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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

.: Orlany Filho, autor de "Bianca Amorim", fala sobre desafiar normas para realizar


Escritor, gestor e pós-graduado em Psicopedagogia, Orlany Filho reflete sobre a importância de quebrar paradigmas para viver com entusiasmo e deixar de lado as frustrações. Foto: divulgação


O início do ano costuma ser um período de renovações, quando as pessoas definem metas para os meses que estão por vir e buscam a coragem para tirar muitos sonhos do papel. Essa chance de recomeçar e de lutar por uma vida plena, seja no meio profissional ou no pessoal, é o que a protagonista do livro "Bianca Amorim - Ressuscitada das Tintas", de Orlany Filho, publicado pela editora Viseu, procura durante toda a narrativa.

Escritor e gestor com décadas de experiência no mundo corporativo, ele conta a história de uma mulher frustrada devido às experiências no mercado de trabalho e a violências no relacionamento amoroso. Imersa nessa realidade, a personagem começa a tomar atitudes que a levam para mais perto de sua essência.

“Do meu ponto de vista, desafiar normas e convenções é naturalmente um atributo da realização dos sonhos. Ou nos encorajamos a realizar nossos sonhos quebrando paradigmas e ultrapassando nossas fronteiras, ou ficamos estagnados onde estamos com o ofício débil de apenas sonhar, transformando nossa existência num celeiro de frustrações acatadas”, afirma o autor. Compre o livro "Bianca Amorim - Ressuscitada das Tintas", de Orlany Filho, neste link.


O livro é protagonizado por uma mulher e trata de dilemas e desafios muito específicos do universo feminino. Como foi o processo de criação da personagem, e que pessoas ou situações serviram de referência?
Orlany Filho - Eu observei que as mulheres acumulavam uma carga desproporcional, tendo que cuidar da casa, do orçamento, do marido, dos filhos, dos pais, de si mesma, além de serem pressionadas pelo avanço da carreira profissional, desencadeando nelas importantes sequelas patológicas. Acolhi profissionais chorando pelos corredores, assoladas pelos seus desafios e seus conflitos, demostrando suas fraquezas num momento de dor emocional, mas que posteriormente demostraram força na conquista da ascensão profissional superando as mais adversas situações possíveis. Daí surgiu a inspiração para a criação da personagem Bianca Amorim.

Ao longo do livro, a protagonista passa por uma transformação onde muitas de suas certezas são abaladas. Na sua opinião, qual a importância de desafiar normas e convenções para seguir sonhos?
Orlany Filho - Do meu ponto de vista, desafiar normas e convenções é naturalmente um atributo da realização dos sonhos, e isso é absolutamente de suma importância. Ou nos encorajamos a realizar nossos sonhos quebrando paradigmas e ultrapassando nossas fronteiras, ou ficamos estagnados onde estamos com o ofício débil de apenas sonhar, transformando nossa existência num celeiro de frustrações acatadas.


Você tem muitos anos de experiência no mercado de trabalho como gestor. De que forma essa vivência influenciou na escrita de Bianca Amorim?
Orlany Filho - O ambiente dentro das organizações ainda era hostil à ascendência profissional das mulheres. O preconceito, a discriminação e os assédios fundamentados numa cultura machista somados à falta de valorização adequada e da isonomia salarial impactavam demais as saúdes mental, física e emocional delas. Como gestor, isso sinceramente me incomodava demais. Eu precisava falar sobre isso. Escolhi a escrita como forma de dar voz ao universo feminino. E que essa voz chegasse eloquentemente ao universo masculino.


Em Bianca Amorim, a protagonista se vê sobrecarregada com os desafios da vida profissional e questões familiares, além de sofrer com um relacionamento abusivo.  A partir da sua perspectiva no mundo corporativo e na literatura, como é possível alcançar um equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional?
Orlany Filho - Com políticas intensificadas e massivas de conscientização para desconstrução do machismo hegemônico, inclusive desde o ensino fundamental, para que os homens respeitem as mulheres e dividam as tarefas domésticas com elas de forma sistemática e não esporádica.  Isso já ajudaria a aliviar as pressões domésticas. E que essa política fosse refletida no universo corporativo e fizesse parte da Cultura Organizacional das empresas de forma absolutamente aplicável. Denunciar as práticas abusivas, tanto na vida pessoal quanto na profissional das mulheres, através da literatura e das artes, em geral, é um instrumento de transformação social, que pode contribuir para a mudança desse cenário.


Bianca encontra nas artes uma forma de enfrentar seus traumas e recomeçar. Para você, de que forma elas auxiliam a lidar com questões psicológicas?
Orlany Filho - Já se sabe da importância da arte no processo terapêutico e seus resultados. Ela é capaz de auxiliar o indivíduo a processar melhor suas emoções e manejar mais facilmente emoções de impactos negativos. Através da produção artística, o indivíduo tem a possibilidade de canalizar sua ansiedade, eventos de medo, estado de tristeza, raiva, etc; e isso indiscutivelmente traz benefícios às saúdes emocional, física, mental e espiritual.Bianca Amorim se reencontra nas suas tintas pinceladas, nos seus quadros divinamente pintados. É um resgate do que ela já havia sido, quando sua autoestima era adequada, quando ela se sentia mais feliz. Foi um reencontro com o que ela havia de melhor naquele momento de aflição, desencanto e dor: era ela mesma refletida em seu quadro, emoldurada e pendurada na sua parede. Ali estava uma porta de saída para encontrar a si num abraço de acolhimento da própria alma de artista. Ali havia um infalível objetivo para viver, realizar sonhos. Encontrar-se num estado de síndrome do pânico é como estar morto com vida. Esse reencontro foi um processo de ressurreição, é voltar a ficar viva em vida. Daí o subtítulo do livro: "Ressuscitada das Cinzas".


quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

.: Eliana fala sobre "The Masked Singer": "Amaria fazer Odete Roitman"


Eliana será a apresentadora da quinta temporada do programa "The Masked Singer Brasil". Foto: Globo/ Divulgação

A TV Globo começa o ano de 2025 em clima de festa: estreia, no domingo, dia 12 de janeiro, às 15h45, a quinta temporada do "The Masked Singer Brasil", que homenageia as novelas dando início à comemoração de 60 anos da TV Globo. Eliana Michaelichen, que completa 20 anos de carreira aos domingos na TV brasileira, assume a apresentação, e as novidades não param por aí: com um novo time de jurados, o programa contará com a participação de Tony Ramos, Belo, Tatá Werneck - que ocupou o posto na segunda temporada – e a apresentadora Sabrina Sato, jurada desde a terceira temporada. Kenya Sade continua à frente dos bastidores, investigando e interagindo com a plateia para desvendar as identidades das personalidades mascaradas.

As fantasias dos participantes serão inspiradas em personagens icônicos das telenovelas brasileiras, revisitando momentos marcantes da cultura e memória do país. As apresentações também serão embaladas por trilhas sonoras de novelas que foram grandes destaques na emissora ao longo dessas seis décadas, criando uma experiência nostálgica e emocionante para o público.

Eliana, animada com a novidade, compartilha sua empolgação para a estreia: "Estou com a expectativa altíssima! O ‘The Masked Singer' é a Broadway da TV, e não vejo a hora de começar. Vai ser meu retorno para a TV aberta, um reencontro com meu público, a comemoração dos meus 20 anos de carreira aos domingos e meu primeiro reality musical. O programa é uma paixão minha e da minha família, que adoramos assistir. Com uma produção impecável, musicais incríveis, jurados de peso, plateia vibrante e surpresas a cada episódio, ‘The Masked Singer’ é feito para divertir toda a família brasileira", declara Eliana.

Ela também menciona o maior desafio de sua mais nova função: "O grande desafio é a imprevisibilidade de todo e qualquer reality show. Cada programa vai ser diferente, e tem ainda o apego que a gente cria com os mascarados. Vai ser muito emocionante revelar grandes nomes que estão por trás dessas fantasias", completou.

Como está a sua expectativa para estrear a quinta temporada de "The Masked Singer"?
Eliana - Altíssima! É a Broadway da TV, e eu não vejo a hora de começar. Vai ser meu retorno para a TV aberta, um reencontro com meu público, a comemoração dos meus 20 anos de carreira aos domingos e meu primeiro reality musical. O programa é uma paixão minha e da minha família, que adoramos assistir. Com uma produção impecável, musicais incríveis, jurados de peso, plateia vibrante e surpresas a cada episódio, "The Masked Singer" é feito para divertir toda a família brasileira.
 

Qual o maior desafio na apresentação do "The Masked" para você?
Eliana - A imprevisibilidade de todo e qualquer reality show. Cada programa vai ser diferente, e tem ainda o apego que a gente cria com os mascarados. Vai ser emocionante revelar a identidade de grandes nomes.
 

Se participasse como competidora, qual fantasia escolheria vestir?
Eliana - Amaria fazer uma vilã (risos). Odete Roitman, por exemplo.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

.: Entrevista: Bruno Della Latta, diretor de "BBB: o Documentário", abre o jogo


Na série "BBB: o Documentário - Mais que Uma Espiada", que vai ao ar até o dia 10 de janeiro, o público vai reencontrar ex-participantes que marcaram o "Big Brother Brasil", relembrar os melhores bordões e memes, além de entender um pouco mais sobre como o programa influenciou, e foi influenciado, por diversas transformações sociais ao longo dos anos no Brasil e no mundo. 

