sábado, 6 de dezembro de 2025

.: Jafar Panahi reaparece mais afiado que nunca em “Foi Apenas Um Acidente”


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: divulgação

A estreia de “Foi Apenas Um Acidente”, novo filme de Jafar Panahi, chega aos cinemas cercada de expectativas que ultrapassam a própria ficção. O longa-metragem, uma coprodução entre Irã, França e Luxemburgo, venceu a Palma de Ouro no 78º Festival de Cannes e se tornou, desde então, um símbolo de resistência artística em meio às restrições impostas ao cinema iraniano. Escritor e diretor do projeto, Panahi - que já foi preso diversas vezes e proibido de filmar pelo regime - volta agora com um thriller político que recupera o terreno moral e ético onde sua filmografia sempre encontrou força: o cruzamento tenso entre indivíduos, Estado e memória.

A trama acompanha um grupo de ex-prisioneiros políticos que acreditam ter reencontrado o próprio torturador, agora vivendo sob outra identidade. A partir desse encontro o filme constrói uma espiral de dúvidas, vingança e testemunho. O elenco encabeçado por Vahid Mobasseri, Mariam Afshari e Ebrahim Azizi sustenta, com naturalismo bruto, a tensão de um país ainda marcado por feridas que nunca cicatrizam. Panahi filmou clandestinamente, sem autorização do governo, e permitiu que suas atrizes atuassem sem o uso constante do hijab, gesto que já rendeu críticas internas e elogios internacionais. Segundo a AP News e a IndieWire, parte da força do filme está justamente em sua precisão documental: o espectador sente que a câmera registra algo que nasce da urgência, e não do mero desejo de ficção.

O filme provocou reações diplomáticas reais. Após a consagração em Cannes, o governo francês exaltou a vitória como “um gesto de resistência”, enquanto o regime iraniano classificou o comentário como “interferência flagrante”. O embate gerou notas oficiais, convocação de representantes estrangeiros e uma nova onda de apoio a Panahi entre artistas iranianos no exílio, como a vencedora do Nobel da Paz Narges Mohammadi, que definiu o filme como “um triunfo da arte diante da opressão”.

Lançado na França sob o título "Un Simple Accident" e apontado pela crítica internacional como um dos grandes filmes da década até agora - ocupando posição de destaque em listas da IndieWire -, o longa-metragem consolidou a volta de Panahi ao centro do cinema mundial. Com recepção crítica impressionante (97% no Rotten Tomatoes e 91 no Metacritic), “Foi Apenas um Acidente” chega ao Brasil como uma obra que não se limita à sua trama: é a própria biografia de seu diretor expandida no território da ficção. A história de um país é contada ali, na secura dos diálogos, na crueza das paisagens e no ranger da perna protética de um homem que pode ou não ser quem todos temem. Panahi transforma esse som em metáfora: o passado sempre volta, mesmo quando tentamos enterrá-lo.

  
Ficha técnica
“Foi Apenas um Acidente” | “Un Simple Accident” | “Um Simples Acidente” (em Portugal)
Gênero: Suspense/Thriller político. Classificação indicativa: 12 anos. Ano de produção: 2025. Idioma: Persa / Francês. Direção e roteiro: Jafar Panahi. Elenco: Vahid Mobasseri, Mariam Afshari, Ebrahim Azizi, Hadis Pakbaten, Majid Panahi, Mohammad Ali Elyasmehr, Delnaz Najafi, Afssaneh Najmabadi, Georges Hashemzadeh. Distribuição no Brasil: Mubi. Duração: aproximadamente 1h43. Cenas pós-créditos: não


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Cineflix Miramar | Santos | Sala 4
6/12/2025 a 10/12/2025 | Sessões legendadas | 18h00 e 20h40
Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP. Ingressos neste link.

.: "Five Nights at Freddy’s 2" amplia o terror em sequência cheia de surpresas


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: divulgação

“Five Nights at Freddy’s 2”, osegundo capítulo da adaptação cinematográfica da franquia de horror/games, chega com ambições claras de ampliar o pavor e a mitologia da franquia. Para agradar tanto os fãs dos jogos quanto quem assistiu ao longa de 2023, a produção preparou surpresas nos bastidores - entre elas, a inclusão de personagens clássicos dos videogames, novas versões de animatrônicos e um enredo que promete revelar segredos obscuros sobre a origem da Freddy Fazbear’s Pizza.

