domingo, 1 de julho de 2007

.: Perfil: especial com escritor Walcyr Carrasco

"Quando comecei a escrever, me interessei pela vida das pessoas que, de alguma maneira tinham algum tipo de contradição com o mundo." - Walcyr Carrasco
Da Redação do Resenhando

Em julho de 2007


Um escritor e novelista que mostra a verdade sobre a vida e ressalta que neste mundo nada é definitivo.


A literatura é fonte de inspiração para a vida e vice-versa. Lugares distantes, amores proibidos, duelos de espadas e muitos outros temas são destaque em obras literárias que encantam aqueles que tem fome e muita sede de um bom livro.

Walcyr Carrasco, escritor de muitas obras literárias e de novelas de grande sucesso da Rede Globo, como por exemplo, Chocolate com Pimenta, Alma Gêmea, O Cravo e a Rosa e a da atual novela do horário das sete horas da noite, Sete Pecados, há 10 anos escreveu a história inquietante de uma jovem chamada Marcella. 

Ela, após sofrer um acidente de carro, fica paraplégica e passa a viver uma batalha cotidiana cheia de vitórias e novas formas de ver tudo o que cerca o mundo. Marcella é conhecida pelos leitores por meio de vários personagens que convivem ou tentam conviver com a garota. Juntos, familiares e amigos, descobrem o quanto é difícil perder, e o quanto é precioso aprender a ganhar. 

Ter vontade de viver é um item importantíssimo para todos que passam por variados problemas. É justamente nesta busca da realidade que o autor cria uma sadia e forte relação com a obra. Confira o relacionamento autor e obra de Estrelas Tortas!



"Há muito tempo, descobri que olhava o mundo como se cada coisa fosse definitiva. Como se a felicidade fosse definitiva, e a tragédia também. Mais tarde, quando comecei a escrever, me interessei pela vida das pessoas que, de alguma maneira, tinham algum tipo de contradição com o mundo. Pela vida de quem, enfim, não tem uma existência fácil. Em meus livros falo de aids, preconceito racial e das diferenças entre o modo de ser e o de viver, que é o caso de Estrelas Tortas, no qual me dediquei não só ao problema de uma menina que fica paraplégica, mas também ao impacto desse acontecimento nas pessoas que a cercam.
Para escrever o livro, falei com médicos e também com alguns paraplégicos. A extensão da paraplegia varia muito. Há pessoas que perdem os movimentos do corpo inteiro. Um rapaz me impressionou muito: paraplégico há quinze anos, com lesões muito graves, conseguiu reaprender alguns movimentos básicos, casou-se e trabalha para sustentar a família.

Nessa convivência não só com os paraplégicos mas com todas as minhas personagens, que, por assim dizer, não tem vida fácil, aprendi muito. Verifiquei, por exemplo, que existem dois tipos de problema. Um é o problema em si, que pode ser desde uma lesão física a uma crise financeira; o outro é a forma como a pessoa encara as coisas. 

Para alguns, pequenas tragédias se tornam grandes, tal a incapacidade de enfrentar qualquer adversidade. Para outros, grandes problemas são enfrentados com leveza e otimismo. E é a maneira de enfrentá-los que muda tudo. Felicidade e tragédia não são, assim, definitivas. São situações que dependem de cada um para serem atingidas ou superadas.

Em Estrelas Tortas, quis falar da vida de uma paraplégica, mas quis mostrar, também, como todos nós somos livres para voar. Só quem tem força interior supera as dificuldades do dia-a-dia e brilha, enfim, como estrela."
Walcyr Carrasco


Fonte: Livro Estrelas Tortas, de Walcyr Carrasco. Editora Moderna.
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