Escrita que parte do micro para o macro e completa o ciclo de uma grande e profunda vertigem
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2005
Nos caminhos vertiginosos de Ricardo Soares. Saiba mais deste lançamento da Editora Record!
Numa linguagem diversificada e bastante ousada, o diretor de Tv, roteirista, escritor e jornalista (ufa!), Ricardo Soares faz o leitor mergulhar num início de estrada sem fim, incluindo vários temas por meio do anúncio de quem, quem, quem..., em "Cinevertigem".
Um exemplo está na frase inicial da obra: "quem, quem, quem, quem, quem é que me cobre de beijos? quem, quem me lambe a ponta do nariz, passa o indicador no lóbulo da orelha, quem, quem passa a mão nos meus olhos, quem, quem espreme as espinhas da minha bunda, enfia o dedo entre meus cabelos sujos, quem, quem me limpa os dentes, quem, quem me corta as unhas, repara que as pontas estão mal aparadas, quem, quem nota as minhas cáries rotundas, esses canais abertos, nessa bocona obturada, nessas vertigens profundas?".
Muitas perguntas em tão pouco tempo? Sim. Contudo, ao chegar ao fim da leitura do livro, surgem muitas outras indagações, algumas apimentadas, outras comportadas, outras (aparentemente) absurdas e por aí vai. Por esse motivo, é importante não ficar somente na beleza da arte da capa, muito bem elaborada por Tita Nigrí e dar uma lidinha (pelo menos) nos textos da orelha da livro, também muito usada como marcador.
Neste, há um aviso determinante do que será encontrado nas 123 páginas da obra, isto é, já mostra que a leitura de Cinevertigem será um mergulho em uma estrada próxima ou distante. "A vertigem acaba no cinema ou esse é apenas o início ou o fim do dilema. Cinevertigem é um painel pictórico ou um novo conceito de romance histórico? Saquem ou baixem vossas armas, mas presenciem o tiroteio".
Sacar ou baixar as armas? Sim este livro é o tipo que pode ser amado ou detestado pelos leitores. Contudo, na escrita há um "Q" de José Saramago, como os parágrafos bastante extensos e de conteúdo bastante intenso. Ricardo Soares também faz muitas referências a outros escritores como Honoré de Balzac, além de utilizar a sinestesia, isto é, despertando e aproximando ainda mais o leitor da obra, escrevendo: "hálito de nicotina" ou "overdose da canapés no hall do consulado".
Outro ponto bastante interessante da escrita dele é o grande uso de vírgulas, além das desconstruções de ditados populares. "...vá devagar com o andor que o pranto é de barro... esse barro não é feito de escarro pois falamos de vidas finas que jamais acabam em vômitos e temos por certo que os frêmitos, mesmo nos salões antigos de Maria Antonieta...". Cinevertigem é definitivamente primoroso!
Livro: Cinevertigem
Autor: Ricardo Soares
123 páginas
Editora: Moderna
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em setembro de 2005
Nos caminhos vertiginosos de Ricardo Soares. Saiba mais deste lançamento da Editora Record!
Numa linguagem diversificada e bastante ousada, o diretor de Tv, roteirista, escritor e jornalista (ufa!), Ricardo Soares faz o leitor mergulhar num início de estrada sem fim, incluindo vários temas por meio do anúncio de quem, quem, quem..., em "Cinevertigem".
Um exemplo está na frase inicial da obra: "quem, quem, quem, quem, quem é que me cobre de beijos? quem, quem me lambe a ponta do nariz, passa o indicador no lóbulo da orelha, quem, quem passa a mão nos meus olhos, quem, quem espreme as espinhas da minha bunda, enfia o dedo entre meus cabelos sujos, quem, quem me limpa os dentes, quem, quem me corta as unhas, repara que as pontas estão mal aparadas, quem, quem nota as minhas cáries rotundas, esses canais abertos, nessa bocona obturada, nessas vertigens profundas?".
Muitas perguntas em tão pouco tempo? Sim. Contudo, ao chegar ao fim da leitura do livro, surgem muitas outras indagações, algumas apimentadas, outras comportadas, outras (aparentemente) absurdas e por aí vai. Por esse motivo, é importante não ficar somente na beleza da arte da capa, muito bem elaborada por Tita Nigrí e dar uma lidinha (pelo menos) nos textos da orelha da livro, também muito usada como marcador.
Neste, há um aviso determinante do que será encontrado nas 123 páginas da obra, isto é, já mostra que a leitura de Cinevertigem será um mergulho em uma estrada próxima ou distante. "A vertigem acaba no cinema ou esse é apenas o início ou o fim do dilema. Cinevertigem é um painel pictórico ou um novo conceito de romance histórico? Saquem ou baixem vossas armas, mas presenciem o tiroteio".
Sacar ou baixar as armas? Sim este livro é o tipo que pode ser amado ou detestado pelos leitores. Contudo, na escrita há um "Q" de José Saramago, como os parágrafos bastante extensos e de conteúdo bastante intenso. Ricardo Soares também faz muitas referências a outros escritores como Honoré de Balzac, além de utilizar a sinestesia, isto é, despertando e aproximando ainda mais o leitor da obra, escrevendo: "hálito de nicotina" ou "overdose da canapés no hall do consulado".
Outro ponto bastante interessante da escrita dele é o grande uso de vírgulas, além das desconstruções de ditados populares. "...vá devagar com o andor que o pranto é de barro... esse barro não é feito de escarro pois falamos de vidas finas que jamais acabam em vômitos e temos por certo que os frêmitos, mesmo nos salões antigos de Maria Antonieta...". Cinevertigem é definitivamente primoroso!
Livro: Cinevertigem
Autor: Ricardo Soares
123 páginas
Editora: Moderna
puxa, tantos anos depois acho essa resenha...grato pela deferência...abs a todos do site
ResponderExcluirOlá, Ricardo!!
ExcluirMuito obrigada por comentar. Realmente esse texto é antigo, é de 2005, mas nunca é tarde.
Topa uma entrevista? Caso positivo, mande o seu e-mail para nós.
Um grande abraço, Mary Ellen.
de novo respondendo com gap de tempo...vou lançar romance novo em maio...meu e-mail é cinevertigem@gmail.com ...caso ainda esteja querendo a entrevista...
ExcluirMuito bom, Ric! Gostei de ler a resenha. Que venham mais e agora do seu novo livro.
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