A trama se passa um ano após os eventos traumáticos na pizzaria assombrada: os rumores sobre o ocorrido foram distorcidos em lenda urbana e deram origem a um festival popular na cidade, o “Fazfest”. Quando a jovem Abby decide reconectar-se com os animatrônicos Freddy, Bonnie, Chica e Foxy, os horrores do passado são libertados, desencadeando um terror antigo e submerso à espera de ser despertado. Após o primeiro filme se transformar num fenômeno de bilheteria, a continuação aposta em nostalgia, novos personagens e efeitos para reconquistar o público.

Com direção de Emma Tammi, que retorna ao comando da produção após o sucesso comercial do primeiro filme, e aposta em um elenco que mistura veteranos e novas adições - com o veterano Josh Hutcherson de volta como Mike Schmidt, Elizabeth Lail como Vanessa, o inquietante Matthew Lillard reprisando William Afton, e novidades como Piper Rubio, Mckenna Grace e a surpresa de Skeet Ulrich, marcando seu retorno às telas em uma produção de terror. O roteiro, assinado por Tammi ao lado de Scott Cawthon e Seth Cuddeback, aprofunda a mitologia, introduz novos animatrônicos e promete sustos renovados. 

  
Ficha técnica
“Five Nights at Freddy’s 2” | “Five Nights at Freddy’s 2”
Classificação indicativa: 14 anos. Ano de produção: 2025. Idioma: inglês. Direção: Emma Tammi. Roteiro: Emma Tammi, Scott Cawthon (criador dos jogos) e Seth Cuddeback. Elenco: Josh Hutcherson (Mike Schmidt), Elizabeth Lail (Vanessa), Matthew Lillard (William Afton), Piper Rubio (Abby Schmidt), Skeet Ulrich (Henry), Mckenna Grace (Lisa), entre outros. Distribuição no Brasil: Universal Pictures Brasil. Duração: cerca de 1h 44 min. Cenas pós-créditos: sim, uma.


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Cineflix Miramar | Santos | Sala 1
6/12/2025 a 10/12/2025 | Sessões dubladas | 15h00
6/12/2025 a 10/12/2025 | Sessões legendadas | 17h20 e 19h40
Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP. Ingressos neste link.

.: "A Cabra" retorna às telas neste sábado no Festival de Cinema Francês


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: divulgação

A atração deste sábado, dia 6 de dezembro, do Festival de Cinema Francês no Brasil é o cultuado “A Cabra”, que será exibido na sala 3 do Cineflix Miramar, em Santos, no litoral de São Paulo, às 14h30. Lançado originalmente em 1981, o longa-metragem dirigido por Francis Veber consolidou a dupla Pierre Richard e Gérard Depardieu como um dos encontros cômicos mais marcantes do cinema francês. O filme, que no título original se chama “La Chèvre” e em Portugal ganhou o nome “Que o Diabo Seja Surdo”, volta às telas brasileiras restaurado e reforçando seu status de clássico, reverenciado por seu humor físico, ritmo narrativo e pela química inconfundível entre seus protagonistas.

A trama acompanha o detetive particular Campana (Depardieu), enviado ao México para localizar Marie Bens, filha de um poderoso empresário que desaparece durante as férias. Sem resultados após um mês de buscas, o pai da jovem adota a proposta insólita do psicólogo da empresa: associar Campana a François Perrin (Pierre Richard), um contador cuja vida é uma sucessão de desastres. A teoria é simples e absurda: Perrin é tão azarado que, ao compartilhar a mesma “vibração” da garota, poderia conduzir a dupla ao paradeiro dela. Entre quedas, acidentes e situações improváveis, o filme constrói uma comédia policial de ritmo certeiro, marcada pela estilização cômica de Veber, que mais tarde inspiraria outros sucessos do cineasta.

