quinta-feira, 1 de maio de 2008

.: Entrevista com Isabella Taviani, cantora e compositora

“Hoje o público já reconhece que cada uma é única, mas ainda bem que me compararam a uma grande artista como Ana Carolina, uma honra” – Isabella Taviani


Por: Patrick Selvatti
Em maio de 2008


A cantora e compositora Isabella Taviani conta um pouco sobre seu estilo musical, fala das comparações com Ana Carolina e de sua identificação com o público gay.


Antes de se tornar cantora, Isabella jogou vôlei, trabalhou em repartição pública e deu aula para crianças carentes. Filha de uma pianista e neta de um cantor de ópera, procurou o curso de soprano apenas para aprimorar a voz, pois já sabia que o que queria era MPB. Isabella formou-se em canto lírico e desde então, vem desenvolvendo um estilo que cativa a todos que a ouvem pela força e melodia envolvente de suas composições. Pensando em aprimorar sua performance no palco ela fez curso na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL). Conheça um pouco mais de Isabella Taviani.



RESENHANDO - Como você define seu estilo musical?
ISABELLA TAVIANI - É difícil definir. No meu repertório, há MPB, pop rock, rock pesado e também muita balada romântica. Eu flerto muito com o rock porque sou uma pessoa muito vigorosa e o rock me permite explorar esse interior que eu quero colocar para fora. Mas eu gosto mesmo é de compor sobre o amor, independente do estilo musical. Não sou uma compositora que fica pesquisando, rebuscando muito as palavras. Gosto de compor canções que saiam rapidamente, que saiam com uma expressão de sentimento, pois parece que elas são mais verdadeiras. 


RESENHANDO - Quem são suas influências musicais?
I.T. - Eu sempre ouvi muito Elis Regina, Maria Bethânia, Simone, Dalva de Oliveira. Mas me inspiro muito em Maria Callas, pela sua interpretação audaciosa. Eu acredito na cantora que realmente sua a camisa para estar no palco, e não apenas na sua voz. Eu não creio na voz perfeita, mas, sim, que, por baixo de uma grande voz, tem que haver uma grande intérprete, que está vivendo aquilo que está cantando.


RESENHANDO - Como você encara as comparações com Ana Carolina e como é a sua 
relação com ela?
I.T. - No início eu fiquei muito incomodada porque quando você não vê o mercado se abrindo para você, é difícil constatar que as pessoas salientam nossas semelhanças com outros artistas que já se fixaram no mercado e esquecem as diferenças que nós temos. Ana Carolina e eu temos muitas diferenças. Hoje, com a situação andando e o trabalho se estabilizando, o público já reconhece que cada uma é única, mas ainda bem que me compararam a uma grande artista como Ana Carolina, uma honra. Eu e ela hoje somos grandes amigas e planejamos até compor uma canção juntas.



RESENHANDO - Você já gravou dois álbuns e seu nome já é conhecido no meio artístico e de uma grande fatia do público, inclusive com músicas em outra novela da mesma emissora. Mas as pessoas ainda parecem associar seu sucesso a este último trabalho. Como é a sensação de ter sua música tocando na novela das nove da Rede Globo, o programa de televisão mais assistido do país, ainda mais embalando as cenas de uma atriz do porte de Renata Sorrah?
I.T. - É uma lente de aumento em cima de um trabalho que a gente já vem fazendo. MPB é um mercado muito difícil, as rádios tocam menos em todo o país, mas em todo lar há uma televisão e isso faz com que entremos nas casas das pessoas com mais facilidade.


RESENHANDO - Como é sua relação com os fãs?
I.T. - Existe entre nós uma relação verdadeira, sincera. Há uma troca muito boa, principalmente no palco, porque na platéia os fãs interagem bem, graças à facilidade que eles têm de se colocar no meu lugar quando eu canto. As canções falam de histórias que todo mundo passa e a maneira como interagimos faz com que eles se transfiram para o meu lugar. Acho que vem daí essa boa sintonia.


RESENHANDO - Que recordações você traz dos tempos em que canta em bares na noite?
I.T. - Eu acho que as roubadas que acontecem no palco, porque na noite você tem que ter jogo de cintura, saber lidar com várias situações. Mas o bom dessa época é que a proximidade com o público ajuda mais nessa interação.


RESENHANDO - Na música “Iguais”, você assume que faz um flerte com o público gay, que tanto participa dos seus shows. Como você enxerga essa questão da diversidade sexual nas artes de um modo geral?
I.T. - Os homens gays costumam ser muito sensíveis e isso faz com que eles sejam presentes nos meus shows. Já as mulheres gays são mais fortes, guerreiras. Lidar com o público gls é maravilhoso, embora eu não goste de limitar meu trabalho. Mas nessa música eu prestigio, sim, esse público que tanto me prestigia.


RESENHANDO - Que mensagem você deixa para os artistas que buscam esse reconhecimento que você está experimentando?
I.T. - Só há uma saída: acredite em você. Se você não acreditar em si mesmo, pára e vai buscar outra coisa para sua vida. Acredite no que você faz. Tem que permanecer, buscar seu sonho até o fim. Se você acredita, vai fundo.

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