem puxando outro nesse campo. Estou feliz e surpreso com isso. Já o naturalismo é uma coisa que eu gosto de buscar e acho que o cinema é o lugar pra isso. Mas gosto de outras linguagens e adoraria fazer um filme mais expressionista, mais estilizado. Infelizmente só o Zé do Caixão faz isso no cinema nacional...
RESENHANDO – Em recente entrevista, você declarou que, se não tivesse fazendo esse cinema mais visceral, você estaria fazendo teatro em Brasília. Qual é a sua relação com o teatro, que é onde você fez escola?
JC – Amo o teatro e gostaria de fazer um teatro de pesquisa corporal e vocal, e de escrever pra teatro também. Mas ainda não consegui entrar no teatro em São Paulo. Isso se deve também ao fato de eu gostar e valorizar tanto o teatro que não quero fazer qualquer coisa. Dá muito trabalho criar uma peça, então estou esperando para fazer a coisa certa.
RESENHANDO – Como você está lidando com a chegada à televisão? O que você sente de diferente em comparação ao teatro e ao cinema e como você coloca cada um em seus planos?
JC – Espero conseguir fazer bons personagens nos três veículos. O que me move, na verdade, o que eu quero é o bom personagem.
RESENHANDO – Dentro de pouco tempo, surgirão só papéis em novelas e você certamente chegará ao posto de galã que a televisão sempre rotula. Está preparado para lidar com esse assédio?
JC – Espero que não surjam só papéis em novelas, e acho que não vai ser assim. Agora, não estou pronto pra lidar com assédio nenhum, e se alguém me interromper um jantar num restaurante, vou achar ruim. Eu sou ator porque gosto de atuar, não tenho a menor vocação para celebridade. Mas penso que o meu estilo de atuação não é um estilo que cative o grande público da TV, sei lá.
RESENHANDO – Você é um artista completo, que também escreve e dirige. Filho de escritor e irmão de cineasta, pretende investir também na escrita e na direção?
JC – Um conto meu (Ana Beatriz) foi adaptado para um curta-metragem, que, inclusive, foi premiado no último Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Eu também roteirizei e dirigi um média-metragem, Véi. Aí respondo: sim, eu gostaria de ir para esses lados, mas preciso me qualificar para tal. Sou novo e tenho muito que aprender.
RESENHANDO – Quem são os atores que te inspiram e o que você procura trazer de cada um deles para seu ofício?
JC – Marlon Brando, Osmar Prado e Wagner Moura, pela verdade. Selton Melo, pelo carisma. Matheus Nachtergaele pela técnica apurada. Daniel de Oliveira, pela entrega. Johnny Depp, pela maneira lúdica com que constrói seus tipos. Daniel Day Lewis por reunir todas essas características. E Meryl Streep, porque é perfeita, infalível, sobre-humana, divina quase.
RESENHANDO – Qual é seu livro de cabeceira e as músicas que marcaram sua história?
JC – O Apanhador no Campo de Centeio, talvez. Mas tem tanto livro que eu amo!!! Música, talvez os álbuns Cantoria 1 e 2, com Elomar, Xangai, Vital Farias e Geraldo Azevedo.
RESENHANDO – Pode adiantar quais são os seus planos para o futuro?
JC – Estou em Sampa, fazendo testes como sempre. Lendo os gregos como sempre. Vamos ver o que as fiandeiras me reservam. A todos, um abração. Axé.
Por: Patrick Selvatti
Em julho de 2009
Resenhando em Fúria: Juliano Cazarré, ator da minissérie da Globo e de Tropa de Elite, desnuda sua alma só para você.
O ator Juliano Cazarré, de 28 anos, é gaúcho de nascimento, e brasiliense de formação. Chegou na capital federal ainda recém-nascido e graduou-se em Artes Cênicas pela UnB (Universidade de Brasília), em 2004. Vive em São Paulo há cerca de três anos, em busca de trabalhos. E o resultado já é bem-sucedido. Neste ano, debuta na TV Globo, em duas séries consecutivas: Força tarefa e Som e fúria. Mas sua experiência já é vasta. Na TV a cabo, atuou no seriado Alice, da HBO, em 2008.
No teatro, seu berço, já percorreu o País com a peça Adubo Ou A Sutil Arte de Escoar Pelo Ralo, dirigida por Hugo Rodas e aprovada com louvor por Fernanda Montenegro. Já no cinema, Cazarré estreou há pouco seu sexto longa-metragem, A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele. Anteriormente, atuou em A concepção e Meu mundo em perigo, de José Eduardo Belmonte, Tropa de Elite, de José Padilha, Nome Próprio, de Murilo Salles – pelo qual foi indicado ao prêmio de melhor ator no festival de Gramado, em 2008 – e O Magnata, de Chorão e Jonnhy Araújo. E ainda estará nos longas Salve geral, de Sérgio Rezende, e Augustas, de Francisco César Filho.