Com depoimentos inéditos, curiosidades dos bastidores de diferentes temporadas, análises de tendências e a retrospectiva de momentos impactantes, a produção ainda explora as mudanças na forma de fazer e consumir televisão, e a força cada vez maior das novas dinâmicas promovidas pelas redes sociais. Entre os entrevistados, estão nomes como Grazi Massafera ("BBB5"), Sabrina Sato ("BBB3"), Cida ("BBB4"), Pedro Bial, Boninho, Dourado, Kleber Bambam ("BBB1"), Ariadna ("BBB11"), Juliana Alves ("BBB3"), Gil do Vigor ("BBB21"), Ana Paula ("BBB16"), Manu Gavassi ("BBB20"), Solange ("BBB4"), o ex apresentador Thiago Leifert, Jean Wyllys ("BBB5"), Thelma Assis ("BBB20"), Juliette Freire ("BBB21"), o cantor Paulo Ricardo, Tadeu Schmidt e muitas outras figuras indispensáveis para contar a trajetória do game. 

"BBB: o Documentário - Mais que Uma Espiada" tem direção e roteiro de Bruno Della Latta, redação de Elli Cafrê e produção de conteúdo e assistência à direção de Amanda Prada. A direção de gênero é de Mariano Boni. Confira a entrevista com Bruno Della Latta, diretor da série 
  

Como surgiu a ideia de criar um documentário sobre o "BBB"?
Bruno Della Latta - A ideia surgiu de uma conversa com meu namorado sobre como as novelas no Brasil sempre foram retratos de seu tempo e como elas influenciam a sociedade. Esse é um tema amplamente debatido no meio audiovisual, na academia e na sociedade. Muito já se falou, por exemplo, sobre o impacto da série "Malu Mulher" para a emancipação feminina ou de como a novela "Vale Tudo" foi um retrato do final dos anos 80. Mas nunca se analisou e documentou como o reality show de maior sucesso no Brasil, o "Big Brother", impacta e é impactado pela sociedade ao longo desses 22 anos no ar. 


Qual, na sua opinião, é a importância de se produzir um documentário sobre a história do "BBB"?
Bruno Della Latta - 
A televisão está profundamente enraizada na cultura nacional e quase todo brasileiro tem a grade de programação da TV Globo na cabeça. Sabemos que durante as noites é possível assistir a três novelas e ao "JN", há sempre um filme ou programa de humor durante a semana, e domingo é dia de programa de auditório e "Fantástico". Desde que sou criança, é assim. Talvez a grande novidade nas últimas décadas tenha sido o surgimento do reality show. Esse formato de programa surgiu na década de 70, teve exemplos na década de 80 e 90, mas só com a aproximação dos anos 2000 conseguimos atingir um nível tecnológico que tornou viável, inclusive economicamente, ter câmeras espalhadas num ambiente gravando as pessoas 24 horas. Quando o "Big Brother" chega ao Brasil, torna-se um fenômeno instantâneo. Isso aconteceu também em outros países, mas acredito que aqui o sucesso foi ainda mais relevante, justamente pela relação que o país tem com a TV. Muitos jovens brasileiros já se imaginaram dentro do programa. É inegável a importância desse produto, e foi muito interessante estudar suas transformações e os personagens que foram testemunhas dessas mudanças. 


Quais entrevistas você destacaria?
Bruno Della Latta - 
Esta certamente é a pergunta mais difícil. Temos entrevistas muito boas com personagens icônicos do programa, como Gil do Vigor, Tina, Juliette, Kleber Bambam, Grazi Massafera, Diego Alemão, Ana Paula Renault. Conversamos com Jean Wyllys, que há anos não fala sobre o "Big Brother". Fizemos entrevistas muito fortes com Fernando Fernandes, Solange e Ariadna. São entrevistas muito diferentes entre si, mas que revelam lados dos personagens ainda pouco explorados. 


O que mais na história do "BBB" o surpreendeu?
Bruno Della Latta - 
Fiquei surpreso com o impacto que o programa tem na vida dos participantes e de muitos espectadores que se identificam com alguém confinado. Também me surpreendi com a dimensão do "BBB" nas redes sociais nos primeiros meses do ano. Existem palavras e expressões que ficaram conhecidas e importantes debates sociais que foram desencadeados pelo programa.


O documentário destaca a evolução do formato em diversidade. Por que era importante trazer o assunto?
Bruno Della Latta - 
Minha principal motivação ao fazer esse documentário era apresentar uma perspectiva nova sobre um produto amplamente debatido e conhecido. Olhar sob a ótica da diversidade me pareceu original, e é importante trazer esse debate, seguindo a linha dos principais projetos que já dirigi e roteirizei. A diversidade é um dos pontos abordados no episódio dois. O projeto é dividido em quatro episódios, e cada um tem um formato e ritmo próprios. O primeiro tende a ser mais engraçado, o segundo mais emocionante, o terceiro tem momentos muito dramáticos e o quarto mistura todas as emoções. Cada episódio foca mais em um aspecto - cultural, social, midiático. No final, creio que temos uma boa "receita" que reflete o Brasil. 

sábado, 4 de janeiro de 2025

.: Entrevista: Tata Werneck na TV aberta em "'Lady Night" e "Masked Singer"

Tata Werneck estará em dose dupla no início do ano na TV Globo: Foto: TV Globo/ Divulgação

A irreverência de Tata Werneck está de volta à TV Globo em dose dupla. Além de uma seleção de episódios da oitava temporada do programa "Lady Night", que irá ao ar às quintas-feiras, após o "BBB 25", a partir do dia 16 de janeiro, e aos domingos, ela estará como jurada na quinta temporada do "The Masked Singer Brasil".

Os episódios da oitava temporada do "Lady Night", exibida no Multishow entre outubro e novembro de 2024, chegam à TV Globo em janeiro. Entrevistas bem-humoradas e surpreendentes, dinâmicas que arrancam gargalhadas e novos quadros, como "Hector Bolígrafo", em que os convidados são testados por um polígrafo, compõem a atração. Entre as personalidades que se renderam à sagacidade e ao humor nada convencional de Tata Werneck estão o jornalista Pedro Bial, as apresentadoras Xuxa e Angélica, a cantora Ivete Sangalo, e os atores Nicolas Prattes, Débora Falabella e Rafael Vitti, marido de Tata.

E no domingo, dia 12 de janeiro, após a "Temperatura Máxima", ela está na bancada do "The Masked Singer Brasil", que retorna para a quinta temporada, repleta de homenagens. Empolgada com a nova temporada, a apresentadora e comediante expressa sua alegria e expectativa para o público. "Estou muito animada para que todo mundo se emocione como estamos emocionados. É muito potente ver a descoberta de novos talentos, seja cantando ou dançando, muitas vezes para pessoas que não são da área artística. Estou também muito feliz pela estreia da Eliana e torço para que seja um enorme sucesso!", comentou a jurada.


Qual a expectativa para a exibição de mais uma temporada do "Lady Night" na TV aberta?
Tata Werneck - Acho que o "Lady" ganha muito com a possibilidade de transitar nos dois espaços e se comunicar com públicos diferentes, chegar a mais gente. A repercussão é diferente e igualmente importante.


A oitava temporada foi muito elogiada pelo público, o que você acha que deu mais certo desta vez?
Tata Werneck - Eu não sei, mas me dedico a todas as temporadas como se nunca tivesse feito nenhuma. Essa foi a mais longa de todas e, tirando a temporada em que estava grávida, foi a que me exigiu mais. O "Lady" estava há um ano e meio fora do ar e graças a Deus mostrou que tem fôlego pra mais. Amém! Porque eu ainda tenho o mesmo entusiasmo da primeira temporada!

 
Para você quais foram os momentos mais divertidos e mais significativos nessa temporada? E quais episódios você destaca como imperdíveis?
Tata Werneck - Eu amo todos os programas. Claro que alguns momentos se destacam, mas o amor pelos programas é igual. Eu amo minha conversa com a Débora Falabella, Eliane Giardini jogando uma granada e se divertindo. Amo ter vencido meu medo de entrevistar o Rafa (Vitti, seu marido) e ele ter vencido o medo dele ao mesmo tempo. Amo Narcisa e Inês Brasil descobrindo que nasceram no mesmo dia. Amei improvisar músicas com Ivete. E Angélica entrando em contradição no detector de mentiras. E amo Pedro Bial de uma maneira que nunca tinha visto.


Como está a expectativa para a quinta temporada de "The Masked Singer"?
Tata Werneck - Estou muito animada para todo mundo se emocionar como estamos emocionados. É muito potente ver a descoberta de novos talentos, seja cantando ou dançando, muitas vezes para pessoas que não são da área artística. Estou também muito feliz pela estreia da Eliana e torço para que seja um enorme sucesso!


O que o público pode esperar da quinta temporada do programa?
Tata Werneck - Muita emoção e muitas surpresas. Nós nos emocionamos verdadeiramente muitas vezes. Então, espero que o público se emocione conosco.


Essa temporada é temática das novelas. Qual novela da TV Globo mais te impactou?
Tata Werneck - "Que Rei Sou Eu", "A Próxima Vítima", "Vamp" e "Amor à Vida" são minhas novelas preferidas. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

.: Entrevista: Paulo Betti relembra o sucesso como Timóteo na novela "Tieta"


Sucesso como Timóteo em "Tieta", Paulo Betti comenta o trabalho na novela. Na imagem, 
Paulo Betti com a atriz Tássia Camargo, que interpretou a personagem Elisa. Foto: TV Globo / Bazilio Calazans

Dos muitos personagens cômicos que Paulo Betti interpretou em sua carreira, o Timóteo, da novela "Tieta", está entre os mais lembrados do ator pela personalidade malandra e pelos bordões. Na trama, Timóteo é marido de Elisa (Tássia Camargo), e dono de uma loja de tecidos que herdou do pai. Quando solteiro, levava uma vida boêmia e frequentava a Casa da Luz Vermelha, rotina que renunciou ao se casar, mas sua saúde cobrou uma conta: ficou fraco do estômago e, a cada situação complicada que enfrenta, tem ataques que o fazem desmaiar. 