Clássico absoluto na filmografia francesa, “A Cabra” tornou-se também um fenômeno internacional. A partir de seu lançamento em 9 de dezembro de 1981, o filme percorreu mais de uma dezena de países, recebendo títulos curiosos - do alemão “Der Hornochse und sein Zugpferd” ao uruguaio “Mala Pata”. Em 1991, ganhou um remake em Hollywood, “Pure Luck”, estrelado por Martin Short e Danny Glover. A obra também carrega um registro histórico trágico: na Itália, ficou marcada pelo incêndio do Cinema Statuto, em Turim, que vitimou 64 pessoas durante uma sessão, em 1983. Mesmo assim, a carreira crítica seguiu positiva, com elogios constantes às atuações de Richard e Depardieu, ao timing cômico e ao roteiro inventivo. O filme chegou a ser indicado ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro de 1985 pelo National Board of Review, nos Estados Unidos.

Sobre o Festival de Cinema Francês do Brasil
Único evento francês de âmbito nacional e simultâneo, o 16º Festival de Cinema Francês do Brasil (antigo Festival Varilux de Cinema Francês) é realizado em cidades de maior e menor porte, incluindo as capitais, e contabiliza mais de dois milhões de espectadores desde sua criação. São 20 longas-metragens que integraram a programação de importantes festivais, como Cannes e Veneza, e um clássico. Até 10 de dezembro, o público poderá conferir uma programação com histórias e personagens inspiradores, temáticas ricas e gêneros variados. 

A Bonfilm é realizadora do Festival que, nos últimos 15 anos, promoveu mais de 35 mil sessões nos cinemas em todo o Brasil e somou um público de mais de um 2 milhões de espectadores. Em 2025, o Festival de Cinema Francês do Brasil segue com o apoio de Varilux – marca do grupo Essilor Luxottica - como “Patrocinador Master”. Conta também com os patrocínios do banco BNP Paribas, que entra pela primeira vez em 2025, do grupo Pernod Ricard, da Edenred, da Voltalia, do Fairmont e da Air France, além do Ministério da Cultura - por meio da Lei Rouanet, e da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura.


Ficha técnica
“A Cabra” | “La Chèvre” | “Que o Diabo Seja Surdo” (em Portugal)
Classificação indicativa: 12 anos. Ano de produção: 1981.Idioma: Francês. Direção e roteiro: Francis Veber. Elenco: Pierre Richard, Gérard Depardieu, Pedro Armendáriz Jr., Corynne Charbit, André Valardy, Michel Robin. Distribuição no Brasil: Bonfilm. Duração: 1h35. Cenas pós-créditos: não.


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Cineflix Miramar | Santos | Sala 3
6/12/2025 - Sábado:  14h30
Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP. Ingressos neste link.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

.: #VivoLendo: "A Extração dos Dias", de Claudia Roquette Pinto


Por Vieira Vivo, escritor e ativista cultural.

se o poema me habita
“há um céu de mil janelas”

A obra de 367 páginas, editada pelo Círculo de Poemas traz, em uma única edição, a produção abrangente de cinco livros: "Os Dias Gagos" (1991). "Saxifraga" (1993), "Zona de Sombra" (1997), "Corola" (2000), "Margem de Manobra (2005) e, ainda, Poemas Inéditos (1984-1986) numa vertiginosa aquarela fonética onde os substantivos dialogam com o etéreo e se movimentam em uma teia opaca e densa desnudando a própria rotina e solidão ante a contemplação dos dias e as surpreendentes armadilhas poéticas do cotidiano. A leitura nos eleva a um obscuro e incerto firmamento cravejado por chispas de claridade e cores a nos guiar por versos intimamente elaborados em uma dimensão particular de emoções irreais e lisérgicas emoldurando a concepção mística e artística da autora: as sílabas racharam o dique – urdir é o xis da poesia.

Fica evidente na compostura imagética de Claudia Roquette Pinto, uma incansável meditação serena e reflexiva aglutinando seres e objetos em determinada e contínua conversação metalinguística. Os sentimentos, emoções e movimentos dos entes inanimados, insetos, aves, cores e plantas iluminam o núcleo das palavras e a passagem das horas em variados e múltiplos ambientes urbanos, utópicos, bucólicos ou no próprio âmago da poeta: abriu-se, de fonte inexplicável, no nanquim da noite a floração.

