quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

.: Resenha crítica de "Contos de Perrault", da editora Paulus

A magia dos contos de Perrault
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em fevereiro de 2006


Nada de estúdios de animação para facilitar o entendimento dos contos de Perrault. Editora Paulus faz melhor e publica Contos de Perrault, leitura indispensável para os pequenos e os grandinhos também


Atualmente, encontramos contos e mais contos publicados em livros, alguns no formato original (e traduzidos) e outros adaptados. Entre contistas infantis mais conhecidos (sim, nomes que permaneceram ao passar dos séculos) são Hans Cristian Andersen (1805-1875), os irmãos, Wilhelm Grimm (1786-1859) e Jakob Grimm (1785-1863) e Charles Perrault (1628-1703). Todos eles, em diferentes épocas, fizeram uso desta forma de narrativa breve, a qual originalmente acontecia por meio de narração oral. De maneira sucinta contava-se um fato verídico ou lendário, reproduzido com fantasia. Entretanto, a imaginação, a fabulação, a lenda e o anedótico constituem elementos integrantes do conteúdo do conto. Interessante? Sim. No entanto, o que quero discutir aqui, apesar da minha longa introdução (desculpe a minha dificuldade em ser sucinta), é que a editora Paulus, tem como recente publicação a obra, "Contos de Perrault".

A obra de acabamento de luxo, em brochura e capa dura, conta também com ilustrações em preto e branco e coloridas, de Andréa Vilela, além de vasto material. Quer que os cite? Ok. Lá vão eles todos: "Os amores da régua e do compasso e os do Sol e da sombra", "Anticontos - À margem da Eneida", "Os muros de Tróia", "Contos e poemas - Carta ao senhor Abade D´Aubignac", "Diálogo do amor e da amizade", "O espelho ou A metamorfose do orante", "O corvo curado pela cegonha ou O ingrato perfeito", "O labirinto de Versalhes", "A pintura", "Crítica da ópera", "Crítica da ópera ou Exame da tragédia intitulada ALCESTE, ou O triunfo de ALCIDES", "O Banquete dos deuses pelo nascimento do senhor Duque de Borgonha", "Júpiter", "As gêmeas ou Metamorfose das nádegas de Íris em astro", "O holandês robusto", "Metamorfose de um pastor em carneiro", "Contos em verso", "Grisélida", "Pele de Asno", "Os desejos ridículos", "Histórias ou contos do tempo passado", "A bela adormecida no bosque", "Chapeuzinho vermelho", "O barba azul", "O mestre gato ou O gato de botas", "As fadas", "A gata borralheira ou O sapatinho de cristal", "Ricardo do topete", "O pequeno polegar", "Tradução das fábulas de Faërne", "Contos piedosos" e "O caniço do novo mundo ou A cana-de-açúcar". Ufa!

Definitivamente o material reunido é grande, no entanto, sua qualidade ultrapassa a sua grandeza, o que somente lhe atribui um valor inestimável, tornando-se numa perfeita opção para presentear aos pequenos e os mais grandinhos que gostam de retornar ao mundo maravilhoso dos contos de fadas. Por que digo isto? Porque sem dúvida este é um livro para ser passado de geração em geração. Seu conteúdo não tem prazo de validade para ser esgotado algum dia e sua encadernação, certamente permite tornar esta obra uma relíquia de família.

De início, principalmente, para os leitores mirins, a quantidade de páginas do livro pode impressionar, mas a impressão logo passa ao conferir o tamanho graúdo das letras da obra. Conheça o universo de Perrault por meio do fantástico livro editado pela Paulus. Vale a pena, mesmo!

Um pouco do autor: Charles Perrault, escritor, médico e advogado, viveu entre os anos 1628 e 1703. No entanto, ganhou conhecimento atuando como escritor, manteve com Boileu uma longa polêmica literária em que considerava os clássicos modernos superiores aos antigos. Tornou-se mundialmente conhecido com as histórias de fadas, Contos da mamãe gansa (1697), no qual figuram Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Gato de Botas e Barba Azul. Ao inaugurar o gênero literário Contos de Fada, divulgou histórias tradicionais e outras que integravam o folclore europeu usando uma linguagem simples.

Perrault foi denominado Homero burguês, pela propriedade com que retratou a sociedade de sua época, a partir da metamorfose de certos símbolos dos contos populares. Seu trabalho consistiu em transformar os monstros e animais - aos quais os camponeses atribuíam poderes mágicos - em fadas. Utiliza o confronto dualista entre bons e maus, belos e feios, fracos e fortes, como exercício de crítica à corte. Não raramente, os personagens que representam as classes discriminadas se tornam superiores à nobreza pela inteligência.

Livro: Contos de Perrault
Autora: Charles Perrault
Ilustrações: Andréa Vilela 
295 páginas
Ano: 2005
Tradução: Maria Stela Gonçalves
Editora: Paulus

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