Assim como a mulher, é vagamente infeliz no casamento. Nostálgico, manteve um único vínculo com a vida de antes: continua sendo um dos quatro Cavaleiros do Apocalipse, junto a Osnar (José Mayer), Ascânio (Reginaldo Faria) e Amintas (Roberto Bonfim), que se reúnem no Bar do Crescente para torneios periódicos de bilhar.

Paulo relembra o sucesso que o personagem fez entre o público com jeito único de falar. “O Timóteo era um personagem muito engraçado e com diversos bordões. 'Nos trinques’, eu me lembro que pegou muito. O outro era 'de jeito nenhum!'. E tinha também o jeito que ele pronunciava 'São Paulo' e ‘É lisa’. Foi um momento muito intenso da carreira e eu tinha um envolvimento muito forte com o personagem”. Livremente inspirada no romance "Tieta do Agreste", de Jorge Amado, a obra de Aguinaldo SilvaAna Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares cativou o público com seu humor irreverente, personagens e atuações inesquecíveis há 35 anos e segue viva no coração dos brasileiros. Na entrevista abaixo, Paulo Betti relembra um pouco mais sobre o trabalho em "Tieta".


Qual foi a sensação ao saber que "Tieta" iria voltar no "Vale a Pena Ver de Novo"? Gosta de rever trabalhos antigos?
Paulo Betti - Fiquei muito feliz com a notícia, porque foi um trabalho muito importante para mim. O Timóteo era um personagem muito engraçado e que fez muito sucesso na novela, com diversos bordões. "Nos trinques" eu me lembro que pegou muito. Outro era "de jeito nenhum!", e tinha também o jeito que ele pronunciava "São Paulo". Então, imagina, eu tinha três bordões na novela. Foi um momento muito intenso da carreira e eu tinha um envolvimento muito forte com o personagem. 
 

Como foi a repercussão do seu personagem, o Timóteo, na época?
Paulo Betti - O Timóteo marcou muito. Naquele verão, eu me lembro de os jornais falarem que foi o verão "nos trinques". Eu tenho guardada uma revista que escreveu "o verão nos trinques". E era o bordão do meu personagem, assim como o desejo dele ir para São Paulo, e o jeito dele falar “Élisa” (nome da personagem de Tássia Camargo), que também virou bordão.  

Quais as principais lembranças que guarda desse trabalho e da rotina de gravação?
Paulo Betti - Uma coisa muito curiosa é que o Timóteo não tinha troca de figurinos, ele usava sempre a mesma roupa, um colete e uma camisa de manga curta ou então só a camisa de manga curta. Eu me lembro do saudoso diretor Paulo Ubiratan dizendo que o personagem teria uma troca de roupa só. Outra coisa que também pegou no personagem foi que quando ele falava "nos trinques", ele fazia um gesto com a mão, esse gesto também fazia parte da composição do personagem. 


Como foi a parceria com o elenco?
Paulo Betti - Houve uma integração muito grande do elenco. Eu sou muito amigo da Tássia Camargo, que fazia o papel da Elisa. Até hoje a gente se entende muito bem. O ator Renato Consorte ficou o tempo todo de gravação da novela morando na minha casa, ele simplesmente não queria ir morar no hotel que tinha direito, pois vivia em São Paulo, preferia ficar comigo.
 

E quais são os seus projetos atuais? 
Paulo Betti - No momento eu estou fazendo a minha peça teatral, "Autobiografia Autorizada". Ao mesmo tempo estou fazendo uma turnê com "Os Mambembes", uma peça de teatro que percorre praças do Brasil. A gente vai com o ônibus, é um projeto muito bonito, que tem além de mim no elenco Cláudia Abreu, Júlia Lemmertz, Deborah Evelyn, Orã Figueiredo, Leandro Santana e Caio Padilha. Ao mesmo tempo está já em pré-venda o livro de "Autobiografia Autorizada", que é o texto da peça.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

.: Maurício Rosa explica como utilizou os versos para ressignificar as raízes


Maurício Rosa escreveu "Na Proa do Trovão" porque queria se conectar com a memória do avô materno que nunca teve a oportunidade de conhecer. Foto: Caique Lima

Maurício Rosa escreveu "Na Proa do Trovão" porque queria se conectar com a memória do avô materno que nunca teve a oportunidade de conhecer. Homem preto e pobre, o familiar poderia ter tido sua trajetória invisibilizada devido a violências raciais e preconceitos de classe, mas o neto decidiu utilizar a poesia para preservar a própria ancestralidade – que é também a de muitos brasileiros.

“Toda história é uma grande história e contá-las, sejam elas ilustres ou apagadas, também é um resgate da nossa identidade coletiva”, explica o autor, que conectou a vida do avô com momentos socioculturais importantes do Brasil. Com textos escritos em ordem cronológica, ele atravessa o início do samba e a jovem-guarda enquanto aborda os relacionamentos amorosos do patriarca e os acontecimentos da vizinhança.

“As nossas raízes e heranças estão repletas de brechas por onde a poesia pode nos espantar ou maravilhar. Em Na proa do trovão, há belezas surpreendentes, mas também exumei emoções que toda a família prefere esconder. Por isso a literatura é necessária: ela é um lugar de encantamento a partir da palavra, mas é também, e talvez principalmente, um lugar de expurgo e libertação”, afirma o escritor.

Maurício Rosa vive em São Paulo. Aos 17 anos, ganhou um prêmio de literatura em sua cidade, e isso o impulsionou a pensar a escrita como uma possibilidade de carreira. Desde então, participou de diversas oficinas com escritores renomados como Marcelino Freire, Bruna Mitrano, Luiza Romão, entre outros. Tem textos publicados nas antologias "Contos e Causos do Pinheirão", organizada por Nelson de Oliveira, e "Retratos Pandêmicos", fruto do curso é Dia De Escrever. Atualmente, dedica-se inteiramente à poesia e escreveu textos para revistas especializadas como Ruído Manifesto, Leituras.Org, Revista Quiasmo, Littera 7, Revista Variações e Revista Sucuru. É autor dos livros "Vamos Orar pela Vingança", "O Longo Cochilo da Ursa" e "Na Proa do Trovão", e finalista do Prêmio Caio Fernando Abreu 2024 com o livro ainda inédito "Meu Corpo É Testemunha".


“Na Proa do Trovão” tem seu avô materno, Armando, como ponto de partida e chegada. Qual foi o impacto pessoal ao construir uma biografia poética sobre ele?
Maurício Rosa - 
A experiência de escrever o livro foi profunda. Eu tinha apenas o esboço do retrato de um homem e o desejo de abandonar as rédeas da minha imaginação. Esses dois fatores criaram um terreno impreciso para uma biografia tradicional, mas uma aventura para o fazer poético.


Como foi o processo de entrelaçar memória familiar e criação literária?
Maurício Rosa -  
A etapa de pesquisa (que caracterizava os meus projetos anteriores) foi abandonada. Parti direto para a criação, tendo apenas a sensibilidade como guia. Pessoalmente, foi tenso e emocionante, porque eu precisava respeitar tanto a memória familiar quanto o meu compromisso estético como escritor.


A obra explora temas como raízes familiares e herança cultural. Na sua visão, qual é a importância da poesia como um meio de preservação e ressignificação da ancestralidade?
Maurício Rosa -  Quanto a preservação da ancestralidade, eu espero que muitos poetas continuem a escrever sobre os seus antepassados (principalmente aqueles cujas histórias que não puderam ser contadas devido às violências raciais, sociais e de gênero). Em relação à ressignificação, esse é justamente o lugar da poesia. E não é apenas uma questão de perspectiva: no poema, toda experiência deve ser transformada, recalibrada, iluminada. As nossas raízes e heranças estão repletas de brechas por onde a poesia pode nos espantar ou maravilhar. Em "Na Proa do Trovão", há belezas surpreendentes, mas também exumei emoções que toda a família prefere esconder. Por isso a literatura é necessária: ela é um lugar de encantamento a partir da palavra, mas é também, e talvez principalmente, um lugar de expurgo e libertação.


O livro transita entre diferentes gerações e épocas. Como você trabalhou a estrutura temporal dos poemas para entrelaçar essas histórias?
Maurício Rosa -  O livro começa nos anos 1920 e termina nos anos 1980. Por adotar a ordem cronológica, a estrutura temporal se armou naturalmente, ficando à cargo das personagens indicarem, discretamente, o momento que determinado poema retrata. Para isso, por exemplo, utilizei alguns referenciais musicais para que, de primeira, o leitor conseguisse se situar. Menciono o Rio de Janeiro do início do samba na figura de Tia Ciata (por volta dos anos 1920), a jovem-guarda (final dos anos 1960) e a cantora Fafá de Belém na juventude (metade da década de 1970).

Elementos da cultura e da história brasileiras aparecem de forma marcante, como a referência à Pequena África. Qual é a importância dessas citações para a narrativa poética do livro? De que forma contribuem para o resgate da identidade cultural?
Maurício Rosa -  Há dois eixos de importância: um é estético e o outro é em nome da memória que não pode ser apagada. Poeticamente, as referências enriquecem o texto, ambientam o leitor e propõem uma ligação de afetividade com o poema. Por sorte, a história do meu avô pôde andar em paralelo com grandes momentos socioculturais e eu tentei utilizá-los no livro para provar que, enquanto a chamada “história oficial” acontecia, uma vida pequena e silenciosa mobilizava e movimentava uma família, a minha. Toda história é uma grande história e contá-las, sejam elas ilustres ou apagadas, também é um resgate da nossa identidade coletiva.