Há, também, em sua obra a manipulação caótica das palavras, forjando vazios entre as sílabas, a promover rupturas, criar espaços semânticos e a direcionar para além do mero verso a ousadia poética e rítmica elaborada a partir da lapidação constante. Essas rupturas ficam evidentes nos mosaicos textuais onde frases, aparentemente, desconexas formam, nas entrelinhas, diálogos e situações ímpares e inusitadas: parada no sinal eu vi um coração cheio de gasolina.

Enfim, uma obra poética que não se finda após a primeira leitura. A cada manuseio novas imagens se sobressaem tornando o livro um renovo constante e inconstante de produtiva e coerente produção poética. A edição traz, ainda, orelhas de Marília Garcia e posfácio esclarecedor e detalhado do organizador Gustavo Silveira Ribeiro.

.: Moacir Luz e os 20 anos do Samba do Trabalhador


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Léo Aversa

O Samba do Trabalhador, roda que surgiu em maio de 2005 no Renascença Clube, em Andaraí, no Rio de Janeoro, transformou-se em referência em todo o Brasil. Ao completar 20 anos, chega às plataformas o novo álbum “Moacyr Luz e Samba do Trabalhador, 20 Anos", que a gravadora Biscoito Fino disponibilizou nas plataformas de música.

O álbum apresenta novas parcerias de Moacyr Luz com compositores como Dunga, Pedro Luís e Xande de Pilares. Alguns clássicos de Moacyr foram revisitados pelos integrantes da roda, como "Vila Isabel", cantada por Mingo Silva (parceria de Moacyr com Martinho da Vila); "Tudo o que Vivi", cantada por Gabriel Cavalcante (parceria de Moacyr e Wilson das Neves), e "Cachaça, Árvore e Bandeira", samba de Moacyr com Aldir Blanc, interpretado por Alexandre Marmita.

O novo projeto conta ainda com composições inéditas dos próprios integrantes do Samba do Trabalhador.  "Vai Clarear" fala de esperança e retrata muito bem o momento atual de Moacyr Luz. Uma parceria de Moacyr Luz com Alexandre Marmita, Mingo Silva e Nego Álvaro. "Caboclo pára-raios", interpretada por Mingo Silva, é um samba do Mingo com Anderson Baiaco, que conta a história de um sujeito "carregado" de energia ruim. "Roda de Partido", interpretada por Gabriel Cavalcante, é uma parceria do próprio Gabriel com Roberto Didio, que homenageia os grandes partideiros da história. Já "Vou tentando", interpretada por Alexandre Marmita, é uma parceria do próprio Marmita com Moacyr Luz, que fala sobre a persistência nas dificuldades do dia a dia do músico.

A cantora e compositora Joyce Moreno participa do álbum em uma das faixas inéditas, "Eu Fiz um Samba pra Bahia", parceria de Moacyr com Sereno, do grupo Fundo de Quintal.  O samba dolente "Água Santa", parceria inédita de Moacyr com Pedro Luís, foi gravado pelos dois parceiros e conta com a participação da icônica gaita do maestro Rildo Hora. A cantora Marina Iris surge nos vocais de “Dezesseis", inédita de Moacyr Luz e Aldir Blanc. Falando em Aldir, Moacyr gravou "Mitos Cariocas", outra parceria dos dois, em homenagem ao saudoso cartunista Lan.

Os arranjos são de Leandro Pereira, violonista que sempre esteve por perto, e que conseguiu, com perfeição, transpor para o estúdio o clima descontraído das célebres rodas do Renascença Clube. Moacyr Luz e Samba do Trabalhador é um disco entre amigos, para exaltar a obra de Moacyr Luz, dar espaço ao novo, e retratar com maestria a trajetória de 20 anos do grupo. Se você curte o samba de qualidade, vale a pena conferir.

"Tudo que Eu Vivi"

"Roda de Partido"

"Todo Santo Dia"



quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

.: Crítica: "La Pampa" vai da amizade inabalável ao preconceito extremo

O drama thriller "La Pampa"em cartaz na Cineflix Cinemas de Santosno Festival de Cinema Francês do Brasil de 2025 apresenta a história de amizade entre Willy e Jojo, ambos parceiros e envolvidos com motocross. Enquanto que Willy mostra-se cauteloso, sobra a Jojo ser aventureiro no nível de colocar a vida em risco -logo nos primeiros minutos do longa que soma 1 hora e 34 minutos de duração.