Nesta entrevista EXCLUSIVA para o Resenhando, Juliano fala sobre sua paixão pelo cinema, a relação de amor com os palcos e sua insegurança em relação à televisão.
RESENHANDO – Você faz parte de uma nova geração de atores que saíram de Brasília para alcançar o sucesso no País. Como é a sua relação com a Capital Federal, já tão reconhecida como celeiro de grandes nomes da cultura brasileira?
JULIANO CAZARRÉ – Fui criado em Brasília, amo a cidade e sinto falta da qualidade de vida e dos amigos que tinha por lá. Mas me parece que, nesse momento, é melhor ficar por aqui, Sampa, mesmo. Brasília é uma cidade excelente para criar, mas o mercado para atores é fraco.
RESENHANDO – No cinema, sua carreira é marcada pela atuação como personagens densos, vestidos de muito naturalismo, como vemos em A concepção e A festa da menina morta. Isso foi proposital?
JC – Eu gosto de filmes e diretores arriscados, e desde A Concepção um trabalho vem puxando outro nesse campo. Estou feliz e surpreso com isso. Já o naturalismo é uma coisa que eu gosto de buscar e acho que o cinema é o lugar pra isso. Mas gosto de outras linguagens e adoraria fazer um filme mais expressionista, mais estilizado. Infelizmente só o Zé do Caixão faz isso no cinema nacional...
RESENHANDO – Em recente entrevista, você declarou que, se não tivesse fazendo esse cinema mais visceral, você estaria fazendo teatro em Brasília. Qual é a sua relação com o teatro, que é onde você fez escola?
JC – Amo o teatro e gostaria de fazer um teatro de pesquisa corporal e vocal, e de escrever pra teatro também. Mas ainda não consegui entrar no teatro em São Paulo. Isso se deve também ao fato de eu gostar e valorizar tanto o teatro que não quero fazer qualquer coisa. Dá muito trabalho criar uma peça, então estou esperando para fazer a coisa certa.
RESENHANDO – Como você está lidando com a chegada à televisão? O que você sente de diferente em comparação ao teatro e ao cinema e como você coloca cada um em seus planos?
JC – Espero conseguir fazer bons personagens nos três veículos. O que me move, na verdade, o que eu quero é o bom personagem.
RESENHANDO – Dentro de pouco tempo, surgirão só papéis em novelas e você certamente chegará ao posto de galã que a televisão sempre rotula. Está preparado para lidar com esse assédio?
JC – Espero que não surjam só papéis em novelas, e acho que não vai ser assim. Agora, não estou pronto pra lidar com assédio nenhum, e se alguém me interromper um jantar num restaurante, vou achar ruim. Eu sou ator porque gosto de atuar, não tenho a menor vocação para celebridade. Mas penso que o meu estilo de atuação não é um estilo que cative o grande público da TV, sei lá.
RESENHANDO – Você é um artista completo, que também escreve e dirige. Filho de escritor e irmão de cineasta, pretende investir também na escrita e na direção?
JC – Um conto meu (Ana Beatriz) foi adaptado para um curta-metragem, que, inclusive, foi premiado no último Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Eu também roteirizei e dirigi um média-metragem, Véi. Aí respondo: sim, eu gostaria de ir para esses lados, mas preciso me qualificar para tal. Sou novo e tenho muito que aprender.
RESENHANDO – Quem são os atores que te inspiram e o que você procura trazer de cada um deles para seu ofício?
JC – Marlon Brando, Osmar Prado e Wagner Moura, pela verdade. Selton Melo, pelo carisma. Matheus Nachtergaele pela técnica apurada. Daniel de Oliveira, pela entrega. Johnny Depp, pela maneira lúdica com que constrói seus tipos. Daniel Day Lewis por reunir todas essas características. E Meryl Streep, porque é perfeita, infalível, sobre-humana, divina quase.
RESENHANDO – Qual é seu livro de cabeceira e as músicas que marcaram sua história?
JC – O Apanhador no Campo de Centeio, talvez. Mas tem tanto livro que eu amo!!! Música, talvez os álbuns Cantoria 1 e 2, com Elomar, Xangai, Vital Farias e Geraldo Azevedo.
RESENHANDO – Pode adiantar quais são os seus planos para o futuro?
JC – Estou em Sampa, fazendo testes como sempre. Lendo os gregos como sempre. Vamos ver o que as fiandeiras me reservam. A todos, um abração. Axé.
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