Os textos tratam de aspectos íntimos da vida familiar, como no poema "Fascinação". Como foi equilibrar a exposição pessoal com a universalidade da poesia?
Maurício Rosa -  Não foi uma tarefa simples, mas poesia é risco. É realmente imprevisto o que pode acontecer quando começamos um poema e acredito que a universalidade se alcança somente com uma alta voltagem de honestidade. Dizer o que precisa ser dito não é fácil, mas é só assim que se pode escrever.

domingo, 29 de dezembro de 2024

.: Rei da TV, Tony Ramos celebra a magia das novelas no "The Masked Singer"


Tony Ramos é um dos jurados na quinta temporada de "The Masked Singer", que estreia dia 12 de janeiro.. Foto: Globo/ Maurício Fidalgo.


No próximo dia 12 de janeiro, após o filme da "Temperatura Máxima", a TV Globo estreia a quinta temporada do programa "The Masked Singer Brasil" em grande estilo: com a apresentação de Eliana e um novo time de jurados composto por Tony Ramos, Belo, Tatá Werneck e Sabrina Sato, além de Kenya Sade nos bastidores. A edição temática dá início às celebrações de 60 anos da emissora ao homenagear a teledramaturgia com fantasias inspiradas em personagens icônicos das novelas, além das apresentações musicais trazerem trilhas sonoras marcantes.

Tony Ramos, uma das maiores referências da dramaturgia brasileira, compartilha como se preparou para o programa: “Procurei me informar mais e pedi para a direção uma mídia que tivesse um pouco de hip hop e músicas mais variadas para eu ouvir, me atualizar e ter uma ideia de timbres vocais. O sertanejo eu conheço bastante coisa, mas tinha muita coisa nova [...], eu me familiarizei com muitas coisas que eu não tinha contato. Foi muito bom”.

Para ele, o grande encanto do programa está na surpresa. “É você ter certeza de que é alguém que está ali, por baixo da fantasia, e de repente ser surpreendido por outra pessoa, apesar de você acreditar que o timbre de voz está te levando a alguém que conhece”. A temática das novelas também trouxe momentos de nostalgia para o ator. “Reviver é sempre bom, parece que está passando um filme da minha vida profissional”.

As fantasias dessa temporada são Bruno Mezenga de "O Rei do Gado"; Candinho e Policarpo de "Êta Mundo Bom!"; Carminha de "Avenida Brasil"; Catarina e Petrucchio de "O Cravo e a Rosa"; Dona Lurdes de "Amor de Mãe"; Foguinho de "Cobras & Lagartos"; Jade de "O Clone"; Jesuíno de "Cordel Encantado"; Juma de "Pantanal"; Nazaré Tedesco de "Senhora do Destino"; Odete Roitman de "Vale Tudo"; Penha de "Cheias de Charme"; Ruth e Raquel de "Mulheres de Areia"; Sol de "América"; Tieta, da novela homônima; e Vlad de "Vamp".


Você está se preparou, de alguma forma, para as gravações do programa?
Tony Ramos - Eu me preparei da melhor forma possível. Procurei me informar mais e pedi para a direção uma mídia que tivesse um pouco de hip hop e músicas mais variadas para eu ouvir, me atualizar e ter uma ideia de timbres vocais. O sertanejo eu conheço bastante coisa, mas tinha muita coisa nova. Cantores românticos, sambistas, grupos e foi bom porque lá no começo, na semana que antecedeu o início das gravações, eu me familiarizei com muitas coisas que eu não tinha contato. Foi muito bom.


O que, para você, é mais encantador no ‘The Masked Singer’?
Tony Ramos - O que é encantador no programa é mesmo a surpresa. É você ter certeza de que é alguém que está ali, por baixo da fantasia, e de repente você é surpreendido por outra pessoa, apesar de você ter certeza de que o timbre de voz está te levando a alguém que você conhece.

Esta temporada é temática das novelas, e você é um ícone absoluta da dramaturgia. Como tem sido reviver o assunto no palco do programa?
Tony Ramos - Reviver é sempre bom, parece que está passando um filme da minha vida profissional. Quantas novelas já foram citadas, mostradas e discutidas, e que eu participei. É uma chance, inclusive, de esclarecer ao público algum detalhe, então foi sempre muito bom.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

.: Entrevista: Joana de Verona fala sobre a chegada de Filipa ao Brasil


Joana de Verona fala sobre a chegada de Filipa ao Brasil e os desdobramentos que sua personagem provoca na trama Filipa (Joana de Verona), magoada com Rudá (Nicolas Prattes), aceita o plano de Mavi (Chay Suede). Foto: Globo/ Manoella 
Mello

A chegada de Filipa (Joana de Verona) grávida ao Brasil vai movimentar a trama da novela das nove, "Mania de Você". Nos próximos capítulos, após Filipa ser rejeitada por Rudá (Nicolas Prattes), Mavi (Chay Suede) propõe uma parceria a portuguesa para se vingar do caiçara. Inicialmente, ela hesita e constata que Mavi é mesmo o manipulador que Rudá tanto alertou. Mas a revolta que sente é tanta que ela volta atrás e decide fechar uma parceria com o vilão para colocar o pai de seu filho de vez na cadeia, resultando em uma série de consequências que prometem mudar os rumos da história.


Fale da Filipa, como você a descreve?
Joana de Verona -
Uma mulher com personalidade forte, honesta com os seus desejos. Uma vez que é fisioterapeuta, é cuidadora nata e sabe ler as pessoas. Tem uma pulsão muito forte de conseguir o que deseja.

 
Como tem sido o retorno à novela, os bastidores de gravação?
Joana de Verona -
Tem sido ótimo, cenas intensas, dias bem preenchidos de gravações e uma equipe com quem gosto muito de trabalhar, que grande parte já conhecia da novela "Éramos seis", e tem muitas pessoas que estou gostando de conhecer.


O retorno de sua personagem vai movimentar bastante a história. Como você avalia esse retorno?Joana de Verona - Sim, vai. É um retorno em que a personagem traz inquietação e levanta questões. Vai separar personagens, vai fazer questionamentos, é um passado que reaparece para trazer reflexão e conflito.
 

Acredita que Filipa é uma vilã? Ou ela está agindo sem pensar, movida pelo sentimento de vingança?
Joana de Verona -
Ela não está agindo sem pensar. A vontade dela não é agir assim, ela quer recuperar o namorado e a relação feliz que tiveram juntos. Ela não é movida pela vingança, ela se vinga porque motor dela é a mágoa, o sofrimento que sentiu e sente. A falta de respeito e de honestidade do personagem Rudá com ela, faz com que Filipa se sinta abandonada, sozinha e enganada. Isso agregado à enorme frustação e desamparo que sente quando entende que não vai estar com ele novamente como casal, fazem com que ela perca a noção do bom senso, e ultrapasse um grande limite. E acabe tendo ações más, de ética duvidosa. Não creio que ela seja uma vilã na sua essência. Porém, ela também tem o seu grau de obsessão.

Acredita que ela pode se redimir no futuro?
Joana de Verona -
Talvez sim. Mas só o autor sabe. (risos)
 

O que o público pode esperar dos próximos capítulos da novela e das ações de Filipa?
Joana de Verona -
Pode esperar uma mulher que continua batalhando de diversas formas pela pessoa que ama, e que é o Pai do filho dela. Serão ações movidas por paixão, intensidade, alguma obsessão e esperança também, de não ter apenas o pai do filho, mas sim um companheiro, que traiu ela, que mentiu, que a fez sofrer após a ter abandonado, porém ela ainda quer se relacionar e construir família com ele.


terça-feira, 24 de dezembro de 2024

.: Entrevista: Arlete Salles recorda a personagem Carmosina, de "Tieta"


Arlete Salles recorda sua personagem em ‘Tieta’. Na imagem, as atrizes Arlete Salles e Betty Faria caracterizadas como Carmosina e Tieta. Foto: TV Globo / Bazilio Calazans

Um dos maiores sucessos da teledramaturgia brasileira, "Tieta" está de volta a partir do dia 2 de dezembro, no "Vale a Pena Ver de Novo". Arlete Salles, que viveu a boa-praça Carmosina, relembra o papel. “Era uma personagem doce, ingênua, mas tinha o seu defeito, que era abrir a correspondência alheia, para conhecer os segredos das pessoas. Era uma solteirona à espera de um amor que demorava”, relembra. Livremente inspirada no romance "Tieta do Agreste", de Jorge Amado, a obra de Aguinaldo SilvaAna Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares cativou o público com seu humor irreverente, personagens e atuações inesquecíveis há 35 anos e segue viva no coração dos brasileiros. 

Na trama, Carmosina é filha de Dona Milú (Miriam Pires) e grande amiga de Tieta (Betty Faria) desde a juventude, sendo uma das poucas que a defendia. Como uma agente dos Correios, usa o antigo e tradicional método do bico de chaleira para ler todas as cartas que chegam ou saem da cidade. Mas, embora seja a senhora de todos os segredos de Santana, se faz um "túmulo" quando necessário. Excelente cozinheira, culta e de grande caráter, também é sujeita a duras provações, como a sua longa solteirice e a paixão secreta que nutre.

Por ser uma novela ambientada no Nordeste brasileiro, na fictícia Santana do Agreste, as gravações traziam menos dificuldades para Arlete, natural de Pernambuco, que podia fazer uso do seu sotaque na produção. “A Carmosina foi uma personagem que me levou de volta para a minha terra. Sou nordestina e nesse trabalho tive a tranquilidade de liberar o meu sotaque, eu não precisava disfarçá-lo, era muito bom”, comenta a atriz. 


Qual foi a sensação ao saber que "Tieta" iria voltar no "Vale a Pena Ver de Novo"?
Arlete Salles - Eu recebi a notícia com muita alegria, foi uma bela surpresa. Fiquei contente de poder rever a Carmosina, uma personagem que deixou lembranças muito queridas no meu coração.


De que forma essa reprise mexe com você?
Arlete Salles Foi uma novela que fez muito sucesso e eu espero que ela consiga encantar e divertir o público outra vez. A trama tinha tópicos muito engraçados, até mesmo vindo da vilã Perpétua (Joana Fomm). E da própria Carmosina! Eu acho que a novela vai fazer uma apresentação bonita.