Tendo o motocross como fundo, os dois jovens inseparáveis, Willy e Jojo, fortalecem a amizade quando um segredo de Jojo é exposto para todos de uma aldeia no coração da França. Assim, as fugas que incluem invasão de uma casa com piscina ou as escapadelas para um hospital abandonado podem mudar, uma vez que o pai do corredor de motocross, David (Damien Bonnard), o pai de Jojo, não consegue lidar com tamanha revelação.

Focado na masculinidade tóxica, o longa dirigido por Antoine Chevrollier, com Sayyid El Alami e Amaury Foucher, vai além ao transitar pela passagem marcante da adolescência diante dos que não aceitam o diferente. Sem qualquer afago, tudo pode se tornar cruel e sem sentido a ponto de chegar ao extremo. A hipocrisia também abre passagem quando não há mais como reverter o que foi feito, aparecendo em lágrimas após o inimaginável.

Intenso e comovente, "La Pampa" é um filme gentil e capaz de revelar o quão profunda é a sensação de rejeição diante do asco, até mesmo do próprio pai. Assim, Willy percebe que a implicância com o padrasto que jamais vai ocupar o lugar do pai, morto há anos, e os estudos podem, de fato, levá-lo a ser quem tanto deseja. Vale a pena conferir!


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"La Pampa". (“La Pampa”). Classificação indicativa: 14 anos. Ano de produção: 2024. Idioma: francês. Direção: Antoine Chevrolier. Roteiro: Antoine Chevrolier. Elenco: Sayyid El Alami, Amaury Foucher, Damien Bonnard. Distribuição no Brasil: Encripta. Duração: 1h35m. Cenas pós-créditos: não.


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.: Carta de demissão: um manual prático para desistir de desistir


Thiago Sobral é escritor. Também publica semanalmente no site Minha Arca Literária e no Instagram @thiago.sobral_

Praia Grande, 4 de dezembro de 2025.

Senhores editores do Portal Resenhando.

Lamento informar que estou me demitindo do cargo de colunista deste respeitável veículo. Meu último dia será em quatro de dezembro de dois mil e vinte e cinco — vulgo hoje — por motivo de inaptidão para a função.

O teco-teco das teclas e o plic-plic das telas me cansam os dedos e me enjoam a vista. Ainda que eu seja um sujeito moderno, prefiro o tec-tec das máquinas de escrever, engenhoca que eu pediria às vossas senhorias de bom grado, se coragem e humildade eu tivesse. Mas não tenho. Tenho muito é melancolia e estresse pós-moderno, que me assolam e maltratam toda vez que ponho os pés nas ruas, e as rodas no asfalto.

Por falar em asfalto, ele deve começar a ficar mais quente, já que o verão se aproxima. Então, terei de redobrar a audácia para continuar andando descalço por aí. Como sou um sujeito arquetípico, não posso me furtar de sentir a natureza tocando meus pés a cada passo que dou pelas ruas da cidade.

Neste longo período desde que assumi esta coluna — duas semanas —, sinto-me deveras cansado, o que me abriu os olhos para a minha incapacidade de mantê-la com o decoro e o luxo que ela requer. Outrossim, não sei a quem pode agradar a existência de um Manual Crônico como este. Andei conversando com meu capitão, e ele me aconselhou a deixar pra lá, empurrar com a barriga, escrever qualquer coisa, “ninguém há de notar”, disse-me à boca pequena. Peço-lhe a finesse de não contar isso aos leitores.

Além disso, há um antigo manuscrito por aí que diz: “a quem muito tem, muito mais será dado. Mas a quem pouco tem, até o pouco lhe será tirado”, ou algo parecido. Se isso for verdade, é outro motivo a se acrescentar à minha demissão. Quando isso acontecer - hoje -, “nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas”. Serei eternamente grato, apesar de minha ingratidão em abandonar este sagrado encargo.

