sexta-feira, 8 de julho de 2005

.: Resenha de "A Casa da Mãe Joana 2", Reinaldo Pimenta

O segundo é ainda mais curioso
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em julho de 2005


O projeto de dar continuidade ao livro "A Casa da Mãe Joana", de Reinaldo Pimenta, lançado em 2002, pela Editora Campus, foi adiante e deu origem a "A Casa da Mãe Joana 2 - Mais curiosidades nas origens das palavras, frases e marcas", ainda mais engraçado e curioso que o primeiro volume.

Reinaldo Pimenta já é cômico na apresentação da obra: "Alguns dias depois do lançamento de A Casa da Mãe Joana, meu editor me chamou (ele sorria, lembro-me bem) para dizer que tinha duas notícias: uma boa e outra ruim. A notícia boa era que a editora tinha definido um novo projeto: A Casa da Mãe Joana 2. A notícia ruim era que o autor seria eu. Até hoje estou seguro quanto à intenção da segunda frase, mas, por via das dúvidas, resolvi ensinar-lhes uma lição e energicamente me empenhar para que a segunda casa saísse melhor que a primeira".

O humor de Pimenta está em cada palavra que é desmistificada. Como no primeiro livro, traz as curiosidades em ordem alfabética, além de ilustrações, a diferença é que a "pimenta" de seu autor está ainda mais saborosa para o leitor. Uma novidade que abrange os dois volumes publicados é o índice analítico com verbetes em ordem alfabética.

"Cada palavra remete ao seu respectivo verbete ou ao verbete em cujo interior aparece a palavra, em negrito, com sua etimologia. O número após o verbete indica a obra em que ele se encontra", explica o autor no índice analítico.

As curiosidades são das mais variadas, mesmo porque no livro há uma frase de Rubem Fonseca: "Nada temos a temer, exceto as palavras". Entre as curiosidades estão xumbrega, banana, cacareco e espaguete.

Cacareco é mais usado no plural e significa coisa velha, de pouco calor. A palavra é resultado do cruzamento de duas outras com o mesmo sentido de objeto insignificante: cacaréu e tareco. Cacaréu se formou de caco + -aréu, terminação que significa aumento, coleção (como em fogaréu). Tareco veio do árabe tarayk (coisa de pouco valor) e popularmente virou treco.

Já funcionário tem origem francesa e originalmente quer dizer aquele que tem uma função. Em princípio, todo funcionário funciona. Se não funciona, não é funcionário. Xumbrega é algo de má qualidade, mas a sua origem tem uma longa história que vale a pena conferir diretamente no livro.

Algo que muito falamos diariamente (ou quase sempre) é "sangria desatada". Mas o que na realidade quer dizer? Reinaldo Pimenta explica na página 196 que "sangria veio do espanhol, sangria, sangramento. Desatada é o particípio do verbo desatar, livrar, que veio de des - + atar. Uma sangria desatada é um sangramento descontrolado que exige cuidados imediatos. Quando se diz que alguma coisa não é nenhuma sangria desatada, significa que ela não requer cuidados ou providências urgentes".

Já espaguete tem origem italiana, do plural de spagheto que é diminutivo de spago, barbante. Portanto em português temos barbantinhos. Além dessas curiosidades totalmente curiosas o livro mostra a origem de outras palavras e termos, como por exemplo: a dar com pau, tapa-sexo, lero-lero,  alê, banana, golfinho, marca-passo, da pá virada, entre outros. Em A Casa da Mãe Joana 2 o leitor irá saber porque quem dirige mal é barbeiro e porque o Rio de Janeiro não é um rio, além de muitos outros significados. Seja bem-vindo à esta casa cheia de revelações a fazer. Não perca!

Livro: A Casa da Mãe Joana 2 - Mais curiosidades nas origens das palavras, frases e marcas
Autor: Reinaldo Pimenta
268 páginas
Editora: Campus

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