Como foi a repercussão da sua personagem, a Carmosina, na época?
Arlete Salles Foi muito bacana. Era uma personagem doce, ingênua, mas tinha o seu defeito, que era abrir a correspondência alheia, para conhecer os segredos das pessoas. Era uma solteirona à espera de um amor que demorava. Estou ansiosa para ver o percurso da personagem agora, com essa nova exibição.

Quais as principais lembranças que guarda desse trabalho e da rotina de gravação?
Arlete Salles A Carmosina foi uma personagem que me levou de volta para a minha terra. Sou nordestina e nesse trabalho tive a tranquilidade de liberar o meu sotaque, eu não precisava disfarçá-lo, era muito bom. Também me lembro de Bettinha (Betty Faria) fazendo a Tieta lindamente. Eu me lembro muito da Joana Fomm, que brilhou nessa novela, fez um trabalho incrível. Essas são algumas das lembranças que eu guardei desse trabalho.

Você se recorda da cena mais desafiadora que fez em 'Tieta'?
Arlete Salles Eu lembro de uma. A Carmosina era apaixonada pelo personagem Osnar, interpretado pelo José Mayer, e era uma paixão calada, sufocada. Mas um belo dia ela bebe em uma festa, encontra com ele e faz um grande desabafo, para a surpresa dele, que não sabia o que ocorria dentro do coração dela para gerar aquele descarrego.

E quais são os seus próximos projetos?
Arlete Salles Eu estou em turnê no espetáculo "Ninguém Dirá Que É Tarde Demais", escrito pelo meu neto, Pedro Medina. É um texto lindo, sensível, delicado, engraçado, e é uma delícia contracenar com Edwin Luisi, um grande ator e que tem um jogo bonito em cena. Depois dessa excursão que termina no ano que vem, eu vou descansar um pouquinho para pensar no próximo trabalho.

.: Entrevista: G. H. Oliveira fala como as datas comemorativas ajudam a refletir


Autor de "Fins & Feriados", G.H. Oliveira explica como utilizou os dias de celebração para pensar sobre a existência humana e os sentimentos inerentes da vida em sociedade. Foto: divulgação


Com a proximidade do Natal, muitas emoções vêm à tona: a alegria das confraternizações, o saudosismo de reencontrar familiares depois de anos, o medo do futuro e a melancolia dos finais de ciclo. Esses e outros sentimentos, típicos das datas comemorativas, serviram como inspiração para a publicação da antologia "Fins & Feriados", escrita por G.H. Oliveira. A obra utiliza o realismo fantástico para tratar sobre assuntos como luto, perdas, recomeços e encerramentos.

No conto natalino, por exemplo, o Papai Noel vai se aposentar e se prepara para o último dia de trabalho, mas ele não esperava uma surpresa das crianças de um orfanato. “Eu sempre defendo que é um livro sobre cura. E no melhor estilo possível, porque não é condescendente ou maçante, não é uma mensagem com cara de propaganda. São narrativas emocionantes de se acompanhar com personagens que a gente consegue se identificar e se projetar e, com isso, refletir sobre os fantasmas que carregamos dentro de nós”, afirma o autor. Acompanhe o autor no Instagram: @ghescritor. Compre o livro "Fins & Feriados", de G. H. Oliveira, neste link.


De onde veio a inspiração para escrever um livro focado em datas festivas?
G.H. Oliveira
 - Tudo começou com um concurso para uma antologia de Halloween. Nunca tinha escrito nada voltado para terror/suspense, mas decidi me aventurar. O que não esperava era ter ficado tão entusiasmado com esse processo de pegar os símbolos de uma data festiva, subvertê-los e aprofundá-los para criar uma história que tivesse o espírito do feriado, mas também que soasse algo novo, empolgante. O conto de Halloween acabou não sendo escolhido para a antologia, mas recebi excelentes feedbacks. Isso me motivou a pensar “e se eu escrevesse para outros feriados?”. A partir daí surge a minha antologia "Fins & Feriados", que mais tarde venceu o prêmio “Conto Inesquecível” da Amazon com a história de Dia dos Namorados.


Todas as histórias do livro foram pensadas especificamente para o livro, ou você reciclou ideias antigas e depois reuniu tudo nesta coletânea?
G.H. Oliveira
 - Todas foram pensadas especificamente para seus respectivos contos. Até porque a graça do processo era descobrir o que seria a história ao refletir sobre o que determinado feriado significava para mim e para as outras pessoas, qual gênero narrativo mais combinaria, como seria a estrutura da trama, quais os personagens mais adequados para guiar o leitor e entretê-lo.


Cada história é muito diferente uma da outra, e com isso você mostra como cada data é única. Quais as principais mensagens e aprendizados que você deixa ao leitor nos contos de "Fins & e Feriados"?
G.H. Oliveira
 - Apesar de ser um livro que fala de assuntos densos, como perda e luto, eu sempre defendo que é um livro sobre cura. E no melhor estilo possível, porque não é condescendente ou maçante, não é uma mensagem com cara de propaganda. São narrativas emocionantes de se acompanhar com personagens que a gente consegue se identificar e se projetar e, com isso, refletir sobre os fantasmas que carregamos dentro de nós. Com sorte, nos ajuda a conviver melhor com esses fantasmas.


Existe alguma data festiva não incluída no livro que você gostaria de abordar em uma história futura?
G.H. Oliveira - Eu tenho uma vontade tremenda de escrever uma história sobre Réveillon. Os símbolos, o clima, o significado, acho que tem tudo para render uma boa trama. Já rascunhei algumas ideias, mas nada muito certo ainda. Mas quem sabe? Às vezes o estalo que falta para tudo vir à tona, está mais perto do que eu imagino.


"Fins & Feriados" é seu livro de estreia. Que aprendizados desse processo de escrita e publicação você irá levar para seus trabalhos futuros?
G.H. Oliveira
 - Quanto à escrita, o processo de me desafiar a escrever tantas coisas fora da minha zona de conforto me trouxe muito mais alegria e empolgação do que angústia. A liberdade que há naquilo que desconhecemos, que nos desafia, só aguça nossa criatividade. Quanto à publicação, hoje me sinto muito mais seguro e confiante em publicar independente. Construí boas parcerias nessa caminhada e me reforçou essa ideia de que há várias “mãos” por trás da publicação de um livro, várias pessoas que agregam seus talentos e realçam a experiência que a sua obra causa ao leitor.


Sobre o autor

Guilherme Henrique Vieira de Oliveira nasceu em Teresópolis, mas cresceu em Volta Redonda, no interior do Rio Janeiro. Formado em Sistemas de Informação, divide seu tempo entre códigos e escrever histórias. É autor de O Viajante do Tempo, um dos contos incluídos à coletânea do Prêmio OFF FLIP 2023. Agora ele lança seu livro de estreia "Fins & Feriados", que reúne cinco histórias baseadas em datas festivas. Dentre elas, a comédia romântica Nem sempre é para sempre, que foi vencedora do Prêmio Conto Inesquecível promovido pelo Amazon KDP. Garanta o seu exemplar de "Fins & Feriados", escrito por G. H. Oliveira, neste link.


sábado, 21 de dezembro de 2024

.: Entrevista com Délio Galvão: escritor analisa costumes em romance policial


Na entrevista abaixo, o escritor Délio Galvão comenta sobre a importância de refletir acerca das transformações sociais através da literatura. Foto: divulgação

Autor do romance "Selva de Pedra", o escritor Délio Galvão cresceu em um país bem diferente do que é hoje: na década de 1980, os brasileiros ainda viviam na ditadura militar, e muitos jovens tinham uma liberdade restrita. Assuntos sobre sexualidade eram tabus no lar, e as desigualdades raciais e de gênero eram naturalizadas no dia a dia. Esses contextos mudaram em vários sentidos, mas o autor decidiu utilizar a literatura para analisar as transformações ocorridas na sociedade e para refletir sobre tudo aquilo que permanece o mesmo.

Além de narrar as investigações sobre um crime que atravessa 20 anos no tempo, a obra endossada por Raphael Montes faz um retrato fidedigno do Leblon. As três décadas em que viveu no bairro foram cenários importantes na vida do autor, que comenta: “Saí do Leblon, mas o Leblon nunca saiu de mim. Praia, ruas, bares e restaurantes formam o cenário do livro, não por acaso. Eu conheço cores, cheiros e sabores do bairro com muita propriedade. Sei que consegui passar um pouco de tudo isso para este caldeirão, que é o 'Selva de Pedra'”. Compre o livro "Selva de Pedra", escrito por Délio Galvão, neste link.


Você já tem contos, crônicas e obras infantojuvenis publicadas e “Selva de Pedra” é o primeiro romance policial da sua carreira literária. O que o motivou a explorar esse novo gênero? Quais foram as diferenças que você sentiu durante o processo de escrita?
Délio Galvão - Suspense e mistério sempre estiveram presentes em todas as minhas obras. Adoro criar clima de suspense e tensão em tudo que escrevo. Por exemplo, a coleção infantojuvenil "O Diário das Fantásticas Viagens de Giovana" contém um mistério por trás da localização de cinco cristais mágicos que estavam desparecidos em algum lugar do Brasil. Além disso, criei um personagem com a habilidade de viajar no tempo, que só tem a identidade revelada ao final do quarto volume. Sempre adorei os romances policiais. Li diversos livros de Raymond Chandler, George Simenon, Leonardo Padura, Rubem Fonseca e Luis Alfredo Garcia-Roza. Este último eternizou o detetive Espinosa, que investigava crimes em Copacabana, e me motivou a criar o detetive Pessanha, que investiga crimes no Leblon. As diferenças entre os dois segmentos, juvenil e de adultos, são enormes. A adaptação do meu processo de escrita envolveu muito estudo, leitura e cursos com grandes escritores e profissionais da área. Dentre os quais eu destaco o curso que fiz com o Raphael Montes (“Escreva o seu Romance”). Cabe destacar que o Raphael Montes endossou o "Selva de Pedra", ao enviar uma frase que está publicada na contracapa do livro. O outro curso que destaco foi com o do diretor Jorge Furtado (“Roteiro: do Início ao Fim, Passando pelo Meio”). Foi um curso que me ajudou a montar narrativas rápidas e diretas, com cenas de ação e diálogos curtos.