Peço a dispensa do cumprimento do Aviso Prévio. Não carece estender o contrato. “Deixe que os mortos sepultem seus mortos”, diz o mesmo antigo manuscrito. Mortos não estamos, mas não custa deixar avisado: não haverá velório, muito menos sepultamento (e nem despedida). Nunca poderei agradecer o suficiente pelas oportunidades que este distinto portal cultural me proporcionou. Trabalhar aqui foi imprescindível para o meu crescimento profissional. Esperem… Um minuto! Silêncio. Ouço ruídos. Preciso ir até a sacada nesta quinta-feira modorrenta que insiste em prosseguir.




Voltei.

“Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu”.

Depois de avistar a cena que me tragou para a sacada agora há pouco, puxei da estante “A Rosa do Povo”. Foi pelo ocorrido que procurei esse verso que há muito eu não lia. Repito:

“Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu”.

Por favor, queridos editores, desconsiderem meu pedido. Podem rasgar esta carta de demissão, não a exponham aos leitores, imploro. Continuarei com esta coluna, porque “uma flor nasceu na rua!”. “É feia. Mas é flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.” Vou comunicar ao meu capitão.

Atenciosamente,

Thiago Sobral.

.: Cineflix Santos estreia "Foi Apenas Um Acidente" e "Five nights at Freddy's 2"

Cena de "Foi Apenas Um Acidente" em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos

A unidade Cineflix Cinemas de Santos, localizada no Shopping Miramar, traz muitas estreias para as telonas, o suspense "Foi Apenas um Acidente" e o terror "Five nights at Freddy's 2", além dos 20 filmes do Festival de Cinema Francês do Brasil, como por exemplo, "A Cabra""Eu, que te amei""Vizinhos Bárbaros""Os Bastidores do Amor" e "A Mulher Mais Rica do Mundo". Acompanhe os quatro filmes exibidos a cada dia: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN

Seguem em cartaz a comédia "Bugonia", a sequência de animação Disney "Zootopia 2" e a aguardada sequência do universo de Oz, "Wicked - Parte II". Em breve, você poderá comprar antecipadamente os ingressos para o filme de ação "Avatar: Fogo e cinzas" que estreia em 18 de dezembro.

Está disponível o balde colecionável com tampa do longa "Wicked - Parte II" e da animação "Zootopia 2"A unidade de Cinemas Cineflix Santos, fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga.


"Foi Apenas um Acidente". (Un Simple Accident). Direção Jafar Panahi. Gênero: thriller, drama. Países de Origem: Irã, Luxemburgo. Duração: 1h 46. Distribuição: Imovision / MUBI. Elenco: Vahid Mobasseri, Mariam Afshari, Ebrahim Azizi, Hadis Pakbaten. Sinopse: O filme aborda a história de um mecânico que, após um encontro casual, acredita ter encontrado seu antigo torturador da prisão e planeja vingança, gerando dúvidas e tensão no processo. 

"Five nights at Freddy's 2". (Five nights at Freddy's 2). Direção: Emma Tammi. Roteiro: Scott Cawthon, Emma Tammi, Seth Cuddeback. Gênero: Terror sobrenatural. Elenco: Josh Hutcherson, Matthew Lillard, Elizabeth Lail, Piper Rubio. Duração: 1h45. Sinopse: A irmã de 11 anos de Mike sai escondido para se reencontrar com Freddy, Bonnie, Chica e Foxy. Ela desencadeia uma aterrorizante série de eventos que revelam segredos sombrios sobre a verdadeira origem de Freddy.

"Bugonia". (Bugonia). Direção: Yorgos Lanthimos. Roteiro: Will Tracy. Gênero: Ficção científica e Comédia. Duração: 2 horas. Elenco: Emma Stone, Jesse Plemons, entre outros. Sinopse: Dois homens obcecados por conspirações sequestram a CEO de uma grande empresa, convencidos de que ela é uma alienígena que quer destruir a Terra. 

"Zootopia 2". (Zootopia 2). Direção: Direção: Jared Bush, Byron Howard. Produção: Walt Disney Animation Studios. Roteiro: Will Tracy. Gênero: Animação, Aventura, Comédia. Duração: 108 minutos. Elenco: Ginnifer Goodwin como Judy Hopps, Jason Bateman como Nick Wilde, Ke Huy Quan como Gary, a Cobra, Fortune Feimster como Castor Nibbles, Idris Elba. Sinopse: Zootopia 2 é um futuro filme de animação digital do gênero comédia de aventura americano produzido pela Walt Disney Animation Studios e distribuído pela Walt Disney Studios Motion Pictures. 

"Wicked - Parte II". (Wicked For Good). Direção: Jon M. Chu. Roteiro de Winnie Holzman e Dana Fox. Elenco: Cynthia Erivo, Ariana Grande, Jonathan Bailey, Jeff Goldblum. Duração: 2h 18 min. Gênero : Fantasia, musical. Distribuidora: Universal Pictures. Sinopse: Elphaba, agora conhecida como a Bruxa Má do Oeste, vive exilada na floresta de Oz, tentando revelar a verdade sobre o Mágico.



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 "Fanon" está em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em dezembro de 2025


O trabalho de um psiquiatra francês originário da Martinica cujo desafio profissional é chefiar os serviços do hospital psiquiátrico de Blida, na Argélia. Eis a cinebiografia "Fanon"em cartaz na Cineflix Cinemas de Santosno Festival de Cinema Francês do Brasil de 2025, que traça a trajetória daquele que dissecou em todas as principais obras o projeto racista e colonizador da cultura branca europeia.

Das imagens em preto e branco de um garotinho num mangue diante um caranguejo graúdo prestes a atacá-lo para cenas coloridas, com um homem chegando em seu novo lar. Ao descer do carro, o psiquiatra ao lado da esposa Josie (Déborah François) sofre o primeiro racismo de muitos, aliás, até o fim da vida. Uma fala com um toque "inocente", por refletir as normalidades abusivas da sociedade que já desenha problemas futuros, mesmo que doutor Fanon seja impositivo.

Na sequência, é seu árduo trabalho, focado no tratamento com os doentes a qual foi destinado a cuidar que dita o ritmo. Inicialmente, tira-os das amarras e mostra o Sol antes mantido atrás das paredes. Apostando na convivência, seus métodos inovadores e tratamento humanístico que inclui partidas de futebol, o que não agrada a todos, desde colegas de trabalho e ao diretor da instituição.

Em meio a tantos enfrentamentos para vencer, Fanon é agraciado com um filho, mas suas amizades e ideologia acabam o colocando como alvo dos que não aceitam o anticolonialismo. Em meio a ameaças diversas, depara-se com um paciente inimaginável, o agressivo Sargento Rolland (Stanislas Merhar). Com ele em cena a incerteza do que virá a seguir impera.

A produção entrelaça o drama com o suspense a cada possibilidade de perigo, embora entregue uma linda história de parceria, tanto de Fanon com a esposa quanto com aqueles que acreditaram em seus métodos de tratamento. "Fanon" é um filme essencial para reforçar que vidas importam independente de ideologias retrógradas. Vale a pena conferir!


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"Fanon". (“Fanon”). Classificação indicativa: 16 anos. Ano de produção: 2024. Idioma: francês. Direção: Jean-Claude Barny. Duração: 2 h 12. Roteiro: Philippe Bernard e Jean-Claude Barny. Elenco: Alexandre Bouyer, Déborah François, Stanislas Merhar, Mehdi Senoussi, Olivier Gourmet, Arthur Dupont, Salomé Partouche, entre outros. Distribuição no Brasil: Fênix Filmes. Duração: 2h13m. Cenas pós-créditos: não. Sinopse resumida: “Fanon” retrata a trajetória do psiquiatra e intelectual Frantz Fanon, nascido na Martinica, que em 1953 é nomeado chefe de serviço no hospital psiquiátrico de Blida, na Argélia, em plena guerra colonial. No cargo, Fanon introduz métodos psiquiátricos humanistas e adaptados à cultura dos pacientes, em choque com a medicina alienista dominante. A partir desse conflito institucional, sua trajetória se envereda para o ativismo anticolonial, transformando-se em uma voz fundamental na luta pela libertação da Argélia e na crítica à dominação colonial. 

Trailer de "Fanon"




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