A obra é ambientada no Leblon, um dos cartões postais do Rio de Janeiro. Qual sua relação com o bairro?
Délio Galvão - Eu nasci em Copacabana e me mudei para o Leblon quando tinha quatro anos. Vivi intensamente o bairro até os 24 anos. Ali nasceram meus três irmãos. Eu morava em um apartamento na Ataulfo de Paiva e estudava em Botafogo. Pegava um ônibus circular todos os dias para chegar à escola. Nesse mesmo apartamento, assisti à separação de meus pais. Dez anos depois, eu me formei em engenharia e me casei. Foi então que eu tive que me mudar. Saí do Leblon, mas o Leblon nunca saiu de mim. Praia, ruas, bares e restaurantes formam o cenário do livro, não por acaso. Eu conheço cores, cheiros e sabores do bairro com muita propriedade. Sei que consegui passar um pouco de tudo isso para este caldeirão que é o "Selva de Pedra".


Além de ter uma investigação sobre uma morte, o enredo também atravessa algumas complexidades das diferenças sociais do Brasil. De que maneira você inseriu esses temas na obra e as utilizou para dar mais profundidade à trama?
Délio Galvão - O romance é contado em dois tempos em um bairro de classe média alta, o Leblon. A primeira parte se passa no início da década de 1980, quando ainda vivíamos a ditadura militar. Acredito que a grande maioria dos jovens da época, assim como eu, foi criada com rígidos padrões de respeito e de restrita liberdade. O machismo, o racismo e o sexismo, entre outras desigualdades vindas de uma sociedade patriarcal, eram muito presentes dentro de casa e no dia a dia. Além de assuntos como sexo, drogas, orientação sexual serem vistos como tabus e pouco falados. Apesar disso, os jovens se mantinham em uma busca incessante por novidades e pelo desconhecido. A ambientação do livro retrata este momento, bem como a forma como estes assuntos são tratados nos dias de hoje.


O livro tem linhas do tempo distintas, com 20 anos de diferença. Que características os leitores notam entre o RJ de 1980 e o de 2000 a partir da obra? E como você pensou nas diferenças entre os próprios personagens?
Délio Galvão - As diferenças na geografia do bairro e na criação dos filhos, de 1980 para hoje, são muito grandes. Aliás, me assusta lembrar a forma como fomos criados. A sandália virada de bruços, em cima do colo da mãe, para aprendermos a tabuada ou para comermos as verduras do prato e tomarmos o remédio amargo. Azul para o quarto dos meninos e rosa para o das meninas. A forma como criamos nossos filhos hoje em dia é muito diferente. Principalmente as filhas, que venceram tabus e cada vez mais se apresentam em igualdade de condições com os homens. Deixaram para trás aquela mulher submissa que se apresentava como “do lar” ao ser perguntada sobre sua profissão para censo do IBGE. Estes aspectos são bem caracterizados na mudança de tempo por qual o livro passa, antes de ser desvendado o mistério por trás da morte de um jovem.


O que os leitores podem esperar durante a leitura do livro? E quais lições espera que eles extraiam?
Délio Galvão - Ganância, ciúmes, traição, crime e castigo, está tudo junto e misturado em Selva de Pedra. O leitor vai passear com os investigadores por ruas, bares e restaurantes do Leblon enquanto investigam a morte de um jovem. Responder as perguntas “quem morreu, quem matou e por que matou?” formam a linha condutora deste romance que irá surpreender o leitor com inúmeras reviravoltas, algumas mortes e muitas traições. Espero que gostem, que observem as diferenças de cultura e hábitos pelos quais passamos, o quanto melhoramos e de quanto ainda precisamos evoluir.

Sobre o autor
Délio Galvão
 começou a carreira literária aos 56 anos com a publicação da coleção de livros infantojuvenis "O Diário das Fantásticas Viagens de Giovana", publicada pela Editora Bambolê. Recebeu o prêmio Ases da Literatura de 2023 por "Crônicas para Casais Quase Modernos", sua primeira obra para público adulto. Possui diversas crônicas e contos publicados em antologias de diferentes editoras. Já havia publicado narrativas curtas de suspense e tramas policiais, mas "Selva de Pedra" é o primeiro romance do gênero do autor. Instagram do autor: @deliogalvao.escritor. Garanta o seu exemplar de “Selva de Pedra”, escrito pot Délio Galvão, neste link.

.: Entrevista com Israel Pinheiro: "O bom humor sempre amplifica o alcance"


Israel Pinheiro escreveu "3 Natais Recifenses" para focar em personagens que enfrentam momentos de grande dor e solidão durante um dos períodos de maior comemoração do ano. Com um debate sobre a desigualdade brasileira e a valorização da identidade cultural do país, ele comenta abaixo sobre os motivos que o levaram a lançar o livro. Foto: Marcio Amorim


O escritor Israel Pinheiro publicou "3 Natais Recifenses" para explorar, a partir de vivências tipicamente brasileiras, os sentimentos intensos que a época desperta: esperança e a satisfação dos reencontros, mas também a saudade e o luto. Por meio de uma linguagem bem-humorada, com desfechos leves e otimistas, os três contos que compõem o livro homenageiam a capacidade do povo brasileiro em ser resiliente mesmo diante das adversidades. Em entrevista, o premiado autor comentou sobre a importância de resgatar o espírito solidário nesta época de festas de fim de ano e destacou ainda o papel da literatura como catalizadora de pautas sociais, com debates sobre a desigualdade de classe e a valorização da identidade cultural do país.


O que o inspirou a explorar o tema do Natal em Recife e suas complexidades sociais? Existe alguma experiência pessoal ou memória que influenciou a escrita dessas histórias?
Israel Pinheiro - O Natal muitas vezes nos provoca sensações ambíguas. E Recife é uma cidade de muitas assimetrias e contradições sociais. A indiferença dos que estão à mesa das ceias opulentas com a sorte dos que estão à mesa frugal me incomoda bastante, e é por aí que eu começo.


A obra "3 Natais Recifenses" surgiu em meio à pandemia de Covid-19. Como esta experiência influenciou o seu processo criativo e os temas abordados na narrativa? Como questões sobre isolamento, medo e resiliência foram traduzidas nas tramas?
Israel Pinheiro - A minha perplexidade com o estado de coisas durante a pandemia de Covid-19 influenciou bastante. Então eu tentei refletir um pouco sobre que tipo de sociedade somos a partir das escolhas absurdas que fazíamos em meio a uma crise sanitárias de proporções impensáveis. Poder falar a um leitor isolado, compulsoriamente fora de sua grei, e de uma forma afetiva, me provou que o diálogo estético é sempre possível e, quase sempre, bem-vindo.


O livro apresenta um retrato da classe média e das contradições sociais e estruturais da região. Como você enxerga o papel da literatura em provocar reflexões sobre desigualdades sociais?
Israel Pinheiro - O livro transita por diferentes estratos da classe média. Acho que Recife é uma das poucas cidades do mundo onde existem classe média trabalhadora e classe média aristocrática. São realidades muitos distintas para caber numa mesma nomenclatura oficial. A classe média trabalhadora recifense vive no fio da navalha e tem consciência de que a total pauperização é sempre um risco. A literatura tem o dever marcar essas distinções de algum modo.


O humor e a crítica social são elementos marcantes em “3 Natais Recifenses”. Como você equilibra esses dois aspectos para transmitir mensagens mais profundas de forma leve?
Israel Pinheiro - Eu acho que o bom humor sempre amplifica o alcance de uma reflexão. Tudo que eu faço, procuro fazer com leveza e com alguma elegância. Gosto de pensar que meus contos são uma espécie de conversa amistosa com o leitor, ainda que coisas duras possam ser ditas numa conversa amistosa, o tom faz toda a diferença.


A cultura pernambucana permeia o livro, seja nos diálogos ou nas referências musicais e locais. Dentre os elementos culturais regionais quais você considera essenciais para capturar a essência da cidade durante o período natalino?
Israel Pinheiro - Esses elementos fluem naturalmente de mim, eu sou um pernambucano típico. É tudo muito orgânico. Não acho que a cidade tenha um símbolo natalino incontornável. Talvez o mais peculiar seja essa ausência de símbolos próprios.


O resgate do espírito solidário é um ponto chave da obra. Como você acredita que as tradições natalinas podem ajudar a reforçar conexões humanas e combater a sensação de isolamento?
Israel Pinheiro - Há algo no Natal que nos compele a amar. É o que eu sinto. É de longe a minha época preferida do ano.


Sobre o autor
Pernambucano, Israel Pinheiro estudou Letras na Universidade Federal de Pernambuco e é graduado em Gestão de Marketing. Sempre foi apaixonado por literatura e tem contos premiados em diversos concursos literários nacionais, entre eles Concurso Nacional de Contos da Universidade do Vale do Paraíba (SP), em 2002; Concurso Literário Sesc Santo Amaro (SP) em 2003; Concurso de Contos Luís Jardim – Prefeitura do Recife (PE), 2007; e Concurso Literário Associação Nacional de Escritores (ANE) - "50 Anos, Contos" (DF), em 2013. Na literatura, "3 Natais Recifenses" é a sua terceira publicação, que conta também com uma edição em língua espanhola. Instagram do autor: @pinheiroisrael.silva.

.: Entrevista com Sérgio Coelho, escritor: "Cheguei a me assustar com tal 'insight'"


Sérgio Coelho, escritor do livro de poesia "A Garota e o Armagedon", fala sobre suas referências e motivações por trás da obra


O que levou Sérgio Coelho a escrever o livro "A Garota e o Armagedom" foi um momento de bloqueio criativo. Insatisfeito com os rumos de um romance em que trabalhava, voltou-se para a poesia, que permitiu um processo criativo mais livre e imaginativo. Entre as várias possibilidades e referências que o guiaram, o movimento Surrealista, uma das vanguardas artísticas do início do século XX, acabou cruzando seu caminho.

Combinando mitologia, folclore, música e cinema, os poemas da obra exploram imaginação e fantasia em uma jornada literária insólita. Para fazer companhia, o leitor encontra personagens como bailarinas, soldados, feras, divindades e uma heroína envolvida por acaso em uma aventura apocalíptica. Compre o livro "A Garota e o Armagedom", de Sérgio Coelho, neste link. 


Uma das principais referências do livro é o movimento surrealista. Por que você escolheu essa corrente artística como fonte de inspiração?
Sérgio Coelho - Sei que vai parecer estranho, mas não escolhi. Procurava um tema que conectasse os poemas a ponto de conseguir um livro. Fiquei alguns dias pensando, e, de repente, veio à cabeça a palavra “surrealismo” como uma ideia. O que me veio como inspiração foi o estilo, não um tema.... ou melhor, o estilo virou o tema do livro! Cheguei a me assustar com tal “insight”, não sabia nada sobre o movimento Surrealista. Mas a ideia, estranhíssima, pareceu tão boa que fui estudar. Assim começou a aventura: fugi do mundo comum, tornei-me um “criativo herói surrealista”.


Além do surrealismo, é possível ver nos poemas elementos de mitologia e fantasia. Que outros artistas e obras te inspiraram a escrever os poemas do livro?
Sérgio Coelho - Livros, documentários, música pop, movimentos artísticos, mitologia, folclore brasileiro e até o "Apocalipse de João". Usei parte da cultura que consegui acumular ao longo do tempo para trabalhar nos textos. Na hora de escrever, chamava uma ideia que se tornasse um verso e que conseguisse puxar outro. A única regra era que o texto precisava parecer um sonho. Tive que abrir mão da autocrítica, num ato de coragem, para não emperrar a criatividade. Se precisasse de inspiração, eu ia ao YouTube e pesquisava até me sentir encorajado, pronto para escrever.


"A garota e o Armagedon" foi realizado em um momento de bloqueio criativo. Quais técnicas você usa para estimular a criatividade?
Sérgio Coelho - Queria escrever um livro em prosa, uma história com três atos. Mas abandonei os escritos e senti insatisfação e frustração com o resultado. Resolvi voltar aos versos, com os quais tive uma recompensadora experiência anterior. Não estou certo de qual técnica utilizei, mas usei a criatividade para voltar a ficar satisfeito e cumprir a promessa, feita a mim mesmo, de conseguir um livro. Com isso, mudei do verso para a prosa. O processo foi bem particular: criar sem autocensura.


Você já tem projetos literários planejados para o futuro?
Sérgio Coelho - Adoraria voltar a escrever. Tenho dois livros “na gaveta”, e um deles chegou a ganhar uma edição limitada, distribuída a título de curiosidade. O feedback foi bom, pois tratava-se de uma série de poemas com uma personagem feminina: vilã e heroína. Dependendo do que acontecer com a “Garota”, a “Vilã” entra em cena.

Sobre o autor
Formado em Ciências Sociais, Sérgio Coelho é bancário e morador de Belo Horizonte. Curioso por movimentos artísticos, há anos é instigado por questionamentos sobre o sentido da vida e a ordem das coisas. Ainda sem respostas, segue transformando dúvidas em versos e imagens sobre a alma. Mesmo sendo muitas as profundezas que experimenta ao longo da vida, a cada mergulho, a volta à superfície é mais recompensadora. Garanta o seu exemplar de "A Garota e o Armagedom", escrito por Sérgio Coelho, neste link.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

.: Entrevista: Luiza Conde explora tempo e morte pelo fantástico e terror em livro


Rituais longínquos, maldições pregadas na parede e amigos monstruosos. Um ônibus para lugar nenhum, um metrô infinito e uma coleção sanguínea. Esses são cenários que atravessam “Relógios Partidos”, o primeiro livro da roteirista carioca Luiza Conde, lançado pela editora Litteralux. Com uma carreira profícua no roteiro, Luiza agora se lança na literatura fantástica com 12 contos sobre o tempo e os principais medos que acometem a humanidade: envelhecer, ficar só, errar, escolher, morrer, viver.  Dividido em três partes que remetem ao passado (“Tempos que Foram”), presente (“Tempos que São”) e futuro (“Tempos que Podem Ser”), o livro é influenciado pelas obras de autoras que conversam com o insólito e o terror, como Mariana Enriquez, Lygia Fagundes Telles, Silvina Ocampo e Socorro Acioli.  A obra tem texto de orelha assinado pelo escritor e pesquisador Leonardo Villa-Forte.

Nascida no Rio de Janeiro em 1989, Luiza é formada em Letras — Português e Russo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e trabalhou no mercado editorial por dez anos. Entre os autores que inspiram sua escrita, a autora vai de clássicos, passando pela ficção científica e o realismo mágico latino-americano, citando Machado de Assis, Jorge Luis Borges, William Faulkner, Sylvia Plath, Clarice Lispector, Adolfo Bioy Casares, Ursula K. Le Guin e Isaac Asimov.

Luiza trocou o mercado editorial pelo audiovisual aos 27 anos, área em que atua até hoje. Como roteirista, trabalhou nas séries “Sem Filtro” (Netflix), “Vai que Cola” (Multishow) e “Detetives do Prédio Azul” (Gloob), e é coautora do longa “Jogada Ensaiada” (Vitrine Filmes), vencedor do Prêmio Cabíria na categoria Argumento de longa infanto juvenil em 2021. 

O futuro de Luiza Conde está cheio de estreias. Ela também pretende começar a escrever seu primeiro romance, “A Hóspede”, em breve, além de lançar uma nova coletânea de contos fantásticos, dessa vez com a temática dos labirintos. Em 2025, estreia a primeira peça que assina como dramaturga, “Memórias da Superfície”, uma sátira sobre influenciadores e a nossa relação com redes sociais. Compre o livro "Relógios Partidos", de Luiza Conde, neste link.


Por que escolher tempo e morte como temas a se trabalhar em um livro?
Luiza Conde - O tempo sempre foi uma ideia fascinante para mim, desde pequena. Sempre amei histórias de viagem no tempo, com as suas intrincadas regras de funcionamento e os seus paradoxos. Lembro de ler sobre o paradoxo dos gêmeos quando era bem pequena e ficar totalmente ensimesmada com a ideia de que o tempo é mutável, moldável. Eu gosto da ideia do tempo como essa entidade que existe e não existe simultaneamente, como algo que sentimos e vivenciamos, mas que da mesma maneira criamos ao inventar as medidas de tempo e as convenções para a sua passagem. Acho incrível que consigamos dar formas ao futuro, algo que ainda não existe. E que tenhamos um passado coletivo compartilhado que nos impacta mesmo que não o tenhamos vivido. Acho difícil também lidar com o tempo, tenho dificuldade de administrá-lo e de precisar quanto cada coisa vai levar. Também por isso, escrevo sobre o tempo, para ver se faço mais sentido da coisa. Já a morte se apresentou como tema balizador do livro mais por circunstâncias de vida. Sempre gostei tanto de escrever quanto de ler e assistir histórias violentas, e, portanto, a morte sempre foi temática da minha literatura. Mas acredito que só se tornou um elemento tão estrutural do livro por ter começado a escrevê-lo pouco depois de perder meu pai e, ainda durante o processo de escrita, ter perdido minha mãe também. Assim, os anos de escrita do livro foram de perda e luto, e não havia como esses temas não transbordarem para a obra de uma forma ou de outra.


Como foi o processo de escrita de "Relógios Partidos"?
Luiza Conde - A minha literatura sempre foi mais densa, como em "Relógios Partidos". Curiosamente, desde que me tornei roteirista, aos 27 anos, só fui chamada para escrever comédias, como o meu currículo indica. Sou grata ao roteiro por ter revelado esse talento para a comédia que eu não sabia que tinha e que não teria descoberto de outra forma. Sinto que incorporei um humor sombrio à minha literatura por conta dessa descoberta, inclusive. No entanto, em algum momento começou a pesar o fato de só escrever comédias (e o mesmo tipo de comédia) no roteiro. Retomei a escrita da literatura aos 30 anos por necessidade de dar vazão a coisas que queria escrever que não tinham espaço no roteiro. Aos 31, em meados de 2021, uma amiga me indicou a oficina "Casulo", do Leonardo Villa-Forte, escritor e pesquisador. Era uma oficina de leitura e escrita de contos. Toda semana, nós líamos alguns contos e o Leonardo passava uma proposta de exercício em cima deles, e na semana seguinte líamos os contos que tínhamos escrito. Assim, eu fui escrevendo um conto por semana, e fui gostando do resultado. Ao final do ano, a oficina se encerrou e eu me dei conta de que já tinha um número bem considerável de contos escritos. Foi daí que surgiu a ideia de "Relógios Partidos". O processo de escrita não foi fácil, como disse foram anos de perdas muito duras, lutos e transformação. Também estava em salas de roteiro durante 2022 e 2023. Por conta disso tudo, não pude me dedicar com a constância que gostaria ao livro. Passei 2022 e a primeira metade de 2023 o escrevendo, reescrevendo, revisando. Em agosto de 2023, finalmente consegui terminá-lo.


Em sua análise, quais as principais mensagens que podem ser transmitidas pelo livro?
Luiza Conde - Acho que o livro traz uma mensagem de não conformismo. Tanto de um ponto de vista individual, de romper com os papéis que somos obrigados a performar socialmente, com o que é esperado de nós; quanto coletivamente de ruptura com o status quo. Afinal, não é porque “as coisas são assim” que está tudo bem. As consequências da conformidade em nossa sociedade podem ser (e são) terríveis, o que também é explorado em alguns contos do livro. Acho também que, embora não seja exatamente uma mensagem do livro, ele sustenta algo que me é muito caro artisticamente: a ideia de que a arte deve causar algum tipo de incômodo, de desconforto, de deslocamento, porque isso gera reflexão e investigação.


O que esse livro e a escrita dele representam para você?
Luiza Conde - Para mim, é ao mesmo tempo a concretização de um grande sonho e o início de uma trajetória. Entendo agora que quero construir uma carreira como escritora e dramaturga, e "Relógios Partidos", para mim, é o ponto inicial desse caminho. A escrita do livro foi minha companheira durante esse momento pessoal delicado de luto, ao mesmo tempo em que o mercado de roteiro vem enfrentando um período complicado nesses anos pós-pandemia. Entendi não só a vontade, como a necessidade de diversificar meus caminhos profissionais, o que também fez crescer em mim um desejo antigo de retomar e aprofundar os estudos acadêmicos, outro caminho que pretendo começar a trilhar em breve. Isso tudo foi se dando durante o processo de escrita e publicação do livro, foi um período de investigação e transformações profundas mesmo.


Como a sua bagagem profissional como roteirista ajudou na construção da obra?
Luiza Conde - Embora esse seja o meu primeiro livro, considero que os anos de carreira como roteirista ajudaram bastante, especialmente no que diz respeito a uma constância, velocidade e experiência de escrita, principalmente no sentido de saber com mais facilidade o que funciona e o que não.


Por que a escolha dos gêneros conto e literatura fantástica para a escrita de "Relógios Partidos"?
Luiza Conde - Sempre escrevi contos, desde novinha. Já a literatura fantástica surgiu depois. Ali pelos 15, 16 anos meu pai me apresentou o Borges, e daí eu fui conhecer também o Cortázar, o Bioy Casares, a Ocampo... O Horacio Quiroga e a Lygia Fagundes Telles foram meu primeiro contato com contos de terror, e mais tarde eu viria a descobrir também a ficção científica. São gêneros que me fascinam, principalmente o realismo fantástico latino-americano, por ser uma expressão que eu considero bastante afinada com a nossa cultura, tradições e realidade. Assim é que, quando retomei a escrita de literatura aos 30, entendi que o que mais me interessava escrever era literatura fantástica e de gênero.


Como você definiria seu estilo de escrita? 
Luiza Conde - O Leonardo Villa-Forte disse na leitura crítica dele que a minha literatura se equilibra entre a brutalidade e a doçura. Acho que é uma ótima definição. Gosto de arte que incomoda e, por esse motivo, provoca reflexão, um olhar para dentro, uma reação. Não gosto da ideia de arte morna, sem alma. Também me interessa bastante a literatura de gênero, e é o que eu gosto de fazer: literatura fantástica, de terror, ficção científica. 


Que tipo de estrutura você adotou ao escrever a obra?
Luiza Conde - Inicialmente, não adotei estrutura nenhuma, no sentido de que sabia que seria uma coletânea de contos fantásticos, mas só isso. Fui juntando contos que me agradavam num mesmo documento para ter uma noção mais precisa de quantas páginas eu já tinha. Mas com isso fui percebendo que alguns contos conversavam entre si e tinham uma forma parecida. Foi assim que cheguei à ideia macro do livro como uma viagem no tempo e da divisão das 3 partes: passado, presente e possibilidades de futuro. A partir daí, organizei os contos que já tinha nas 3 partes, cortei alguns que não cabiam na proposta e aí sim passei a escrever de acordo com o que ainda precisava e com a proposta de linguagem de cada parte também.


Desde quando você escreve? 
Luiza Conde - Comecei a escrever bem novinha. Sempre adorei ler, e já pequena veio essa vontade de contar as histórias que surgiam na minha cabeça.


Como nasceu sua relação com a literatura?
Luiza Conde - Escrevi meu primeiro livrinho aos nove anos. Mas foi com 13, depois de ler "Crime e Castigo", que a ideia de ser escritora de fato surgiu. O livro teve um impacto enorme em mim, e para mim pareceu mágica a possibilidade de poder despertar tantos sentimentos com palavras no papel. Escrevi dos 13 até os 19 ou 20 (sempre contos), quando decidi deixar esse sonho para trás (o jovem sempre acha que está velho demais para alguma coisa). Aos 24, no entanto, eu (que também sempre fui apaixonada por cinema e TV) tive a ideia de me tornar roteirista. Aos 27 comecei na carreira. Aos 30 retomei a escrita de literatura. Aos 31, comecei a escrever "Relógios Partidos".


Tem alguma meta diária de escrita?
Luiza Conde - Tem dias em que não escrevo nada e dias em que escrevo madrugada adentro sem parar. Sou uma escritora meio caótica, não tenho uma frequência e horário pré-definidos. Também não costumo escrever a esmo. Escrevo de acordo com o projeto que estou desenvolvendo no momento. É o que me motiva e engaja. As demandas profissionais também fazem com que a escrita autoral aconteça quando dá, no ritmo em que é possível.



quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

.: Entrevista: Cássio Gabus Mendes comemora o retorno da novela "Tieta"


Em entrevista, ator relembra gravações e comenta sobre a importância da novela em sua vida. Foto: Globo/ Divulgação


"Tieta", uma das novelas mais assistidas da história da televisão brasileira vem fazendo sucesso TV Globo, no "Vale a Pena Ver de Novo". Livremente inspirada no romance "Tieta do Agreste", de Jorge Amado, a obra de Aguinaldo SilvaAna Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares cativou o público com seu humor irreverente, personagens e atuações inesquecíveis há 35 anos e segue viva no coração dos brasileiros. Cássio Gabus Mendes, que viveu um dos personagens mais importantes de sua carreira na novela, Ricardo, comemora a nova exibição da novela. “É importante uma reprise como essa. Uma obra-prima de Jorge Amado, adaptada com excelência e muito, muito talento pelo Aguinaldo Silva. É uma oportunidade de as novas gerações terem acesso”, comenta.

Na trama, Ricardo é filho de Perpétua (Joana Fomm) e irmão de Peto (Danton Mello). Jovem tímido, buscava viver uma juventude tranquila, mas como foi prometido aos céus por sua mãe, faz o possível para não a frustrar, seguindo então uma trajetória como seminarista. Por seu compromisso religioso, tenta não cair em tentação e procura se manter distante das mulheres. Ao mesmo tempo, é romântico, um leitor de clássicos, ligado em grandes amores. Em determinado momento da trama, seduzido, dá uma guinada na vida, deixando vir à tona o grande amante que é. Na entrevista abaixo, Cássio Gabus Mendes relembra um pouco mais sobre o trabalho em "Tieta". 


Qual foi a sensação ao saber que "Tieta" voltaria ao ar no "Vale a Pena Ver de Novo"?
Cássio Gabus Mendes - 
Foi uma sensação muito boa. É importante uma reprise como essa. Uma obra-prima de Jorge Amado, adaptada com excelência e muito, muito talento pelo Aguinaldo Silva. É uma oportunidade de as novas gerações terem acesso. Sei que hoje em dia temos o Globoplay, o Viva, e que a novela foi disponibilizada em ambos há um tempo, mas muitas pessoas não têm acesso às plataformas de streaming e canais pagos, por isso a TV aberta é sempre diferente, ela possibilita esse alcance. Quem já viu, vai poder rever, e quem ainda não assistiu, poderá conhecer agora esse primor de novela. Eu realmente acho que "Tieta" é uma das melhores novelas para se assistir, e com certeza uma das melhores que eu tive o privilégio de fazer.


Qual é a importância do Ricardo para a sua trajetória profissional?
Cássio Gabus Mendes - 
"Tieta" foi uma das novelas mais importantes que eu fiz. Tive o privilégio de ter sido convidado para participar e interpretar o Ricardo, um dos protagonistas, que é um personagem cheio de conflitos e atritos, o que foi muito valioso para mim. O Aguinaldo estruturou magnificamente a obra de Jorge Amado para a televisão, a história de todos os núcleos é muito rica. É uma novela que eu sempre gostei muito de ter feito, de assistir, é um prazer muito grande.


Você se recorda da sequência mais desafiadora que fez na novela?
Cássio Gabus Mendes - 
Eu começo a recordar com mais facilidade quando volto a rever o trabalho, o que eu vou tentar fazer agora com a reprise. Apesar de ser um prazer enorme fazer novela, o dia a dia de gravações é bastante trabalhoso. Todos os atores que fazem esse formato sabem como é. Mas um exemplo que eu lembro foram as sequências que tivemos que gravar nas dunas. Foram takes complicados. Assim como as cenas andando a cavalo, por conta do meu receio pessoal. Eu acho um animal lindo, maravilhoso, só tenho um pouco de receio. Mas não foi uma questão.


E quais são os seus próximos projetos?
Cássio Gabus Mendes - 
Estou voltando a fazer teatro agora. Fui convidado para a peça "Uma Ideia Brilhante" e os ensaios começam nos próximos dias. É uma comédia francesa, de Sébastien Castro, que atualmente está em cartaz em Paris e esse ano ganhou dois prêmios Molières, é um sucesso por lá. A peça vai ser dirigida por Alexandre Heineck, com produção do Sandro Chaim e no elenco também estão a Zezeh Barbosa, Suzy Rêgo e Ary França. Estreia no final de janeiro, no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo.

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